"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Comunicado do Comando Conjunto do Sul Ocidente das FARC-EP

Por  Comando Conjunto do Sul Ocidente das FARC- EP

 
A população do estado do Cauca historicamente tem sido vítima de injustiças e seu território cenário de confrontação. Nossos ancestrais, além do extermínio, sofreram e resistiram aos cruéis métodos de trabalho impostos pela coroa espanhola, e posterior à independência a população rural tem encarado a expropriação do território perpetrada por caciques locais e latifundiários. Na mal chamada época da violência os latifundiários, no afã por apoderar-se das melhores terras, assassinavam os nativos e os expulsavam para lugares remotos das cordilheiras.
Já na história recente de nosso país, o Estado excluiu os setores populares da participação política e os manteve à margem do usufruto de seus direitos econômicos, sociais e culturais, empregando a violência sistemática e o terror de Estado. Frente à resposta do povo ao organizar-se em guerrilhas, promoveu um sem número de estratégias de aniquilamento: Plan Laso, Plan Consolidación e o atual Espada de Honor. Não obstante, todos fracassaram porque, ao tempo que tem sido indiferente ante as petições populares, sua única finalidade tem sido a derrota militar das guerrilhas, desconhecendo que um povo com dignidade, quando se lhe negam as vias democráticas de participação, acorre à violência revolucionária como meio para fazer valer seus direitos.
O papel das Forças Armadas tem sido sustentar um regime ilegítimo, totalmente fragmentado e em grave situação de ingovernabilidade, a fim de assegurar polpudos lucros aos grandes empresários nativos e às transnacionais, à custa dos recursos naturais extraídos do solo pátrio. Os métodos empregados em sua guerra total contra o povo não variaram nos últimos tempos: recompensas e rede de delatores, detenções e julgamentos arbitrários de civis, desaparições, assassinatos seletivos e massacres cuja autoria é dirigida a supostos paramilitares.
Para limpar a imagem desacreditada pelos desmandos próprios de um exército de ocupação, os militares tentam ganhar o apoio da população executando insignificantes obras e projetos de investimento social que competem a outros ministérios e fazem parte da obrigação que tem o Estado de garantir bem-estar a seus cidadãos. Isto, além de constituir um reconhecimento de que em nosso país a guerra tem causas sociais, também se converte em uma forma sutil de envolver civis na confrontação.
Entendemos o sofrimento da população caucana e, em geral, do povo colombiano e lamentamos as vítimas produto do conflito armado que estamos sofrendo desde a agressão aos campesinos de Marquetalia em 1964. Hoje, mais do que nunca, nos unimos ao povo em seu clamor de paz, de uma paz democrática, na qual desapareçam as mortes, a desolação e o sofrimento que produz esta guerra entre irmãos. Ansiamos por uma paz que garanta de que tampouco morrerão mais pobres nas portas dos hospitais por desatenção médica; uma paz que assegure teto digno para todos os nossos compatriotas; uma paz que gere as condições para que nunca mais pereçam na Colômbia crianças por desnutrição, para que se tenha emprego decente e se erradique a fome. Uma paz que engrandeça a pátria, onde se trate com amor a Mãe Terra e o fruto de seu ventre seja para alimentar a seus filhos, em vez de entregue às multinacionais, como faz o regime apátrida de Santos. É a paz com justiça social, a qual estamos dispostos a conquistar junto ao povo.
Condenamos o governo oligarca encabeçado por Juan Manuel Santos e a degradada Força Pública que o sustenta por seu vil proceder ao utilizar os habitantes dos centros urbanos como escudos humanos para sua proteção, em clara violação ao Protocolo Adicional aos Convênios de Genebra, Artigo 58, que trata sobre as precauções contra os efeitos dos ataques nos conflitos armados.
Neste contexto, não deixa de ser preocupante para a população do norte do Cauca o fato de que, como se dá em Toribio, alguns habitantes se manifestaram a favor da presença da força pública nos perímetros urbanos. Presença que, ademais de favorecer a entrada das transnacionais nos territórios indígenas e campesinos, constitui o alvo das ações guerrilheiras, pelo que também a eles lhes assiste responsabilidade sobre as consequências que no futuro possa ocasionar o desenvolvimento da confrontação.
Aos meios de comunicação, instamos a que deem uma versão objetiva da realidade do conflito nesta região sem alinhar-se cegamente com as versões oficiais.
E ao povo colombiano, em seu conjunto, o convocamos a trabalhar unido por forjar uma alternativa popular de governo que encarne a vontade de encontrar saídas políticas a esta guerra que tem suas raízes na injustiça social, na entrega do patrimônio e da soberania nacional aos impérios, no terrorismo de Estado e na concentração do poder em poucas mãos.
 
POR SOLUÇÃO POLÍTICA AO CONFLITO SOCIAL E ARMADO.
FARC  -Exército do Povo
COMANDO CONJUNTO DE OCIDENTE

Montanhas do Cauca, 17 de julho de 2012