Presidente Rafael Correa e o repúdio à tirania imperialista mundial
Não é estranho que o presidente Rafael Correa, solidário com as causas
justas deste mundo, tenha decidido conceder asilo a Julian Assange.
Está presente, também, um feito que os identifica em especial. Do mesmo
jeito que o fundador do Wikileaks em escala global, o governo do
Equador, submetido a uma chuva de calúnias midiáticas, trabalha
incansavelmente em seu país pela democratização do meios de informação
e repulsa a prática usual de seus donos de impedir o direito cidadão a
uma informação honesta, pluralizada e não-manipulada. Quito inclusive
aprovou uma lei exemplar a respeito.
Não foi uma decisão acelerada. O Conselho equatoriano tem feito o seu
trabalho minuciosa, discreta e prudentemente. Tão logo Assange
ingressou e pediu asilo em sua sede diplomática da capital britânica,
abriu consultorias com os países envolvidos. De Estocolmo, não recebeu
as devidas garantias de que, se o jornalista decidisse comparecer
voluntariamente à procuradoria sueca - como disse ser a sua disposição
- não seria logo extraditado para os Estados Unidos.
Tampouco obteve resposta de Washington à pergunta crucial de, se nessa
hipótese, propunha-se pedir a extradição do comunicador australiano.
Frente a uma solicitação de asilo, são gestões próprias de um governo
zeloso de sua soberania, respeitoso desse direito e, em geral, dos
direitos humanos. Por isso Quito provavelmente sobrepesou o histórico
de tratos cruéis, desumanos e degradantes nos quais tem incorrido
Washington contra quem considera seus inimigos, como os que recebe o
soldado Bradley Manning, acusado de entregar informação para a
Wikileaks, sem esquecer as escandalosas torturas em seus centros
ilegais de detenção.
É natural que um Estado que sinta a enorme responsabilidade de proteger
a integridade física de um perseguido político tome precauções para
evitar que ele caia nas mãos dos Estados Unidos. Ainda mais tratando-se
de Assange, odiado por Washington por ter revelado o crescimento de
suas conscienciosas ações de ingerência, de guerra e que perturbam a
estabilidade no mundo inteiro. Apenas se fala disso pelas vestais da
liberdade de imprensa, mas nada menos do que pela ordem presidencial, a
potência do norte - através de seus famosos teleguiados e outros meios
- assassina diariamente as pessoas ao redor do planeta - em muitos
casos meninos, anciões, mulheres - sem se mediar processo legal algum,
e pela simples suspeita de que poderiam ser terroristas.
A denúncia digna e contundente do presidente Correa à brutal ameaça
britânica contra a embaixada equatoriana em Londres, a solidariedade
imediata e firme recebida de Alba e a Unasur demonstram que a América
Latina e o Caribe, outrora pátio ianque, é hoje a região mais
independente do planeta. Sem estas atitudes, quem pode assegurar que o
assalto à sede diplomática não tivesse sido consumado em questão de
horas?
Com elas constata-se mais uma vez a possibilidade e o dever de repudiar
a imposição da nova tirania imperialista mundial, de impedir um
aventureirismo e um descaro ainda maiores que o inventário de crimes
contra a paz e o direito internacional que desde 11/09/2001 vêm
acumulando os Estados Unidos e seus aliados mais próximos, Reino Unido
e Israel em especial. Não restam dúvidas de que é Washington que tem
estado o tempo todo puxando os fios que levaram à Suécia a levantar a
ridícula acusação de abuso sexual contra o comunicador australiano e a
pedir sua extradição ao Reino Unido, como mais tarde a adotar uma
atitude francamente gângster contra o Equador. A procuradora sueca que
primeiro tomou conhecimento da denúncia das supostas ofensas não
encontrou méritos à acusação e arquivou o caso. Foi mais tarde que,
estranhamente, uma instância superior decidiu desenterrá-lo. É muito
revelador que uma das acusadoras de Assange seja diligente ativista da
base subversiva contra a revolução cubana estabelecida pela CIA nesse
país.
O Equador já reiterou sua vontade de reiniciar o diálogo como via para
solucionar o conflito com as autoridades britânicas, aspecto no qual
tem insistido a Unasur. Mas antes, pede que o Reino Unido retire a
ameaça, conduta elementar por parte de um país que valoriza a sua
soberania. Por fim, serão as gestões diplomáticas combinadas com uma
grande mobilização internacional solidária que conseguirão liberar
Julian Assange desta situação de injustiça.
*(Tirado do La Jornada)*
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Equipe ANNCOL - Brasil
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Traduzido por Urana Chimæra : uranachimaera@me.com