"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Emir Sader: O asilo de Assange; sinais dos tempos



Fonte: WWW.vermelho.org.br

A crise diplomática gerada pela aceitação do asilo de Julian Assange pelo Equador reflete as novas condições do mundo contemporâneo. Em primeiro lugar, porque as mídias alternativas conseguiram grande vitória sobre o segredo diplomático das grandes potências, logrando colocar à disposição da opinião pública mundial mais de 5 mil documentos até ali considerados secretos.

Por Emir Sader*, em seu blog


Em segundo lugar, porque ao tentar fazer recair sobre o principal responsável por essa divulgação, Julian Assange, o peso da repressão e da censura, se viram às voltas com a solidariedade do governo do Equador, dos governos latino-americanos e de várias outras forças da própria Europa. Não puderam evitar, apesar das bravatas do governo britânico, o asilo de Assange na Embaixada do Equador e ainda tem que sofrer a campanha de protestos pela sua atitude e a favor do salvo-conduto que Assange necessita para seguir para o Equador.

Em terceiro lugar, um país progressista latinoamericano não apenas peitou o governo britânico, como aparece como território de abrigo de alguém que passou a representar a liberdade de expressão no mundo, enquanto que a Grã Bretanha aparece como seu perseguidor.

Em quarto lugar, a Grã Bretanha, com a atitude do seu governo, já é e continuará sendo objeto de campanhas no seu próprio país e em vários outros países do mundo, pela liberdade de Assange e contra a atitude do governo britânico.

Ao tomar a atitude que toma, o governo da Grã Bretanha faz uma aposta muito perigosa: a de ter que suportar, por tanto tempo quanto pretenda retardar o salvo-conduto para Assange, campanhas mundiais contra sua posição e a favor de Assange.

Se juridicamente o governo britânico pode retardar por um tempo indefinido a saída de Assange da embaixada equatoriano na direção do país que lhe concedeu asilo, a questão será decidida pelo grau de desgaste que a Grã Bretanha está disposta a sofrer por essas campanhas. Ela pode sustá-las concedendo de imediato o salvo-conduto a Assange ou ter que finalmente concedê-lo, quando esse desgaste já tenha se dado por um tempo mais ou menos longo.

Seja qual for o desfecho da situação, a Grã Bretanha – e, com ela, os EUA - saem perdedores, enquanto o Equador, a América Latina e Assange, sairão vencedores. Porque representam a liberdade de expressão, as formas alternativas de mídia, a ruptura de mecanismos de de diplomacia secreta.

Sinais de que os tempos mudaram no mundo. E, neste caso, para melhor.


* Emir Sader é cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj)