"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 6 de março de 2015

UM TEXTO MEMORÁVEL: Discurso do presidente Hugo Chávez contra o imperialismo, os fascistas e o diabo Bush


Texto completo do Discurso de Chávez na ONU
Senhora Presidente, Excelências, Chefes de Estado, Chefes de Governo, e altos representantes dos governos do mundo. Muito bom dia a todos e a todas.
Em primeiro lugar quero convidar, com muito respeito, aos que não puderam ler este livro, a que o leiamos: Noam Chomsky, um dos mais renomados intelectuais desta América e do mundo. Chomsky, um de seus mais recentes trabalhos: “Hegemonia ou Sobrevivência. A estratégia imperialista dos Estados Unidos”. Excelente trabalho para entender o que se passou no mundo no século XX, o que hoje está se passando e a maior ameaça que paira sobre nosso planeta, a pretensão hegemônica do Imperialismo Norte-americano põe em risco a sobrevivência mesma da espécie humana. Continuamos alertando sobre esse perigo, e fazendo um chamado ao próprio povo dos Estados Unidos e ao mundo, para deter esta ameaça que é como a própria espada de Dâmocles.
Eu pensava ler algum capítulo, porém, por respeitar o tempo, o deixo como uma recomendação. Se lê rápido. É muito bom, senhora Presidente, certamente você o conhece, está publicado em inglês, em alemão, em russo, em árabe [aplausos] evidentemente. Vejam, eu creio que os primeiros cidadãos que deveriam ler este livro são os cidadãos irmãos e irmãs dos Estados Unidos, porque a ameaça [vocês] a têm em sua própria casa, o Diabo está, pois, em casa. O Diabo, o próprio Diabo está em casa.
Ontem o Diabo veio aqui [risos e aplausos], ontem aqui esteve o Diabo, neste mesmo lugar. Esta mesa onde me tocou falar ainda fede a enxofre. Ontem, senhoras, senhores, desta mesma tribuna o Senhor Presidente dos Estados Unidos, a quem eu chamo “O Diabo”, veio aqui falando como dono do mundo. Um psiquiatra faria falta para analisar o discurso de ontem do Presidente dos Estados Unidos.
Como porta-voz do Imperialismo, veio dar suas receitas para tratar de manter o atual esquema de dominação, de exploração e de saqueio aos povos do mundo. Para um filme de Alfred Hitchcok estaria boa, inclusive eu proporia um título: “A receita do Diabo”. Quer dizer, o Imperialismo norte-americano, e aqui o diz Chomsky com uma clareza inquestionável e profunda, está fazendo desesperados esforços por consolidar seu sistema hegemônico de dominação. Nós não podemos permitir que isso ocorra, não podemos permitir que se instale a ditadura mundial, que se consolide, pois, que se consolide a ditadura mundial.
O discurso do Presidente “tirano” mundial, repleto de cinismos, pleno de hipocrisia, é a hipocrisia imperial, o intento de controlar tudo, eles querem impor-nos o modelo democrático como o concebem, a falsa democracia das elites, e ademais um modelo democrático muito original, imposto na base de explosões, de bombardeios e na base de invasões e de canhonaços. Porra, que democracia! Haveria que revisar as teses de Aristóteles e dos primeiros que falaram por lá na Grécia da democracia para ver que modelo de democracia é esse, o que se impõe à base de marines, de invasões, de agressões, e de bombas.
Disse o presidente dos Estados Unidos ontem, nesta mesma sala, o seguinte, cito: “Para onde quer que você olhe, ouve extremistas que lhe dizem que podem escapar da miséria e recuperar sua dignidade através da violência, do terror e do martírio”. Para onde quer que olhe, ele vê extremistas. Eu estou certo de que te vê a ti, irmão, com essa cor, e crê que és um extremista. Com esta cor. Evo Morales, que veio ontem, o digno Presidente da Bolívia, é um extremista. Por todos os lados os imperialistas veem extremistas. Não, não é que somos extremistas, o que passa é que o mundo está despertando e, por todos os lados, os povos insurgimos. Eu tenho a impressão, senhor ditador imperialista, de que você vai viver o resto de seus dias com um pesadelo, porque, para onde quer que mire, vamos surgir, nós, os que insurgimos contra o imperialismo norte-americano. Os que clamamos pela liberdade do mundo, pela igualdade dos povos, pelo respeito à soberania das nações; sim, nos chamam de extremistas, insurgimos contra o Império, insurgimos contra o modelo de dominação.
