"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 28 de outubro de 2012

COMUNICADO DE LAS FARC - REFLEXÕES SOBRE A AGENDA DE HAVANA - I


Havana, República de Cuba. Outubro 26 de 2012

Logo de um período intenso de discussões sobre as injustiças que
padece Colômbia, foi instalada a Mesa de Diálogos pela paz em Oslo,
capital do Reino de Noruega.

Desde que o governo de Juan Manuel Santos buscou se aproximar, as
FARC-EP reiteraram com toda clareza ante seus representantes, as
razões sociais e políticas do levante armado, indicando de forma
transparente a necessidade de instaurar a plena justiça como base para
a paz estável e duradoura. Por isso insistiram na inclusão de um
preâmbulo vinculante que encabeça o conjunto do chamado "Acordo
Geral".

Na breve introdução está, nada mais e nada menos, que o espírito e o
sentido que têm que ser dados ao conjunto do documento assinado pelas
duas partes, para iniciar as discussões na Havana.

É necessário que ao interpretar a Agenda ou o conjunto do Acordo, com
paciência e acudindo sempre ao fator de inspiração que são os anseios
de justiça e de reconciliação do povo colombiano, optemos por não
desconhecer seu contexto nem delimitar-lo com visões pessoais. Por
exemplo, consta no Acordo a possibilidade de que outros atores da
confrontação política e social possam confluir ao processo em um
momento determinado. É o caso de um tema transcendental como "as
vítimas do conflito" que encaixa perfeitamente dentro da forma literal
do compromisso assinado na Capital de Cuba, forma literal que inclui,
sem dúvida alguma, o dever de abordar o terrorismo de Estado como
fator essencial que está na raiz desse fenômeno.

Tomara que antes do 15 de novembro, data na qual iniciam as sessões da
Mesa, quem estiveram elaborando o "Acordo Geral para a terminação do
conflito e a construção de uma Paz estável e duradoura", tenham tempo
e forma de oferecer uma explicação objetiva do Documento ao conjunto
de suas equipes de trabalho. Isso, é fundamental para que iniciemos
com bom entendimento e para evitar que desde os porta-vozes das partes
surjam mensagens que gerem confusão na população disposta a participar
dos diálogos mediante suas diversas iniciativas.

Ademais, da clareza dos porta-vozes relacionada com a Agenda, também
se requer que a grande mídia faça um esforço por entender que estamos
tratando de empreender um caminho que conduza à solução de um conflito
que tem-se prolongado por décadas.  Ainda que sendo contra sua
natureza mercantilizada e submissa aos interesses das transnacionais,
devem se esforçar por fazer com equilíbrio e veracidade suas
informações. Até hoje e, de forma geral, têm-se dedicado a "informar"
tirando as coisas de seu contexto real e, em seu lugar, passam a
correr atrás, a qualquer custo, das notícias sem importância, ou a
editar-las com ânimo de censura ou de distorção, respeito do ator
insurgente.

A forma como a Cadeia Radial Colombiana (CARACOL) e a Radio Cadena
Nacional (RCN) transmitiram para toda Colômbia, o evento da instalação
dos Diálogos em Oslo, é uma monstra nauseabunda do que são essas
empresas de difusão, que atuam em favor não dos interesses sociais,
mas dos interesses capitalistas empresariais. Tendo o dever de
informar sobre um processo que é de interesse nacional, impediram que
o país escutasse os pontos de vista da insurgência

Observamos, também, um lamentável contraste na instalação dos
diálogos, que deve ser superado com urgência: dos 140 meios de
comunicação presentes na instalação dos diálogos, havia só dois meios
alternativos colombianos. Os dirigentes das FARC parabenizaram o seu
esforço e, expressaram a determinação de que daqui para frente serão
atendidos de forma prioritária.

É urgente abrir um espaço verás, eficiente e oportuno, o canal público
e os meios democráticos para que Colômbia tenha um conhecimento certo
dos desenvolvimentos do processo, quer dizer, sobre todo o que ocorra
na Havana entre o governo e a insurgência e, sobre o desenvolvimento
da participação popular, especialmente.

A Agenda da Havana é breve mas profunda; seus propósitos não são
formais, propõe objetivos de fundo. No discurso de instalação das FARC
em Oslo, os aspectos tocados estão estritamente contemplados nela. A
insurgência não tem agendas paralelas nem ocultas. Assim as coisas,
terminado o momento da confidencialidade e da reserva própria da
exploração inicial, entramos no tempo da participação cidadã, dos
intercâmbios francos de cara ao país, nos quais a discrição não pode
ser sinônimo de secreto.

Delegação de paz de las FARC-EP