"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 24 de julho de 2012

Diretor de ANNCOL: “Minha saída da Colômbia obedeceu a essa perseguição asfixiante das forças militares y sicários no norte do Cauca”

Por  ANNCOL

 Joaquín Pérez, ex-vereador da União Patriótica em dois períodos no município de Corinto, do departamento [estado] do Cauca. São centenas de vereadores, prefeitos e congressistas da UP que foram assassinados pelo Terrorismo de Estado que não permitiu a então nova alternativa política ao bipartidarismo que ganhava terreno em todo o país.

“Minha saída da Colômbia obedeceu a essa perseguição asfixiante das forças militares e sicários no norte do Cauca”.

Entrevista com Joaquín Pérez Becerra, diretor de ANNCOL, encarcerado no cárcere Picota.

A seguinte entrevista é realizada por ATHEMAY STERLING ACOSTA, diretor da Rádio e Televisão Palenque, RTVPalenque, do estado do Valle.

1 – RTVPalenque: Companheiro Joaquín, por que razões você teve que se deslocar da Colômbia para a Suécia há 21 anos?

·         Foi no ano de 1993, ou seja, há 19 longos anos. Em 1995, num ato na Plaza de Bolívar, convidado pela UP expressei meu rechaço ao extermínio desta organização política nascida dos acordos de La Uribe do ano 1984 e, também, uma saudação dos exilados radicados na Suécia – recordo que nos degraus desse lugar estavam situadas, simbolicamente, centenas de cruzes. Desde esse ano – 1995 – não tenho pisado território colombiano. Minha saída da Colômbia obedeceu a essa perseguição asfixiante das forças militares e sicários no norte do Cauca. Como vereador da União Patriótica nos períodos de 88-90, 90-92 e deputado neste último período também, só esse motivo significava carregar uma lápide nas costas, a intolerância política do regime oligárquico desse período impediu ter-nos poupado milhares de mortos, milhares de desaparecidos, milhares de deslocados e desterrados ao exterior. Desafortunadamente, nada mudou, Santos continua na mesma direção “chumbo e mais chumbo”.

2 – RTVPalenque: Que era você na Colômbia antes de converter-se em Refugiado e Nacional nesse País Escandinavo?

·         Egresso como graduado da Escola Naval de Cadetes/Cartagena e depois, em fins da década dos 80’ estudante de engenharia industrial com título da CUAO de Cali. Membro do Partido Comunista Colombiano em inícios de 1983 e, evidentemente, da UP quando o partido faz parte dessa coalizão histórica, chegando a ser vereador e deputado no Cauca por eleição popular.

3 – RTVPalenque: Que fazia e como vivia na Suécia?

·         No início, a pessoa deve estudar o idioma para poder se vincular à sociedade sueca, enquanto estuda recebe um salário do estado para sobreviver. Ou seja, passa pela escola municipal em estudo do sueco e outras matérias, entre elas, manejo de computadores. Logo após, Cooperativismo e uma tecnológica em IT na Runö Folkhögskola, instituição da social-democracia sueca. Gradualmente, comecei a trabalhar em geriatria – manejo de anciãos e incapacitados. Já em 2005, me dediquei plenamente a esta atividade laboral, e em meus momentos livres a seguir detidamente o conflito colombiano e a escrever artigos, notas e demais textos na agência ANNCOL.

4 – RTVP: Como cidadão Sueco e, ademais, Comunitário, foi alguma vez requerido pela justiça dos Países Comunitários?

·         Para nada, em absoluto. Sempre me movi na legalidade constitucional da Suécia. Tenho vigentes todos os meus direitos, portanto, isso dá fé de que sou um cidadão de bem. Meu passaporte e cédula em regra com meu nome: Joaquín Pérez Becerra. No escritório de impostos em dias com minhas obrigações tributárias.

5 – RTVP: Em Caracas, quem o deteve e que razões jurídicas argumentaram para privá-lo de sua Liberdade?

·         Não recordo o nome do general que dirigiu essa operação, sim que era requerido pela Interpol e que, portanto, ficava privado da liberdade.

A solidariedade australiana exige LIBERDADE PARA JOAQUÍN!

6 – RTVP: Como se levou a cabo sua deportação ou extradição da Venezuela para a Colômbia?

·         Enganosamente me deportaram para não enredar-se na “incômoda extradição” por sugestão de Vargas Lleras. Me montaram num carro da SEBIN [Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional] – se não me falha a memória – e pela rota que levava me dei conta que me entregavam ao governo colombiano.

Vergonhoso incidente para um governo bolivariano.

7 – RTVP: Como Diretor da Agência de Notícias Nova Colômbia, atuava pública e legalmente na Suécia?