Depois, o senhor presidente veio a falar-lhe, disse assim: “hoje quero falar diretamente às populações do Oriente Médio. Meu país deseja a paz”, isto é certo, se nós vamos pelas ruas do Bronx, se nós vamos pelas ruas de Nova Iorque, de Washington, de San Diego, da Califórnia, de qualquer cidade, de San Antonio, de San Francisco e perguntamos às pessoas nas ruas, aos cidadãos estadunidenses, este país quer a paz. A diferença está em que o governo deste país, dos Estados Unidos, não quer a paz, quer impor-nos seu modelo de exploração e de saqueio e sua hegemonia a ponta de guerras, essa é a pequena diferença. Quer a paz, e o que está se passando no Iraque? E o que tem passado no Líbano e na Palestina? E o que passou em cem anos, pois, na América Latina e no mundo e agora as ameaças contra Venezuela, novas ameaças contra o Irã? Falou ao povo do Líbano, “muitos de vocês –disse- viram como seus lares e suas comunidades ficaram encurraladas no fogo cruzado”. Ora, que cinismo! Ora, que capacidade para mentir descaradamente ante o mundo! As bombas em Beirute e lançadas com precisão milimétrica são fogo cruzado? Creio que o Presidente está pensando nos filmes do oeste quando se disparava a partir da cintura e alguém ficava atravessado no fogo cruzado.
Fogo imperialista! Fogo fascista! Fogo assassino! E fogo genocida o do Império e o de Israel contra os povos inocentes da Palestina e do Líbano. Essa é a verdade. Agora dizem que sofrem, que estamos sofrendo porque vemos seus lares destruídos.
Enfim, o Presidente dos Estados Unidos veio falar aos povos, veio a dizer; ademais, eu trouxe, senhora presidenta, uns documentos, porque estive nesta madrugada vendo alguns discursos e atualizando minhas palavras. Falou ao povo do Afeganistão, ao povo do Líbano, ao povo do Irã lhe disse, ao povo do Líbano lhe disse, ao povo do Afeganistão lhe disse. Alguém se pergunta, assim como o Presidente dos Estados Unidos lhes diz: disse para esses povos, que lhe diriam esses povos a ele? Se esses povos pudessem falar, que lhe diriam? Eu lhes vou recolher porque conheço a maior parte da alma desses povos, os povos do Sul, os povos aturdidos diriam: Império ianque go home! Esse seria o grito que brotaria por todas as partes, se os povos do mundo pudessem falar a uma só voz ao Império dos Estados Unidos.
Por isso, senhora Presidenta, colegas, amigas e amigos, nós no ano passado viemos aqui a este mesmo salão como em todos os anos e nos últimos oito, e dizíamos algo que hoje está confirmado plenamente e eu creio que aqui quase ninguém nesta sala pudesse parar a defendê-lo, a defender o sistema das Nações Unidas, aceitemo-lo com honestidade, o Sistema das Nações Unidas nascido depois da Segunda Guerra Mundial colapsou, desabou, não serve. Ah, bem, para vir aqui a discursar, a ver-nos uma vez ao ano, sim, para isso sim serve, e para fazer documentos muito longos e fazer boas reflexões e ouvir bons discursos como o de Evo ontem, como o de Lula, sim, para isso serve e muitos discursos, o que estávamos ouvindo agora mesmo do Presidente de Sri Lanka e da Presidenta do Chile, porém converteram esta Assembleia num órgão meramente deliberativo, meramente deliberativo sem nenhum tipo de poder para impactar da mais mínima maneira a realidade terrível que o mundo vive. Por isso, nós voltamos a propor, Venezuela volta a propor aqui hoje, neste dia 20 de setembro, que refundemos as Nações Unidas e nós fizemos no ano passado, senhora Presidenta, quatro modestas propostas que consideramos de necessidade impostergável para que as assumamos, bem, os Chefes de Estado, os Chefes de Governo, nossos embaixadores, nossos representantes e as discutamos.
Primeiro: a expansão. Ontem o dizia Lula aqui mesmo, do Conselho de Segurança tanto em suas categorias Permanentes como nas Não Permanentes, dando entrada a novos países desenvolvidos e a países subdesenvolvidos, o Terceiro Mundo, como novos membros permanentes. Isso em primeiro lugar.
