Tentáculos do ministro de defesa colombiano Santos chegam à diretoria da SIP
Jean Guy Allard, jornalista canadense, revelou que o único latino-americano que está na diretoria da Sociedade Inter-Americana de Imprensa, é Enrique Santos Calderón, parente do ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos. Allard se baseou no estudo sobre a SIP que foi feito por seu colega chileno Ernesto Carmona, que viveu exilado na Venezuela durante a ditadura de Augusto Pinochet.
Por Aporrea/Anncol
Caracas, 28 de março de 2008 / “No conselho de administração da SIP há apenas um latino-americano. Todos os demais são norte-americanos. Quem é o representante da América Latina? Enrique Santos Calderón, que é parente da família proprietária do El Tiempo de Bogotá. É o único latino-americano que pertence à cúpula da diretoria”, revelou Jean Guy Allard, jornalista canadense, que baseou sua afirmação em um estudo de seu colega chileno Ernesto Carmona.
“A SIP é um clube de proprietários de meios de comunicação, que investem na informação e na desinformação (...) São uma câmara de comércio perigosíssima por seu poder de difusão e perigosíssima porque a SIP é um instrumento do dispositivo norte-americano de desinformação continental”, afirmou Allard, durante o programa Em Confianza, que é transmitido pela VTV.
Relembrou também que o nome da SIP foi seqüestrado em 1950, “há uma testemunha, o colega Vera de Cuba, que viveu esses eventos, quando Gene Dubois, um coronel da inteligência norte-americana dirigiu a operação de recuperação do nome da SIP que até esse momento era uma organização legítima que representava a imprensa e os jornalistas do continente e a converteu em uma associação de empresas que se dedicam a vender informação e a defender seus interesses econômicos”.
Meios de comunicação, negócios de família
“A SIP está encabeçada por um núcleo rígido de grandes famílias que correspondem a essa etapa que se vão formando nossos países no Século XIX: Os Mitre na Argentina, diário La Nación; Os Miró Quesada no Peru, diário El Comercio; O Mercurio no Chile (...) É importante conhecer o papel que essas famílias tiveram”, destacou por sua parte José Steinsleger, jornalista e escritor do La Jornada do México.
“Eles defendem muito a liberdade de expressão mas, por exemplo, na página de dados da SIP, há um senhor que se chama Danilo Arvilla, do Uruguai, que foi presidente da SIP, que utiliza uma frase de James Madison (quarto presidente dos Estados Unidos): ‘É o povo quem pode censurar e jamais o governo pode censurar o povo’, e Arvilla conclui: ‘efetivamente é assim, onde já se viu os mandatários poderem censurar os seus mandantes?’. Quem lê essas coisas chega a dizer: ‘caramba, que espírito democrático o da SIP’”, sustentou Steinsleger.
“Quem é esse Arvilla que diz essas coisas? Em junho de 1973, Arvilla proibiu no Uruguai a divulgação de todo tipo de informação, como Ministro da Comunicação do presidente golpista Juan María Bordaberry, que pudesse perturbar a tranqüilidade e a ordem pública. Arvilla fechou 173 meios de comunicação”, especificou o jornalista do La Jornada do México.
“Os meios pensam que é possível exercer a liberdade sem nenhum tipo de responsabilidade social. Eles não prestam contas a ninguém, exceto aos seus patrões e aos capitais que necessitam estar mediando no espaço econômico para dizer qualquer coisa (...) Se alguma instância política, social e inclusive popular disser ‘você está mentindo’, sua defesa é que ‘hoje sou livre para dizer o que quero’ e podem dizer qualquer barbaridade. Isso é terrorismo midiático”, pontualizou.