As Notas de ANNCOL
Os argumentos que foram expostos a partir dos assassinatos e desaparecimentos dos sindicalistas, passando pela grave situação dos Direitos Humanos na Colômbia e até a perda de empregos dos cidadãos estadunidenses.
Juan Carlos Vallejo*
Peneiras no sol da narcodemocracia colombiana
A poderosa e influente Federação Americana de Trabalho e o Congresso de Organizações Industriais, mais conhecidas por suas siglas em inglês, AFL-CIO, que tem entre suas filas mais de 10 milhões de trabalhadores, Ativaram uma campanha a nível nacional e internacional para se opor à aprovação de Tratado de Livre Comércio entre os Estados Unidos e a Colômbia. Os argumentos que são expostos vão desde assasinatos e desaparicimento dos sindicalistas, passando por uma grave situação de Direitos Humanos e até a perda de empregos dos cidadãos estadunidenses. Mas a novidade é que tem tido mais eco entre os membros do congresso e grupos de pressão cidadã os estreitos vínculos com o narcotráfico e com o paramilitarismo do narco-presidente Uribe e membros do narco-congresso colombiano. Ninguém esperava tantos e tão bons resultados da campanha em tão pouco tempo, pois até congressistas republicanos estão tomando nota disso.
Vendida a Al-Jazirah?
O rumor vinha de muito tempo atrás: a CIA estava desesperadamente buscando a forma de comprar o canal independente, com sede em Doha, Qatar, para silenciá-lo. Depois que as grandes corporações midiáticas estadunidenses, propriedade do complexo industrial militar, como Boeing e General Electric, fracassaram em suas tentativas de livrar-se do incômodo canal, a CIA resolveu criar uma empresa de fachada com a participação de vários “aliados” árabes. Ao que parece a transação havia se mantido em um completo segredo até que os exigentes telespectadores árabes começaram a notar uma progressiva deterioração na programação, na cobertura e no conteúdo da informação. Um detalhe que chamou muito a atenção, foi o lançamento da Al Jazirah em inglês e nos canais oferecidos pelas empresas de televisão a cabo nos Estados Unidos. Pois não se podia entender que enquanto se fechavam as portas para a Telesur da Veneuzuela, se permitia a entrada sem contratempos da Al- Jazirah nos lares estadunidenses.
Jogaram com Ingrid (Esperem noticía exclusiva)
O papelão montado pelo narco-governo colombiano e direitista presidente francês, Nicolas Sarkozy, não tinha outro motivo senão o de tirar proveito político no meio da tempestade. Para o narco-presidente colombiano era de vital urgência mandar uma mensagem a Washington de seus “esforços humanitários” pela liberação dos civis retidos e prisioneiros de guerra em poder das FARC-EP, pois ele tinha que apagar a todo custo a imagem de insensível e violador dos direitos humanos que tem nos setores democratas dos Estados Unidos. Ainda mais quando Bush havia advertido que, em uma medida desesperada, lançaria ao congresso estadunidense, sob a consígnia da Segurança Nacional, a aprovação do TLC. Para o presidente francês, era de suma importância desviar a atenção para Ingrid, quando havia tomado a decisão de enviar mil soldados ao Afeganistão, rompendo com a tradicional oposição francesa a participar das loucuras bélicas de Bush. Sarkozy esperava que a esquerda na França perdoasse isso em troca da libertação de Ingrid. Mas as coisas não saíram como o planejado nem para Uribe, nem para Sarkozy. Não contavam que as FARC-EP tinha uma carta na manga, e ao sair com ela por outro lugar, Uribe e Sarkozy se queimaram.
Não é estranho o silêncio da Fiscalía e da Procuradoria
Sem parar, seguem chegando queixas sobre os serviços da “Lei de Justiça e Paz” em Medellín. O problema já não é mais apenas as senhoras Rocio Pineda e Patrícia Buriticá, mas extendeu-se a outras funcionárias de menores cargos. O que não é estranho é o silêncio da Fiscalía e da Procuradoria para tomar partido no assunto. Há muitos interesses por trás.
Evo, o ingênuo
O presidente boliviano se passa de ingênuo. Agora diz que chama a Igreja Católica, abençoadora de armas, para que “dialogue” com os prefeitos que impulsionam o referendo para partir para a Bolívia em mil pedaços. A Igreja Católica “mediadora”? Se é ela quem apadrinhou o latrocínio infame do povo latino-americano. Se é ela também parte do problema e esteve também por trás dos levantes nas regiões separatistas. O problema de Evo Morales não é somente sua ingenuidade, mas também seu vice-presidente, Álvaro Garcia Linera. Foi ele quem deu status aos movimentos separatistas e que freou as ações do povo boliviano em defesa do presidente Morales. A Igreja Católica vai é complicar mais a vida de Evo e do povo da Bolívia. Isso é como ter um problema com Ali Babá e chamar um dos seus 40 de “mediador”.
Feliz aniversário Colômbia!
Ou melhor, “Happy birthday, happy birthday to you”, pois é tanta sua genoflexão que só se entende em inglês.
Te desejo um feliz aniversário. Já são 60 anos matanto-te, sangrando-te, expoliando-te, explorando-te, submetendo-te. Com a guerra civil mais antiga do planeta. A oligarquia mais corrupta, assassina, racista e vende-pátrias do mundo inteiro. Com a Igreja Católica benzedora de armas, traficantes da fé, decrepta, elitista. E seus fabulosos meios de comunicação, “objetivos” e “imparciais”. E seu setor privado “justo”, “gerador de emprego” e “respeitoso aos sindicatos”.
Celebre pois, feliz com seus carrascos, seus paramilitares, seus mafiosos e suas putas modelos pré-pago, que são uma maravilha.
E que cumpra muitos mais... Bela narco-democracia!
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*Escritor e analista político internacional.