"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 17 de dezembro de 2011

Carta de Timoleón Jimenéz ao Gral. Valencia Tovar


FUERZAS ARMADAS REVOLUCIONARIAS DE COLOMBIA
EJÉRCITO DEL PUEBLO
FARC – EP


General Valencia Tovar:


Lamento profundamente que a erudição política e histórica do autor de “O ser guerreiro do Libertador”, que o camarada Jacobo Arenas valorizada altamente e que ordenou editar e reeditar como texto de estudo em nossa organização revolucionária armada, no fim de sua vida sofresse um desgate na pobreza de argumentos com os quais escreve para me convidar para a deserção.

Se o Sr. solicitar ao serviço de inteligência militar a relação dos Comunicados do Secretariado Nacional das FARC nos últimos 25 anos, vai encontrar facilmente que o pseudônimo que me atribui nunca foi utilizado por mim. A Guerra Fria e seu componente ideológico, a Doutrina de Segurança Nacional, que o senhor tanto valoriza, o dotaram de um anticomunismo tão raivoso que, enquanto o Presidente Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Churchill recorreram sem hesitação à União Soviética a fim de salvar suas economias e países do totalitarismo nazista, o senhor o destila contra os heróis do Exército Vermelho que fizeram possível tal façanha.

Nas FARC, aproximamos-nos dos 48 anos de luta continua. Se isso nos transforma em obsoletos, o quê se poderia dizer do senhor, que no final dos anos cinquênta já tentava fazer com Ciro Trujillo o que tenta fazer comigo hoje. Nossa plataforma para um novo governo de Reconciliação e Reconstrução Nacional, produzido na Oitava Conferência Nacional, em 1993, e adotado como programa de luta do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia, contém algumas propostas de país e sociedade que o senhor, aparentemente, não conhece e recomendo que as estude para poder falar com alguma propriedade sobre nossos conceitos e idéias.

Permito-me, assim como milhões e milhões de colombianos, duvidar da sua objetividade sobre o desenvolvimento da guerra interna travada na Colômbia, assim como do reconhecimento do senhor para com sinistros personagens como Álvaro Uribe e os generais que menciona. Por muitos que sejam os crimes que tenta imputar-nos, jamais poderão esconder perante o país e o mundo a horrenda hecatombe e o sangrento desastre que o nosso país tem sofrido por obra do militarismo e do paramilitarismo, que homens como o senhor tem patrocinado durante toda a vida na esfera privada e negado publicamente.

Não deixa de me surpreender que uma insurgência em debandada como o senhor descreve, tenha que ser combatida com um orçamento e um exército tão grandes, que a cada ano aumenta em recursos financeiros e poderio. Nem que um Estabelecimento tão bem aferrado ao poder, com tamanho poder mediático de dominação, se veja forçado a apelar para veteranos mumificados em sua vida como o senhor, para tentar conseguir o que não pode com suas operações militares. Quando o senhor ordenou ocultar o corpo do padre Camilo Torres, nem sequer imaginava que 45 anos depois, seus êmulos ocultariam da mesma forma os cadáveres de outros gigantescos comandantes guerrilheiros. Os generais que agora agem como o senhor, não tem a menor idéia do que este povo sofrido, empobrecido e perseguido, será capaz de obter no amanhã.

Estou ciente, senhor General em uso de confortável aposentadoria, da enorme responsabilidade perante o povo da Colômbia, perante meus homens, minha patria e a história, o que significa assumir o comando das FARC - Exército do Povo. Poderá compreender então por quê não posso deixar de sorrir com tristeza para os cantos de sereia de traição que um antigo homem de armas se atreve a me dirigir.


Cordialmente,

Timoleón Jiménez
Comandante do Estado Maior Central das FARC-EP
Montanhas da Colômbia, 11 de dezembro de 2011