Em segundo lugar, bem, a aplicação de métodos eficazes de atenção e resolução dos conflitos mundiais. Métodos transparentes, de debate, de decisões; terceiro, nos parece fundamental a supressão imediata, e isso é um clamor de todos, desse mecanismo antidemocrático do veto. O veto nas decisões do Conselho de Segurança. Vai um exemplo recente, o veto imoral do governo dos Estados Unidos permitiu livremente às forças israelenses destroçarem o Líbano no rosto, diante de todos nós, evitando uma resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
E, em quarto lugar, é necessário fortalecer, dizemos sempre, o papel, as atribuições do secretário-geral das Nações Unidas. Ontem nos apresentava um discurso o secretário-geral praticamente de despedida, e reconhecia que, nestes dez anos, o mundo o que tem feito é complicar-se e que os graves problemas do mundo, a fome, a miséria, a violência, a violação aos direitos humanos o que tem feito é agravar-se, isto é consequência terrível do colapso sobre o sistema das Nações Unidas e da pretensão imperialista norte-americana.
Por outro lado, Senhora Presidenta, Venezuela decidiu há vários anos travar esta batalha por dentro das Nações Unidas, reconhecendo as Nações Unidas como membro que somos, com nossa voz, com nossas modestas reflexões. Uma voz independente somos, para representar a dignidade e a busca da paz, a reformulação do sistema internacional, para denunciar a perseguição e as agressões do hegemonismo contra os povos do Planeta. Venezuela, dessa maneira, apresentou seu nome. Esta pátria de Bolívar apresentou seu nome e tem postulado para um posto como Membro Não Permanente do Conselho de Segurança. Vá você saber, o governo dos Estados Unidos iniciou uma agressão aberta, uma agressão imoral no mundo inteiro para tratar de impedir que Venezuela seja eleita livremente para ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança. Têm medo da verdade. O Império tem medo da verdade, das vozes independentes, acusando-nos de extremistas. Eles são os extremistas.
Eu quero agradecer aqui a todos aqueles países que anunciaram seu apoio a Venezuela, ainda quando a votação é secreta e não é necessário que ninguém o anuncie, porém eu creio que, dada a agressão aberta do Império Norte-americano, pois, isso acelerou o apoio de muitos países, o qual fortalece muito moralmente a Venezuela, ao nosso povo, ao nosso governo, ao MERCOSUL, por exemplo, em bloco anunciaram seu apoio a Venezuela nossos irmãos do MERCOSUL. Venezuela agora é membro pleno do MERCOSUL com Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, e muitos outros países da América Latina, como a Bolívia. O CARICOM em plenário anunciou seu apoio a Venezuela. A Liga Árabe em pleno anunciou seu apoio a Venezuela, agradeço muitíssimo ao mundo árabe, a nossos irmãos da Arábia, essa Arábia profunda, a nossos irmãos do Caribe. A União Africana, quase toda África anunciou seu apoio a Venezuela e países, bem, como Rússia, como China e muitos outros países do Planeta. Muitíssimo obrigado em nome de Venezuela, em nome de nosso povo e em nome da verdade, porque Venezuela, ao ocupar um posto no Conselho de Segurança, vai trazer a voz não só de Venezuela, a voz do Terceiro Mundo, a voz dos povos do Planeta, aí estaremos defendendo a dignidade e a verdade.
Mais além de tudo isto, senhora Presidenta, creio que há razões para que sejamos otimistas. Irrenunciavelmente otimistas, diria um poeta, porque, mais além das ameaças, das bombas, das guerras, das agressões, da guerra preventiva, da destruição de povos inteiros, alguém pode apreciar que se está levantando uma nova era, como canta Silvio Rodríguez, “a era está parindo um coração”. Se levantam correntes alternativas, pensamentos alternativos, juventudes com pensamento diferente. Já se demonstrou em apenas uma década que era totalmente falsa a tese do Fim da História, totalmente falsa a instauração do Império Americano, da paz americana, a instauração do modelo capitalista, neoliberal, que o que gera é miséria e pobreza. É totalmente falsa a tese, veio abaixo, agora há que definir o futuro do mundo. Há um amanhecer no Planeta e se vê por todas as partes, pela América Latina, pela Ásia, pela África, pela Europa, pela Oceania; quero ressaltar essa visão de otimismo para que fortaleçamos nossa consciência e nossa vontade de batalha por salvar o mundo e construir um mundo novo, um mundo melhor.
Venezuela se soma a essa luta e por isso somos ameaçados. Os Estados Unidos já planejaram, financiaram e impulsionaram um golpe de Estado em Venezuela. E os Estados Unidos continuam apoiando movimentos golpistas em Venezuela e contra Venezuela, continua apoiando ao terrorismo. A Presidenta Michele Bachelet já relembrava há uns dias, perdão, há uns minutos, o terrível assassinato do ex-chanceler chileno Orlando Letelier. Eu só acrescentaria o seguinte, os culpados estão livres. E os culpados por aquele fato onde morreu também uma cidadã estadunidense são norte-americanos, da CIA. Terroristas da CIA.
