As Notas da Anncol
Na edição de domingo, 10 de agosto de 2008, o programa Noticias Uno nos surpreendeu com as imagens do juiz Baltazár Garzón de férias na Colômbia, mais exatamente na ilha de Barú. É estranho, pois o juiz que preside a ação do governo colombiano contra a cidadã espanhola, Remedios García Albert, entra de férias e e vai gozá-las justamente no país cujo governo é uma das partes de um processo sob sua responsabilidade.
Por Juan Carlos Vallejo *
Baltazar Garzón incorre em conflito de interesses
Na edição de domingo, 10 de agosto de 2008, o programa Noticias Uno nos surpreendeu com as imagens do juiz Baltazár Garzón de férias na Colômbia, mais exatamente na ilha de Barú.
Confira aqui:
http://noticiasuno.com/emisiones/domingo.html
Mesmo que a nota do telejornal estivesse na seção “Top Secret”, que se interessa nas estrelas de farândola – categoria em que se insere perfeitamente o “juiz-estrela” Garzón -, é notável que um juiz que está analisando o caso do governo colombiano contra a cidadã espanhola, Remedios García Albert, ao entrar de férias procure precisamente o país que é parte nesse processo.
Mas esta grave falta à ética e imparcialidade que deve ter todo magistrado não para aqui. Como se não bastasse, o juiz se hospedou na ilha de Barú, onde a oligarquia colombiana, principal interessada em calar todas vozes oposicionistas ao regime narcodemocrático instaurado, apropriou-se a sangue e fogo das terras dos nativos, como denunciou no momento certo o portal Indymedia (28 de maio de 2005) e que, como conseqüência, causou o assassinato da advogada que defendia os interesses dos nativos de Barú, assassinada junto com seu filho. Crime que está impune e que tem como principais suspeitos os influentes consórcios hoteleiros e “proprietários” das luxuosas residências da ilha. Confira aqui:
http://colombia.indymedia.org/news/2005/05/26470_comment.php
Estou seguro de que o juiz Garzón não estava antecipando nenhuma investigação sobre a morte da advogada, Mauricia Lafont Espriella, nem de seu filho, Carlos Enrique Gómez; também não averiguava como os “investidores” e famílias poderosas da Colômbia se apoderaram de Barú. Daí pergunto: Então por que o juiz tinha que escolher precisamente a Colômbia como destino para suas férias? E mais, exatamente no lugar onde, segundo a revista Semana, citada por Indymedia, “o presidente Alvaro Uribe se orgulhou do maior projeto turístico do país”?
Um político sensato
Ron Paul foi pré-candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano. Não teve muitos colaboradores, o que era normal, mas ganhou admiradores de outras correntes porque tinha algo que falta a muitos políticos: É sincero e sensato.
Numa aberta oposição ao Congresso dos Estados Unidos, que proferiu uma Resolução contra a China pela situação dos direitos humanos, Ron Paul qualificou a medida como “hipócrita”.
"Expresso minha oposição a esta resolução, que constitui outra condenação sem sentido e provocadora à China. Trata-se do tipo de patriotada que conduziu a uma opinião muito negativa dos Estados Unidos no exterior. Em vez de abordar estas e dezenas de outros assuntos prementes sobre os quais temos jurisdição, preferimos gastar nosso tempo criticando um governo estrangeiro sobre o qual não temos autoridade e sobre política interna estrangeira sobre a qual temos informação pouco precisa”.
Paul considerou “irônico” que na Resolução se exigisse da China iniciar conversações imediatas com o Dalai Lama ou seus representantes.
"Em lugar de repreender à China, onde sem dúvida há problemas como em toda parte, sugiro que coloquemos nossa atenção nas ameaças muito reais nos Estados Unidos, onde nossas liberdades civis e direitos humanos são atacados de forma sistemática", afirmou, referindo-se tacitamente ao governo de seu partido.
O despertar do urso russo
A reação russa ao ataque calculado da Geórgia à Ossétia do Sul foi perfeitamente entendida pela intelectualidade internacional, apesar da imediata reação manipuladora desses feitos por parte da imprensa ocidental, a União Européia e as organizações “humanitárias” como a ONU e a Cruz Vermelha, que só se pronunciaram quando a Rússia respondeu de forma efetiva ao fantoche Mikheil Saakashvili, mas se calaram nas primeiras horas do ataque georgiano contra a pequena população de Ossétia.
Os pronunciamentos de Mikhail Gorbachev e Eduard Shevardnadze, reconhecidos pró-ocidentais e responsáveis pela “queda do comunismo”, deixaram mais uma vez em evidência a errática política externa de George Bush. Política que é seguida por várias marionetes na Colômbia (onde o narcopresidente Uribe não teve cerimônia para violar a soberania da Venezuela e do Equador), Peru, República Tcheca, Polônia, Afeganistão e Iraque, para citar só alguns exemplos.
Foi Cuba, tão digna como sempre, a primeira a dar seu apoio à ação russa e denunciar a arrogância do imperialismo que havia passado dos limites para colocar contra a parede o governo de Dimitri Medvédev.
Aqui mostraram-se as presunções do império e seu mascote, Saakashvili. A resposta russa foi uma advertência clara de até onde pode ir a paciência. Ela seguramente chegará ao limite novamente quando Irã e China chegarem ao seu momento histórico.
Orlando Fals Borda
Expresso minhas sinceras condolências à família do professor Fals Borda, a seus ex-alunos, entre os quais tenho vários bons amigos, e a seus colegas do Pólo Democrático Alternativo. Quando mais a Colômbia necessitava se foram Eduardo Umaña Luna e Orlando Fals Borda.
Feliz aniversário, FIDEL!
Aí está você, farol luminoso, consciência da América Latina. Tão vivo, tão lúcido como ninguém mais. Que bom que você está aí, Fidel!
Feliz aniversário!
* Escritor e analista político internacional