"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Colômbia: A América de Bolivar não é chantageável

Por Iván Márquez - FARC-EP


Sem nenhuma ou com pouca reação dos governos, pouco a pouco a política fascista do regime da Colômbia, descarado peão da geopolítica de Washington, vem se trasnacionalizando em detrimento das soberanias nacionais.
O primeiro passo para essa abusiva pretensão foi a invasão militar ao Equador com apoio tecnológico do governo dos Estados Unidos, alegando ser um ataque a um acampamento transitório da guerrilha das FARC nesse país. A delirante defesa deste ato de pirataria e violação à lei internacional foi sustentada pela doutrina da "soberania territorial condicionada aos problemas de segurança", pela qual o governo colombiano se atribui o direito de atuar extra-territorialmente em prol de sua particular visão e de sua estratégia contra-insurgente, passando por cima dos povos e de seus governantes.
Em consonância com esta ofensa ao direito internacional, haviam sequestrado Rodrigo Granda, na cidade de Caracas, e capturado Simón Trinidad, no Equador de Lucio Gutiérrez. Os Presidentes que não se submetem a estes critérios nocivos à soberania, são colocados em sua mira e sob a suspeita de serem governantes aliados do narcotráfico, da guerrilha e do terrorismo. Todas as embaixadas colombianas atuam com essa instrução da chancelaria do terrorismo de Estado, que é como se deve chamar este podre regime de Bogotá, que chama de "terrorismo" a resistência dos oprimidos frente aos desmandos do poder, e de "guerra" ao brutal terrorismo de Estado que pratica o governo da Colômbia contra os cidadãos.
A soberania pátria não pode ceder nem um pouco perante o governo mafioso e terrorista do senhor Uribe. O governo de Bogotá atua e se move sob a inspiração da política de Segurança Democrática, novo rótulo da velha Doutrina de Segurança Nacional, desenhada pelos estrategistas do Comando Sul do exército dos Estados Unidos, empenhados no sonho monroista de "América para os americanos" e dos falcões de Washington, que não renunciam à idéia de considerar a Nossa América como seu quintal.
O que está em jogo é a recolonização neoliberal da América Latina e do Caribe, e a utilização da Colômbia como cabeça de ponte para o assalto usurpador de nossas riquezas e a submissão política de todas as nações do hemisfério. O que busca a política de Segurança Democrática é a segurança investidora, pela qual contempla, por uma parte, a implementação de leis draconianas para, através delas, dissuadir a crescente inconformidade social e, por outro lado, as ações militares contra a resistência armada para garantir a exploração sem sobressaltos do petróleo, do gás, da biodiversidade, do trabalho e de todas as riquezas da nossa América.
Neste contexto, o governo de Uribe constituiu-se como a principal ameaça regional e um gerador perigoso da desestabilização dos governos patrióticos e progressistas, e dos movimentos sociais da Nossa América. Para isso, o sub-secretário de Estado John Negroponte orientou que se utilizassem, apesar de não terem nenhuma validez jurídica, os dados de um computador fraudulento, que mesmo a Interpol reconhece haver sido manipulado sem que se observassem os princípios reconhecidos internacionalmente para o tratamento de provas eletrônicas. Em um e-mail do dia 28 de maio, o professor universitário e cientista político colombiano Alfredo Rangel, agente da CIA, ou pelo menos assalariado dos gringos, disse ao ministro de defesa Juan Manuel Santos que "o Departamento de Estado havia acordado conosco manter a ofensiva contra Chávez e seus aliados, e reconhece como positivo haver intoxicado os computadores".
Apoiada nesses dados falsificados, a chancelaria terrorista de Uribe se incubiu a tarefa de visitar países com a insolente exigência aos respectivos governos de entregar ao regime de Bogotá, ou na sua falta, abrir ações judiciais contra os civis cujos nomes apareçam nos dados eletrônicos inventados por sua perversidade. Esta gestão inclui a chantagem de que se os governos não atenderem a seus despropósitos, filtrarão na imprensa de direita os supostos dados.
Simultaneamente, com ou sem o consentimento dos governos, estão organizando com a CIA, o Mossad e algumas agências locais, grupos de assassinos para exterminar opositores, como ocorre por exemplo com o proeminente líder de esquerda dominicano Narciso Isa Conde, presidente da Coordenadora Continental Bolivariana. Acompanham a estratégia criminosa de Bogotá e Washington, a Dincote do Peru e a Interpol. O propósito desta direita neoliberal violenta e terrorista é criminalizar o pensamento, reviver planos como o Condor para eliminar fisicamente as novas gerações de dirigentes revolucionários que em torno de Bolívar e de nossos heróis libertários deste século, lutam por uma ordem social mais justa na Nossa América. Um governo narco-paramilitar e terrorista como o de Bogotá não pode encurralar todo um continente. Esse governo ilegítimo e ilegal se sustenta pelo criminoso apoio que recebe da Casa Branca e pelos recursos das campanhas manipuladoras de opinião ou como o que hoje se costuma chamar, o terrorismo midiático. O governo de Uribe sobrevive em meio à mais pavorosa ilegitimidade, o terrorismo de Estado paramilitar que têm provocado centenas de massacres de cidadãos indefesos, milhares de desaparecidos em fossas sem serem desenterrados, milhões de deslocados e terras roubadas.
Um governo sustentado em fraudes eleitorais, truculências para acomodar a Constituição a suas ambições de poder político, e por conspirações criminosas para conciliar os interesses de militares, fiscais, congressistas, empresários e proprietários de terras que têm banhado o solo colombiano de sangue através de seus paramilitares. Os governos e povos do continente devem declarar-se em alerta permanente mediante os planos desestabilizadores forjados por Washington e Bogotá contra a independência e os interesses comuns da região. A América de Bolívar não é chantageável.
Iván Márquez é integrante da Comissão Internacional das FARC