"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Do afã só fica o cansaço

Por Horacio Duque
O governo do senhor Santos e o estabelecimento dominante na Colômbia estão mostrando muito afã por terminar as conversações de paz que se adiantam em Havana com a insurgência campesina revolucionária.
Lhes agarrou o estresse e colocaram ultimato e datas peremptórias para consolidar acordos a como dê lugar. Em novembro, deve estar tudo pronto, têm dito os porta-vozes oficiais, à maneira de um gerente pós-moderno que tem tudo cronometrado e inclusive antecipado, porque os lucros são o objetivo, sem importar o bem-estar das pessoas.
Os afãs da reeleição, por outros quatro anos, do atual chefe da Casa de Nariño explicam a pressa.
Não há que recorrer às profundidades da sabedoria filosófica e suas reflexões sobre o tempo e os ritmos com os que transcorre para fazer observações sobre as complicações das velocidades e celeridades da “paz express” na qual está empenhado o atual governo, que é outra contingência política mais entre as muitas que caracterizam o Estado e o regime político que consagra o texto constitucional vigente desde 1991.
Suficiente com acorrer ao sentido comum que serve de guia à vida cotidiana de todos os mortais para entender o assunto.
Não por tanto madrugar amanhece mais cedo, diz um refrão. Outro assinala que as coisas feitas às carreiras ficam mal feitas.
Simples, assim. Melhor ir devagar e com boa letra.
Resolver o problema da violência colombiana que já completa, nesta fase, mais de meio século, não é tarefa que se possa fazer da noite pro dia. Construir a paz não é problema de um governo, mas sim assunto que o Estado tem que assumir e a sociedade política em geral de maneira metódica e ordenada para que se ofereçam as soluções sociais, econômicas, culturais e políticas adequadas à justiça social e a democracia pós-neoliberal.
Faz mal o governo e Santos em pôr a depender sua reeleição do processo de paz. Estabelecer desde já que o próximo presidente deve ser Santos é um ato antidemocrático porque, se algo caracteriza a democracia, é a incerteza e a falta de certeza nos resultados eleitorais. Estes sempre são uma incógnita, porque os cidadãos decidem de maneira soberana suas predileções políticas e presidenciais.
A paz express seria uma paz falsa, porque deixa tudo igual e a violência regressaria com outros sujeitos e maior potência até alcançar os objetivos essenciais de uma mudança real da sociedade em todos os seus âmbitos.
Se Santos não se reelege, é seu problema e resultado de sua incapacidade política, pois seu governo tem sido medíocre, toda vez que os resultados oficiais são absolutamente deploráveis. Basta com revistar a gestão para atender os desastres sociais ocasionados pelas passadas ondas invernais para confirmar empiricamente o que é a negligência e corrupção estatal. O do sul do Atlântico, o de Gramalote, o de Cali, o do Rio Cauca e o de Utica, é tudo um insulto à dignidade humana de milhões de seres humanos. Não dou outros dados e fatos que o país bem conhece.
Se Santos se reelege, ou se os que ganham a Presidência são os de “Peço a palavra”, é assunto que se deve deixar ao curso que cobrem os processos políticos; em todo caso, a paz é um tema de “longa duração” [Braudel] que o Estado deve assumir, porque é uma obrigação e um dever consagrado nas normas da Constituição e da Carta de Direitos Humanos que serve de referência à humanidade.
Termino dizendo que os processos de paz que se deram na Irlanda, África do Sul, tomaram mais de 120 meses [10 anos]. Em El Salvador foram mais de 60 meses e em Guatemala foram mais de 50 meses.
Colômbia, com um conflito de mais de 50 anos e com uma sociedade de quase 50 milhões de habitantes, não pode pretender resolver a guerra em coisa de 3 meses, como o pretendem os porta-vozes do estabelecimento oligárquico e o chefe da Casa de Nariño, empenhado em representações internacionais. Que deixem de tolices e que se tornem sérios, que isto não é um jogo de meninos nem de meninas.