"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 28 de julho de 2012

Uma “democracia digital” é a última invenção anticubana

Servicio Informativo "Alai-amlatina"

Tradução do espanhol: Joaquim Lisboa Neto
Hernán Uribe


ALAI AMLATINA, 24/07/2012. – Os Estados Unidos inventaram agora o que, sem base conceitual alguma, chamam de democracia digital, denominação que oculta outra manobra ilegal contra Cuba, segundo denunciaram recentemente os órgãos informativos havaneses Radio Rebelde e o portal Cuba Debate.

Em breve, a entidade usamericana Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional [sigla em inglês, USAID], subordinada ao Departamento de Estado, oferece entregar até três milhões de dólares a cubanos que se “convertam em dissidentes digitais” para que, segundo, Washington, colaborem para uma “mudança de regime” na ilha.

A própria Casa Branca reconhece que desde 1997 gastou mais de 200 milhões de dólares em tentativas de subversão, cifra que não inclui os desembolsos dos aparelhos estritamente de espionagem e, ademais, referem-se unicamente a um curto período da extensa política agressiva para Cuba.

Atendidas as mudanças político-sociais na América Latina, Washington tem buscado também o fomento e a criação de ações conspirativas em Bolívia, Equador, Nicarágua e Venezuela, e a isso se referiu o presidente Rafael Correa quando denunciou a interferência direta de grupos externos nos países da ALBA e assinalou que “os governos progressistas não agachamos a cabeça ante nenhum império”.

O propósito de “comprar” ciberdissidentes é reconhecido numa comunicação do Departamento de Estado dirigida ao Congresso dos EEUU e que foi publicada em 24 de junho passado pelo diário El Nuevo Herald. [Estados Unidos]. É nesse escrito onde se fala, confusamente, da “democracia digital” e sugestivamente se fez público 48 horas depois do acordo das nações da ALBA de expulsar de seus territórios a USAID.

A mensagem em questão revela que a tentativa de intromissão digital em Cuba é financiada por três entidades do Departamento de Estado: o Escritório de América Latina e Caribe [da USAID], o Escritório da Democracia, dos Direitos Humanos e do Trabalho [DRL] e a de Assuntos do Hemisfério Ocidental [WHA].
Conscientes da ilegalidade de seus projetos em Cuba, não entregam detalhes acerca dos destinatários dos dólares, porém, sim, apontam que seis de nove programas ianques para Cuba se centram na tecnologia.

O tosco invento de uma “democracia digital” em 2012 marca um episódio mais na agressão permanente de Washington contra Cuba desde 1959, ano do triunfo da Revolução após a fuga de Batista desde Havana. Uma documentação norte-americana confirmatória dessas ações criminosas foi revelada no texto “La oposición fabricada” [A oposição fabricada], editada em 2001 pela Editora Política [Havana].

Nos fatos, a intromissão contra Cuba transcorre por mais de meio século, possui muitas facetas, viola descaradamente a Carta das Nações Unidas [ONU] e outras normas básicas das relações internacionais.
Se inicia com força em 1959 e se acentua em 1961, após o fracasso da invasão por Playa Girón e da decisão cubana de estabelecer-se como nação de regime socialista e culmina no período com o bloqueio econômico surgido em 1964 e vigente até hoje.

Em 1998 se desclassificou um documento da Agência Central de Inteligência [CIA] emitido em 1961 e no qual podem ser lidas confissões do general Lyman Kirpatrick, que era Inspetor Geral dessa entidade e refere-se a Cuba. (1) No início, aclara que a história do projeto cubano começa em 1959 e assinala seus aspectos básicos:

a)Formar uma organização de exilados cubanos para dirigir atividades opositoras e dar cobertura às operações da Agência;
b)Realizar uma ofensiva de propaganda em nome da oposição;
c)Criar dentro de Cuba um aparelho clandestino para a recopilação de inteligência;
d)Desenvolver fora de Cuba uma pequena força militar para ser introduzida dentro da ilha.

Advertia Kirpatrick que “a mão do governo norte-americano não apareceria”. Porém, suas “obras”, sim, emergiram com a instalação da Radio Swan, a emergência em Cuba de bandidos armados e a desastrosa aventura de Bahía Cochinos.

