"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Locomotivas mineiro-energéticas de Santos não são mais que uma metáfora anacrônica de despojo e devastação social e ecológica Análise do antropólogo Arturo Escobar sobre o modelo neoliberal na Colômbia


As denominadas locomotivas mineiro-energéticas que o governo de Juan Manuel Santos impulsiona devem ser entendidas como parte do sistema de globalização neoliberal que requer matérias-primas para que o capitalismo possa expandir-se, explica o antropólogo, pesquisador e catedrático universitário colombiano Arturo Escobar.



Em entrevista para o portal de Internet www.palabrasalmargen.com, esse cientista social, atualmente residente nos Estados Unidos e docente da Universidade de Carolina do Norte em Chapel Hill, faz uma detalhada análise do modelo econômico na Colômbia sustentado no aproveitamento ao máximo da terra e dos recursos naturais, porém em benefício do grande capital financeiro internacional.
 
Escobar considera que as “locomotivas” que o governo de Santos impulsiona com o costumero e mentiroso discurso de que elas vão contribuir para o desenvolvimento do país, constituem “uma metáfora anacrônica do século XIX”, pois essas máquinas foram inventadas nessa época, ao tempo em que, desde o ponto de vista ambiental e da vida dos povos, somente trarão destruição e despojo.

A história da Colômbia, desde a conquista, tem sido uma história de devastação ecológica e social. Cada geração da elite política e econômica colombiana reinventa um próprio modelo de despojo e destruição”, e a isso lhe chamam “locomotiva do desenvolvimento”, afirma Escobar.
 
Felizmente, acrescenta o pesquisador, há amplos setores sociais e comunidades campesinas, indígenas e afros na Colômbia que se opõem a esta concepção de “desenvolvimento” e, pelo contrário, propõem a necessidade de um novo modelo econômico.
 
Nesse sentido, assinala Escobar, em países da América Latina como Equador e Bolívia, vem se abrindo passagem a uma nova concepção de desenvolvimento como o Bem Viver [Sumak Kawsay], que propende pelo bem-estar coletivo em harmonia com a natureza que contrasta com a visão das “locomotivas” santistas, que buscam meter as comunidades originárias dentro do projeto de aproveitamento empresarial, o qual “é uma armadilha”.
 
As pesquisas e reflexões desse antropólogo colombiano estão reunidas em vários livros e ensaios. Entre suas obras mais destacadas, podemos mencionar: Una minga para el postdesarrollo [Um trabalho coletivo para o pós desenvolvimento]; Más Allá del tercer mundo: globalización y diferencia [Mais além do terceiro mundo: globalização e diferença]; El final salvaje. Naturaleza, cultura y política en la antropología contemporánea [O final selvagem. Natureza, cultura e política na antropologia contemporânea]; e La invención del tercer mundo, construcción y deconstrucción del desarrollo [A invenção do terceiro mundo, construção e desconstrução do desenvolvimento].