"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Chile: A direita reconquista La Moneda com Sebastián Piñera



Mario Amorós
Fonte: Rebelião


O bilionário empresário Sebastián Piñera, candidato da direitista Coalizão para a Mudança, converteu-se ontem no presidente eleito do Chile ao derrotar, no segundo turno, a Eduardo Frei, o candidato da Coalizão de Partidos pela Democracia, por 51,61% dos votos contra 48,38%.

Em 11 de março a presidente Michelle Bachelet passará a faixa presidencial para Piñera, um empresário bilionário, amigo intimo de José María Aznar, que o visitou no Chile em setembro e chamou de "transcendentais" as eleições que ocorrem quando a maioria dos países da América do Sul têm governos progressistas ou revolucionárias. Como se fosse pouco, Piñera também é um admirador do presidente colombiano, Álvaro Uribe, a quem prestou homenagem em Julho de 2008 e de cuja política genocida de "segurança democrática" se considera admirador. E entre aqueles que o acompanharam nos últimos dias de campanha encontra-se o escritor Mario Vargas Llosa.

A vitória de Piñera significa um enorme retrocesso em um país que ainda não concluiu a transição. Com Piñera em La Moneda, a Constituição de 1980 (imposta por Pinochet) continuará vigente e não será reformada; o movimento operário continuará a sofrer com o Código do Trabalho pinochetista (imposto em 1980 pelo ministro do Trabalho, José Piñera, irmão do presidente eleito), que dificulta o direito de greve e impede a negociação de acordos coletivos; os cerca de 800 repressores da ditadura atualmente processados terão garantias de impunidade; a empresa estatal do cobre (Codelco) provavelmente será privatizada, pelo menos em parte; um milhão de chilenos residentes no estrangeiro não ganhará o direito de voto; a lei eleitoral binomial não será reformada; o povo mapuche continuará a ser massacrado na Araucanía (região onde, de fato, ontem Piñera conquistou 57,51% dos votos); e, finalmente, os grandes capitais continuarão a acumular riqueza num dos país do mundo onde o abismo entre as classes sociais é mais acentuado.

Entre as incógnitas que abrtas com o novo cenário encontra-se o futuro da Concertação, uma coalizão que reúne democrata-cristãos, socialistas, liberais e radicais. No discurso em que reconhece a derrota, ontem à noite, Frei e outros dirigentes deram a entender que a coligação que governa o país desde 1990, permanecerá unida. No entanto, na última década essa coalizão permaneceu unida, principalmente, pelo interesse em manter o poder, as vantagens que isso implica e, no primeiro turno em 13 de Dezembro, um deputado oriundo das fileiras do Partido Socialista, Marco Enriquez-Ominami, foi capaz de obter 20% dos votos. O desgosto com a Concertação, diante das mesmas caras que têm monopolizado a cena política do país durante vinte anos, foi maior do que a memória de uma ditadura em que a direita deu seu apoio a Pinochet, cooperou com seu projeto político e econômico e ignorou as gravíssimas violações dos direitos humanos.

No novo cenário as forças de esquerda e o movimento popular chileno terão uma responsabilidade especial, tenham ou não votado em Frei ontem. Diante do horizonte de quatro anos de governo da direita, provavelmente com um papel relevante do partido pinochetista União Democrática Independente (UDI), a necessidade de uma confluência de todas as forças políticas e sociais que defendem uma alternativa ao neoliberalismo, que a partir de março voltará à sua máxima expressão, é mais necessária do que nunca.