Porém, ademais, há que relembrar nesta sala que dentro de poucos dias também se cumprirão 30 anos, igualmente, daquele ato terrorista horripilante da explosão do avião cubano, onde morreram 73 inocentes, um avião da Cubana de Aviação; e onde está o maior terrorista deste continente e quem assumiu –ele- a explosão do avião cubano como autor intelectual? Esteve preso em Venezuela por alguns anos, fugiu de lá por cumplicidade de funcionários da CIA e do governo venezuelano de então, está vivendo aqui nos Estados Unidos, protegido por este governo, e foi convicto e confesso. O governo dos Estados Unidos tem a política de dois pesos e duas medidas e protege o terrorismo.
Estas reflexões são para dizer que Venezuela está comprometida na luta contra o terrorismo, contra a violência e se une a todos os povos que lutamos pela paz e por um mundo de iguais.
Falei aqui do avião cubano, Luis Posada Carrilles se chama o terrorista, está protegido aqui, como protegidos estão aqui grandes corruptos que fugiram de Venezuela, um grupo de terroristas que lá puseram bombas contra embaixadas de vários países, que lá assassinaram gente durante o golpe de Estado, sequestraram a este humilde servidor, e iam fuzilá-lo, só que Deus meteu sua mão e um grupo de bons soldados e um povo que foi às ruas e milagrosamente, pois, estou aqui; estão aqui protegidos pelo governo dos Estados Unidos os líderes daquele golpe de Estado e daqueles atos terroristas. Eu acuso o governo dos Estados Unidos de proteger ao terrorismo e de ter um discurso totalmente cínico.
Falemos de Cuba, viemos de Havana, viemos felizes de Havana, estivemos lá vários dias e ali se pôde ver o nascimento de uma nova era, a Cúpula do Grupo dos 15, a Cúpula do Movimento dos Não Alinhados, com uma resolução histórica, documento final, não se assustem, não vou lê-lo todo, porém aqui há um conjunto de resoluções tomadas em discussão aberta e com transparência, mais de 50 Chefes de Estado, Havana foi capital do Sul durante uma semana. Relançamos o Grupo dos Não Alinhados, o Movimento dos Não Alinhados, e se algo eu posso pedir aqui a todos vocês, companheiros e irmãos e irmãs, é que ponhamos muita vontade para fortalecer o Grupo dos Não Alinhados, importantíssimo para o nascimento da nova era, para evitar a hegemonia e o Imperialismo e, ademais, vocês sabem que designamos a Fidel Castro Presidente do Grupo dos Não Alinhados para os próximos três anos e estamos certos de que o companheiro Presidente Fidel Castro vai levar a batuta com muita eficiência. Para os que queriam que Fidel morresse, pois, frustrados ficaram e frustrados ficarão porque Fidel já está uniformizado novamente de verde-oliva e agora não só é o Presidente de Cuba como também o Presidente dos Não Alinhados.
Senhora Presidenta, queridos colegas, presidentes, aí nasceu um movimento muito forte, o do Sul. Nós somos homens e mulheres do Sul, nós somos portadores, com estes documentos, com estas ideias, com estas críticas, com estas reflexões que já fecho minha pasta e levo o livro, não esqueçam que o recomendo muito a vocês, com muita humildade, tratamos de fornecer ideias para a salvação deste Planeta, para salvá-lo da ameaça imperialista e para que oxalá, em breve, neste século, não muito tarde, oxalá possam vê-lo e vivê-lo melhor nossos filhos e nossos netos, um mundo de paz sob os princípios fundamentais da Organização das Nações Unidas, relançada e reorientada. Creio que temos que sediar as Nações Unidas em outro país, em alguma cidade do Sul, propusemos desde Venezuela, vocês sabem que meu médico pessoal teve que ficar enclausurado no avião, o Chefe de minha segurança teve que ficar retido no avião, não lhes permitiram vir às Nações Unidas. Outro abuso e arbitrariedade, Senhora Presidenta, que pedimos de Venezuela que fique registrado como arbitrariedade até pessoal do Diabo, fede a enxofre, porém Deus está conosco, um bom abraço e que Deus nos abençoe a todos. Muito bom dia.
Tradução de Joaquim Lisboa Neto

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Tomado de Resumen Latinoamericano