CONTRADIÇÃO FUNDAMENTAL COLOMBIANA
Por Athemay Sterling Acosta,
Advogado, Comunista, Defensor de Direitos Humanos e dos Povos,
Diretor de Direito Preventivo e Direitos Humanos, Grupo de Pesquisa
Universitária PALENQUE, Diretor Colômbia e Comunicador
de Radio Televisión Palenque – RTVPalenque, da Frente Ampla
Popular, integrante de ANDAS e do CPDH, filial da Federação
Internacional de Direitos Humanos – FIDH -, ex-candidato a
Governador do Valle do Cauca, analista político e
impulsionador da solução política ao atual
conflito social e armado colombiano.
Cordilheira dos Andes Colombianos,
junto ao campesinato, sete de agosto de 2012.
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Jacobo Arenas, o principal Dirigente
Político das FARC-EP junto a Manuel Marulanda Vélez, me
dizia na Uribe Meta que Política é a capacidade social
de descobrir, interpretar e resolver as contradições de
Classe num momento determinado e com um propósito comum também
classista, e é o que deve distinguir a um político de
verdade como ao subscrito, quando Ele, que havia carregado com meu
pai em tarefas do Partido Comunista na década dos sessenta e o
havia salvado do terrorismo de Estado nessa mesma época,
quando os comunistas saíam da ilegalidade que o Ditador
Gustavo Rojas Pinilla havia arbitrariamente decretado ao nosso
Partido Comunista de Colômbia, como se chamava nessa época,
me dizia com tranquilidade e força intelectual quando militava
na Juventude Comunista Colombiana, que assim devia ser. E assim o
sou, e por isso ganhei milionária ascendência e também
malogrados comentários e confabulações para
derrotar esta política que está impondo hoje. Quer
dizer, temos a razão histórica!
Igualmente, afirmava o primo de minha
mãe Hernando González Acosta, quando discernia sobre o
papel das diferentes formas de expressão do Movimento Popular,
que, se é certo que cada uma tem seus próprios
cenários, é uma mesma política o que nos guia
aos comunistas, e é a coluna reitora da Unidade Popular.
Fundamentado nestes dois mestres da
política, Jacobo Arenas e Hernando González Acosta,
tenho dito hoje que há diferentes formas de Unidade que se dão
objetivamente, independente de nossa vontade, desejo e consciência,
como escutei feliz em Caloto nos dias 3 e 4 de agosto, quando da
vitoriosa Marcha Patriótica, o importante Congresso dos Povos,
a soberana Minga Indígena, os e as ativistas e advogados
Defensores dos Direitos Humanos e dos Direitos dos Povos, Colombianos
e Colombianas pela Paz e todos os que aí assistíamos, o
necessário para que todas estas formas e processos de Unidade
Popular se encontrem todos numa grande Frente Ampla Popular que
afronte o Regime Político Colombiano que declarou, desde 1948,
uma guerra frontal contra o povo, a sociedade e os trabalhadores.
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Exemplo desta afirmação
que faço é o que se dá numa zona altamente
militarizada pelas FFAA Constitucionais em Caloto, o Palo, o Damián,
o Tierrero, onde se assassinou a um Comuneiro, Autoridade indígena
de López Adentro, feridos outros, e ameaçada toda a
população civil pelo paramilitarismo que anda
satisfeito com o suposto, outros afirmam que, certamente, apoiados
pelos militares que Pinzón el Gomelo lhes impulsiona à
guerra e a mais guerra, com uma política sistemática,
permanente, institucional, classista burguesa e criminosa de
exterminar a oposição política em Colômbia.
E isso está fazendo na contramão do Direito
Internacional dos Direitos Humanos e dos Direitos dos Povos.
Relembro com assombro
toda a catástrofe humanitária e social que o Sul
Ocidente Colombiano sofre por esta política criminosa, onde o
paramilitarismo como política de Estado tem sido nefasto
protagonista e o povo é quem sofre sua criminalidade, onde as
classes dominantes e o imperialismo utilizam todas as formas de luta
contra um inimigo interno, que, para eles, somos nós, a
oposição política em Colômbia. Clara
manifestação de traços fascistas na política
do Estado Colombiano.
O Sul Ocidente
Colombiano hoje possui o maior pé de força militar e
paramilitar, a aviação de todo tipo controlada pela
Missão Militar ianque bombardeia não só a
população civil, como também causa a maior
destruição ecoambiental da história, e cria
desassossego em todas as populações e cidades por onde
sobrevoam estas aeronaves do terror. O povo nos pergunta: que
passaria quando uma dessas aves mecânicas da criminalidade
terrorista estatal caia acidentalmente com todas essas toneladas de
explosivos sobre meninas, meninos, anciãos, estudantes, homens
e mulheres da população civil?
