"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 22 de maio de 2010

O IMPÉRIO MANDA, AS COLÔNIAS OBEDECEM

Após a Segunda Guerra Mundial, quando as forças aliadas foram vitoriosas, o governo dos EUA tentou obter o máximo partido da sua vitória militar. Articulou a Assembléia das Nações Unidas dirigida por um Conselho de Segurança, composto pelos sete países mais poderosos, com poder de veto sobre as decisões dos outros

Por: Frei Betto *, João Pedro Stédile **

Fonte: http://questiondigital.com/?p=4487


Impuseram o dólar como moeda internacional, submeteu a Europa a um plano de subordinação econômica conhecido como Plano Marshall, e instalou mais de 300 bases militares na Europa e na Ásia, cujos governos e meios de comunicação de massas jamais aumentam o tom de voz contra essa flagrante intervenção.

O mundo inteiro não se ajoelhou perante a Casa Branca porque existia a União Soviética para equilibrar a correlação de forças. Contra esta última, os EUA estabeleceram uma guerra sem limites, até derrotá-la política, militar e ideologicamente.

A partir dos anos 90, o mundo ficou sob a hegemonia total do governo e da capital dos EUA, que começou a impor suas decisões a todos os governos e povos, que passaram a ser tratados como vassalos coloniais.

Quando tudo parecia estar calmo no império global, dominado pelo Tio Sam, eis que começam a surgir resistências. Na América Latina, além de Cuba, outras nações elegem governos antiimperialistas. No Oriente Médio, os EUA tiveram que recorrer a invasões militares, a fim de manter o controle sobre o petróleo, sacrificando milhares de vidas de afegãos, iraquianos, palestinos e paquistaneses.

Neste contexto, surgiu no Irã um governo determinado a não se submeter aos interesses dos EUA. Dentro de sua política de desenvolvimento nacional, constrói usinas nucleares e isso é intolerável para o Império.

A Casa Branca não aceita a democracia entre os povos, que significa que todos os países têm direitos iguais. Não aceita a soberania nacional de outros povos. Não admite que cada povo e seus governos controlem seus recursos naturais.

Os EUA transferiram tecnologia nuclear para o Paquistão e Israel, que atualmente possuem a bomba atômica. Mas não toleram o acesso do Irã à tecnologia nuclear, mesmo para fins pacíficos. Por quê? De onde emanam tais poderes imperiais? De alguma convenção internacional? Não, apenas da sua prepotência militar.

Em Israel, há mais de vinte anos, Moshai Vanunu, que trabalhou na usina nuclear, preocupado com a insegurança que ela representa para toda a região, denunciou que o governo israelense já possuía a bomba. Resultado: ele foi sequestrado e condenado à prisão perpétua, depois diminuída para 20 anos, após grande pressão internacional. Até hoje ele vive em prisão domiciliar, proibido de entrar em contato com qualquer estrangeiro.

Somos todos contra a corrida armamentista e as bases militares estrangeiras em nossos países. Somos contra a utilização da energia nuclear, devido aos altos riscos e ao uso abusivo de vastos recursos econômicos com gastos militares.

O governo iraniano ousa defender sua soberania. O governo dos USA não invadiu militarmente o Irã, somente porque este tem 60 milhões de habitantes, é uma potência do petróleo e tem um governo nacionalista. As condições são muito diferentes do atoleiro chamado Iraque.

Felizmente, a diplomacia brasileira e de outros governos estão envolvidos na corrida. Esperamos que sejam respeitados os direitos do Irã, como os de qualquer outro país, sem ameaças militares.

Resta-nos advogar para que aumentem as campanhas, em todo o mundo, pelo desarmamento militar e nuclear. Quanto antes sejam destinados os recursos destinados a gastos militares para solucionar problemas como a fome, que afeta a mais de um bilhão de pessoas.

Os movimentos sociais, ambientalistas, igrejas e organizações internacionais se reuniram recentemente em Cochabamba, Bolívia, numa conferência ambiental mundial, convocada pelo presidente Evo Morales. Foi decidido elaborar um plebiscito global em abril de 2011. As pessoas vão ser convidadas a refletir e votar se concordam com a existência de bases militares estrangeiras em seus países; com os gastos militares excessivos e com o fato de que os países do Hemisfério Sul continuam a pagar a conta dos danos ambientais praticados pelas indústrias poluentes do Hemisfério Norte.

A luta será longa, mas nesta semana pudemos comemorar uma pequena vitória antiimperialista.



* Teólogo e escritor brasileiro;
**Integrante da direção da Via Campesina e do MST do Brasil