A ingerência e os desmandos estadunidenses se remontam, nos fatos, a datas anteriores à vitória da Revolução Cubana. Leiamos: no dia 23 [dezembro 1958], quando o regime de Batista estava à beira do colapso, os dirigentes norte-americanos buscavam fórmulas que frustrassem o iminente triunfo popular. O então diretor da CIA resumiu a discussão no Conselho de Segurança Nacional dos EEUU com uma frase imperativa: “Devemos impedir a vitória de Castro”. (2)

Ao comemorar-se, neste julho de 2012 sessenta anos do ataque ao Quartel Moncada, 56 anos do desembarque do Granma e 53 do triunfo da Revolução, se constata o fracasso daqueles confusos objetivos imperiais. A guerrilha primeiro e, em seguida, o Exército Rebelde não foram surpreendidos. Em 1958 e em Sierra Maestra o atual presidente cubano, Raúl Castro, teve a missão de organizar o Serviço de Inteligência Rebelde [SIR] e, em janeiro de 1959, por proposta de Fidel Castro, se fundou o Departamento de Investigações do Exército, enquanto que, em março, surge o Departamento de Informação de Inteligência das Forças Armadas Revolucionárias [DIIFAR]. Em junho de 1961 os órgãos antes mencionados se fundiram para estabelecer o Departamento de Segurança do Estado.

O desempenho dessa área era imprescindível ante a agressão econômica e o banditismo, pois os EEUU haviam terminado com a cota açucareira, se negou a refinar petróleo soviético e simultaneamente introduzia armas sob a falsa percepção de que triunfariam os fracassados invasores de Girón. 
Emergiram bandos de mercenários e os bárbaros atentados como o caso do mercante francês Le Coubre, afundado por uma explosão de terroristas dirigidos pela CIA.

A base naval ianque instalada no usurpado território cubano de Guantánamo serviu de sustentação a grupos terroristas que foram liquidados em 1963, ainda que os últimos bandidos tenham sido capturados entre 1964/65 no Escambray.
As manobras ilegais de diverso caráter e alimentadas por Washington estão, paralelamente, acompanhadas de uma abundante propaganda que caracteriza o socialismo cubano como carente de liberdade e democracia.
Acerca desse tópico, há palavras esclarecedores de Raúl Castro:

“Quando um Estado, como o nosso, representa os interesses dos trabalhadores, qualquer que seja sua forma e estrutura, resulta num tipo de Estado mais democrático que nenhum outro tipo que tenha existido na história, porque o Estado dos trabalhadores que constrói o socialismo é, sob qualquer forma, um Estado das maiorias, enquanto que todos os estados anteriores foram estados das minorias exploradoras. A propriedade dos meios de produção se converteu de propriedade privada de uns poucos em propriedade comum de todos”. (3)
A história não só absolveu a Fidel Castro, líder primeiro do 26 de Julho e, na sequência, ator principal nas batalhas que criaram o primeiro e único território socialista da América.

Em janeiro passado escreveu em sua Reflexão intitulada “A fruta que não caiu”:
“Cuba demonstrou que – a partir de sua condição de feitoria ianque, unida ao analfabetismo e à pobreza generalizada de seu povo, era possível enfrentar ao país que ameaçava com a absorção definitiva da nação cubana”. Em alusão ao episódio de Girón, acrescentou: “A derrota e a captura de quase a totalidade dos mercenários em menos de 72 horas e a destruição de seus aviões que operavam desde bases na Nicarágua e de seus meios de transporte naval, constituiu uma derrota humilhante para o império e seus aliados latino-americanos que subestimaram a capacidade de luta do povo cubano”.
Grandes verdades em escassas palavras.

- Hernán Uribe es Periodista/escritor chileno

Notas:
(1)Ver: Inspector General, Survey of the Cuban Operation, octubre 1961.
National Archive, The New Press, New York, 1998.
(2) Foreign Relations of The United States 1958-1960, Volume Cuba,
Washington, 1991.
(3) Harnecker, Marta et al.”Cuba y la Democracia”, México, Siglo
Veintiuno, 1975.

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