Por isso, tem razão
o Seminário pela Paz realizado em Caloto, que, entre suas
conclusões, afirma de maneira unitária que não é
a guerra o que soluciona o conflito, mas sim a Solução
Política através da negociação dele,
terminando com as causas estruturais que geraram a guerra, como muito
bem o disse numa entrevista aos meios de comunicação o
Comandante Fariano Fabián Ramírez, deste Grupo
Insurgente que cumpre todos os requisitos consuetudinários,
Iuris e Políticos de umas Forças
Armadas Revolucionárias com pleno caráter de
Beligerância e insurgência que vem sistematicamente,
desde que nasceram, buscando a Paz com Justiça Social.
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Sobre o conceito de
política há muitas acepções, a que
complementa, ou se complementam melhor com a de Jacobo Arenas,
Hernando González Acosta e Gilberto Viera, que eu e o povo
aceitamos como corretas quando afirma concomitante com outra opinião
do Materialismo Científico, que Política é a
expressão concentrada da economia em última instância.
O que determina,
portanto, a contradição fundamental neste momento,
muito apesar de uns desatentos ex-esquerdistas, a própria
direita, Angelino que, como múmia política, reaparece
deficiente físico, e integrantes do Congresso Eunuco, os quais
dizem que a contradição de hoje é a que se dá
entre dois criminosos de guerra e de lesa-humanidade: Álvaro
Uribe Vélez versus Juan Manuel Santos.
E já recorrem ao
“rei dos céus” para que estes se reconciliem, apesar de
ter seus mesmos interesses de classe. O que querem é
fortalecer a direita e salvar a estes dois da Justiça, seja
Nacional ou Internacional, por serem determinadores e executores do
terrorismo de Estado em Colômbia.
Essa contradição
dita por Angelino para resolvê-la “tornando amigos Uribe e
Santos” é, desde o ponto de vista dos exploradores, do
paramilitarismo, do militarismo dentro e fora do Estado e dos
guerreiristas de todos os pelames. Angelino, “salvo pelos céus”,
é cabeça de proa destes interesses de classe, diferente
de nós, o Movimento Popular Colombiano em todas as suas
Expressões em processo da Unidade Popular numa grande Frente
Ampla Popular, que destrua com toda esta oligarquia mafiosa e
monstruosa, porém exploradora.
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Então, qual é
a contradição fundamental, desde o nosso ponto de
vista, do movimento popular colombiano?
Segundo a acepção
já comprovada pelo Materialismo Científico, a
contradição vertebral e estrutural é a que se dá
entre os que geramos socialmente a riqueza e os que se apropriam dela
e aspiram a seguir usufruindo do Poder Político, pois o
econômico também o têm, para defender seus
interesses de classe como a privatização dos Direitos.
Hoje ouvi a Angelino,
ai, pobre dele, incapacitado em sua saúde, confundindo
Direitos com Serviços. E isso que a vice-presidência da
República, que faz parte do entroncamento do Regime Político
que nos golpeia, diz ser a encarregada dos DDHH em Colômbia.
Que perigo!
Essa concepção
equivocada de Angelino e ratificada imediatamente por Santos de
converter os Direitos conquistados pela humanidade em meros serviços,
é o suporte ideológico para privatizar e seguir
golpeando ao povo, a sociedade e aos trabalhadores, para que nunca
haja Paz com Justiça Social.
E, em concordância:
esta acepção do Materialismo Científico, com a
desenvolvida por Jacobo Arenas, Hernando González Acosta,
Gilberto Viera junto a Teófilo Forero, que nós, agora,
aplicamos e fundamentamos desde o ponto de vista teórico,
político e jurídico, para caracterizar a conjuntura
política, nos dá o apotegma: de dizer, com toda
certeza, que a contradição fundamental do momento é
entre Democracia versus fascismo disfarçado, porém
mais claro ainda, entre os que propugnamos pela solução
política a este conflito social e armado ou guerra civil
assimétrica terrorista estatal contra a sociedade, para lograr
a Paz com Justiça Social, isto é, que toda a população,
tanto nacional como estrangeira, possa exercer seus Direitos
plenamente versus os que, desde a outra margem classista,
impulsionam a guerra contra o povo e [promovem] a desigualdade
social.
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Por tudo isto é que aspiramos
a um Estado de Novo Tipo que substitua o atual, totalmente submisso
aos interesses das transnacionais capitalistas e ao imperialismo, que
chamam globalização.
Para isto é que necessitamos,
o povo colombiano, a sociedade e o movimento popular inteiro que seja
a Unidade Popular de todas as suas expressões numa grande
Frente Ampla Popular os que assumamos um novo Governo Democrático
e construamos uma Nova Colômbia, reconstruída e
reconciliada para o bem de nosso futuro pátrio.