·         O uso da internet está imerso na livre expressão liberdade de imprensa e liberdade para informar. É uma ferramenta de fácil acesso para qualquer pessoa, empresa, banco ou qualquer organização social no mundo. Por isso decidimos, Dick Emanuelsson e eu, constituir a Agência de Notícias Nova Colômbia [por suas siglas em espanhol, ANNCOL]. Os dois foram também co-fundadores da Associação Jaime Pardo Leal, núcleo de exilados da UP e do Partido Comunista Colombiano fundamentalmente.

8 – RTVP: A você, que o conheci desde que era quase um menino, logo após militante comigo do Partido Comunista Colombiano e da União Patriótica, dos quais foi Vereador Municipal no marco de nossa Constituição Política, crê que lhe estejam cobrando com retroatividade, mediante montagens judiciais, estas atividades políticas legais suas e de toda a Oposição Política ao Regime de Democracia Limitada na Colômbia?

·         Correto. Uma conta de cobrança dos donos do poder. Acrescente-se o êxito alcançado pelo nosso trabalho na agência ANNCOL, milhares de leitores nos consultam diariamente. Quem pode afirmar que o publicado na ANNCOL era e é falso? Ninguém, em absoluto. A ira do estabelecimento é que fomos líderes em abordar o conflito desde uma margem racional – impossível de tocar, diziam alguns – o tema da guerrilha parte e solução do conflito social e armado. Fomos capazes de mostrar ao mundo essa outra realidade e, ainda mais, rachar o muro midiático no qual ainda se mantém na Colômbia, desafortunadamente.

Solidariedade desde Venezuela com Joaquín Pérez.

9 – RTVP: Em que consistem estas montagens que vêm alguns, desde a própria Embaixada Colombiana na Suécia, quando o Governo Colombiano, de maneira ilegal, espia não só aos Governos e Países onde tem suas Sedes Consulares, como também a pessoas como você que expressam, como eu, opiniões críticas, no marco de nossa consciência, à vulnerabilidade dos Direitos à população e à oposição política por parte do Terrorismo de Estado Colombiano?

·         Desde o nascimento da ANNCOL sentimos a perseguição e pressão do Estado colombiano. Não toleram que chamemos as coisas por seus nomes. Colômbia é um estado terrorista que pratica a violência para perpetuar-se no poder. E que há outros setores populares e revolucionários que o que fazem é resistir – entre eles, a guerrilha – até que à classe dominante se lhe dê o desejo de concluir sua sangrenta tirania, disfarçada de eleições, numa mesa de diálogos ampla que nos conduza a uma verdadeira paz.

10 – RTVP: Quem é o “fabulista de Estocolmo” a que se dedica este indivíduo que todo mundo o considera um policial político que persegue a oposição política ao regime pró-fascista colombiano?

·         Eu diria, melhor, que um “louco fabulista”, desejoso de dádivas e benefícios da promotoria. É a modalidade deste ente fiscal. Busca suas testemunhas nos esgotos das cidades, o mais decomposto mentalmente que se aproxime a suas possibilidades de manipular e conduzir um processo induzido. Esse sujeito, Miguel Antolinez, entrevistado pelo intendente Pidiachi em maio de 2011 em Estocolmo, é um desocupado, segundo informações da solidariedade sueca.
·         Ao cúmulo de dizer na audiência que me havia conhecido na Colômbia, quando a esse indivíduo o vi duas ou três vezes em Estocolmo. Que o havia recrutado para as FARC quando eu pertencia à JUCO. Nunca fui dessa organização e uma série de mentiras próprias de débeis mentais. Finalmente, uma pessoa em seus cabais não se presta a testemunhar em favor da promotoria colombiana.

11 – RTVP: De que se lhe acusa na Colômbia? Tem sido respeitado em seus Direitos enquanto está arbitrariamente privado de sua Liberdade na Picota do Patio 10 da ERON?

·         Se me acusam de Concerto para delinquir agravado com administração e financiamento do terrorismo. É um absurdo pensar que escrever sobre um conflito automaticamente se converte alguém em terrorista. Devo dizer que tenho duas cirurgias pendentes, isso corresponde a Caprecom.

14 – RTVP: Que palavras envia, companheiro, colega e amigo Joaquín Pérez Becerra à cidadania nacional e internacional, agora que sofre os rigores do terrorismo de Estado Colombiano como Preso Político de Consciência?

·         A Colômbia não suporta mais ultrajes nem abusos por parte do governante de turno. A única saída é o diálogo para superar este derramamento de sangue desnecessário. Juntos, podemos construir um país melhor.

Radio Televisión Palenque agradece e é solidário com o Colega, amigo e camarada Joaquín Pérez Becerra, Preso Político de Consciência, junto a quase dez mil colombianas e colombianos pelos quais advogamos e exigimos sua libertação imediata.

Athemay Sterling Acosta
Diretor de Radio y Televisión Palenque1