"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Audiência pela Verdade no estado do Putumayo, na Colômbia.

Impressionantes testemunhas das vítimas sobre violações de seus direitos por parte do Exército e outras autoridades da Região.

Ao redor de 850 campesinos, indígenas, afro-descendentes, estudantes, entre outros, chegaram ao município de Puerto Asís desde diferentes regiões do departamento (estado) de Putumayo, com o fim de participar, durante os dias 11 e 12 de fevereiro na Audiência cidadã pela verdade "A crise Humanitária conseqüência do Plano Colômbia".

O evento foi convocado pelo Movimento Nacional de Vítimas de Crimes de Estado, o Comitê Permanente pelos Direitos Humanos -CPDH-, a Mesa Departamental de Organizações Sociais, Indígenas, Campesinas e Afro-descendentes, a Corporação Yurupari, Fensuagro, o Coletivo de Advogados “José Alvear Restrepo”, entre outras organizações. Participaram, também, a Senadora do Polo Democrático, Gloria Inés Ramírez e, os Deputados Federais do mesmo Partido, Iván Cepeda e Hernando Hernández; delegadas da do Ministério Público, entidades de investigação, vigilância e controle, organizações internacionais, um representante da ONU, Brigadas Internacionais de Paz e a Generalitat do Governo de Cataluña.

Os paramilitares (bandos criminosos apoiados pelo governo) tentaram impedir a preparação e realização da Audiência. Vejamos. Em 5 de fevereiro foi assassinado em uma rua de Poroto Asís o docente CARLOS AYALA, afiliado ao Sindicato de Professores do Putumayo, e o dia 11, homens desconhecidos invadiram a vereda “Dios Peña“, localizada no Município de San Miguel, na qual assassinaram (degoladas com facão) as camponesas LUZ MARINA ROA ALFONSO, de 59 anos de idade e LUZ MERY ROA ROA, de 35 aos, Vice-presidenta da Junta de Ação Comunitária dessa vereda e, a menina SORITH JULIET ALFONSO ROA de tão só 5 anos, também degolada e decepadas suas mãos. Igualmente, assassinaram com arma de fogo dois dos três trabalhadores que estavam conversando nesse momento com as senhoras. O terceiro trabalhador conseguiu fugir.

A Audiência recebeu dolorosos testemunhas e denuncias sobre a grave situação dos Direitos Humanos e o Direito Internacional Humanitário, por parte de pessoas que moram nas diversas regiões do Departamento (estado). Destacamos a testemunha de uma menininha de apenas quatro anos. Uma de suas perninhas foi impactada por um projétil de fuzil disparado desde um helicóptero do exército quando lançava bombas e disparava metralhadoras contra as casas dos camponeses indefesos. Desde sua inocência a menina diz à juiz que recebeu sua testemunha: "...desde um helicóptero o exército matou meu pezinho". Apesar das denuncias, todo continua ainda na mais absoluta impunidade.

Os participantes escutaram as vítimas dos Planos Colômbia e Patriota bancados pelo governos dos EUA e da Colômbia entre os anos 2002 e 2006. Foram 37 testemunhas e 390 denuncias sobre execuções extrajudiciais, desaparições, detenções arbitrárias, ameaças de morte, torturas, deslocamentos, bombardeamentos e metralhamento, assalto de casas dos camponeses. Todo isso realizado pelo exército. Concluída a Audiência, os parlamentares presentes e porta-vozes dos Direitos Humanos, acompanhados pelo doutor ALONSO OJEDA AWAD, delegado da Defensoria do Povo visitaram o cemitério de Porto Asís e verificaram a existência de numerosas covas com cadáveres de pessoas enterradas como desconhecidas, ou NN.

De igual forma, pessoas que chegaram dos municípios de Orito, Mocoa, San Miguel, La Hormiga, assim como de povoados que ficam na fronteira com o irmão país do Equador denunciaram a difícil situação que vivem por causa das pulverizações da folha de coca sem respeitar no mais mínimo os plantios de arroz, cacaueiro, milho e cana de açúcar, que ficam completamente destruídos. Também, denunciaram a brutalidade e a violência exercidas pelo exército, a polícia e os paramilitares em toda a região; a indesejável presencia das empresas transnacionais que exploram de forma indiscriminada os recursos naturais, gerando um impacto ambiental criminoso, até, e inchando as condições de miséria da população pobre.

Fica nas mão do governo, a Promotoria e demais autoridades investigar esses fatos horrorosos e apresentar os resultados sobre a verdade do acontecido, assim como reparar os danos causados a milhares de vítimas que vivem na miséria e abandono oficial no Putumayo.

(Com informação de Voz edição 2577)