"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 29 de abril de 2014

'O ELN e as Farc estão trabalhando plenamente para concretizar os Diálogos de Paz'



Nossa organização adotou uma definição e tem claro que busca a saída política para o conflito”, define sem meias palavras o comandante Juan Carlos Cuellar, porta-voz do Exército de Libertação Nacional –ELN - desde seu lugar de reclusão. O Resumo Latino-Americano* teve acesso à prisão de Bellavista e conversou com os guerrilheiros que integram o Movimento de Presos Políticos "Camilo Torres Restrepo” sobre a conjuntura colombiana, a relação com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), a situação dos presos e a saída política para o conflito armado. Apresentamos a seguir um adiantamento da extensa reportagem, que será publicada na edição impressa do Resumo Latino-Americano do mês de maio.


A penitenciária de Bellavista se encontra na periferia de Medellín. Lá nos recebeu um grupo de presos políticos da guerrilha camilista, liderados por Juan Carlos Cuellar, que foi comandante da Frente de Guerra Sul-Ocidental, quando o capturaram em 2008. Atualmente, Cuellar é porta-voz do ELN e interlocutor ante diversos setores populares, entre os quais se destaca o espaço Clamor Social pela Paz.


O encontro derivou em uma conversa amena. A busca de uma saída política implica a concretização da esperada Mesa de Diálogo entre o ELN e o governo, que se some à que protagonizam as Farc em Havana? O quanto há de certo nas versões que dizem que esses diálogos já estão ocorrendo, e, se é assim, por que não são públicos? As respostas a essas perguntas poderiam comprometer possíveis gestões, nos explicam os guerrilheiros com amabilidade. Ainda assim Cuellar reconhece: "Sei das versões dadas inclusive por funcionários do governo. Podem ser certas ou não, se eles afirmam isso terão suas razões”. E acrescenta: "O comando do ELN já definiu para seus porta-vozes para essa instância, que estão prontos. São membros do Comando Nacional e comandantes de região”.


Cuellar foi o principal animador de uma das tantas tentativas prévios de diálogo com o Estado em 2006, quando o ELN impulsionou as "Casas de Paz”, que buscaram envolver setores sociais nas conversações. "A organização tem uma experiência não apenas durante o governo anterior, quando se puseram em marcha as Casas de Paz”, relata o líder guerrilheiro”. Antes havia impulsionado os Diálogos de Tlaxcala [México, 1992, com o presidente César Gaviria], o Encontro e Diálogo em Maguncia [Alemanha, 1998, sob a presidência de Ernesto Samper], com [o presidente Andrés] Pastrana, em Río Verde [Colômbia, 1998], ou em Cuba [2002, presidência de Uribe]. De todas essas experiências saem conclusões, aprendizagens”, afirma. O ELN crê nas intenções do presidente Santos? Cuellar explica: "A organização está convencida que tem que haver uma saída política, mas isso não quer dizer que o governo queira o mesmo. Nessa peleja estamos. Há reparos quando se vê que no passado não se pôde concretizar um processo de Paz, mas hoje a sociedade está mais madura. Ainda assim é preciso ver que atitude o governo toma”.


Conjuntura eleitoral ou participação popular para a saída política ao conflito


"Hoje, a saída política para o conflito está atravessada pela conjuntura eleitoral”, analisa o dirigente guerrilheiro. "Para Santos, é vital mostrar avanços imediatos por essa conjuntura, para o ELN, isso não é o determinante. Como disse Iván Márquez [porta-voz das Farc em Havana]: ´O que nós dizemos nos diálogos será usado na conjuntura eleitoral´. Mas o certo é que a direita busca ratificar o modelo extrativista de acumulação, destruindo a economia própria de nossas comunidades, e para reverter isso é necessária a participação da sociedade”, ressalta Cuellar, e interpela os delegados sociais e religiosos presentes: "É necessário ver como se articula essa intenção da insurgência com a dinâmica própria do movimento social. Parar essa guerra, reclamar o cessar bilateral do fogo,impulsionar dinâmicas humanitárias, esses têm que ser as amarrações do processo de paz com a agenda do movimento popular”.


* Versão completa na edición impresa de Resumen Latinoamericano del mes de mayo.


* Reportaje realizado conjuntamente con la Agencia de Comunicación de los Pueblos Colombia Informa, www.colombiainforma.info