"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 1 de maio de 2010

Pablo Catatumbo: “Nenhum dos candidatos, oferece uma verdadeira solução para os problemas nacionais...”


ANNCOL

DEZ ANOS DE LUTA PELA UNIDADE DO POVO, A SOBERANIA E A PAZ DEMOCRÁTICA:

Compatriotas: Ao comemorarmos, neste 29 de abril, o décimo aniversário da fundação do Movimento Bolivariano Pela Nova Colômbia, queremos fazer um justo reconhecimento aos milhares de combatentes clandestinos, trabalhadores do campo e da cidade, camponeses, mulheres, donas de casa, estudantes revolucionários, componentes das diversas etnias, jovens das favelas, aos nossos prisioneiros, aos nossos mortos e demais compatriotas que com sua dedicação, sacrifício e heroísmo de cada dia, tornaram possível cristalizar este esforço formidável, no meio de mais feroz, criminosa e infame campanha de perseguição, de desinformação, de calunia e repressão contra o nosso povo.

Justo reconhecimento a esses lutadores clandestinos do trabalho cinzento e permanente, que muitas vezes não recebem o brilho que fornecem as armas e tornam imortais os guerreiros heróicos, mas enfrentam tantos riscos como os que se correm no campo de batalha, sendo essa intrepidez de onde deriva seu heroísmo.

Agora no ocaso de um dos mais nefastos governos antipopulares dos últimos tempos, o governo ditatorial e plutocrático de Álvaro Uribe Vélez, governo em que desde o poder se cometeram todos os tipos de crimes hediondos, que não hesitou em recorrer à piores formas de delinquência aspirando a perpetuar-se no poder, desde o assassinato infame de compatriotas inocentes para apresentá-los como macabros e falsos troféus de guerra, tentando esconder o fracasso da sua mal chamada “Segurança Democrática”, demente engendro fascista que durante dois mandatos presidenciais deu de cara com a parede granítica da insurgência guerrilheira, sem conseguir derrotá-la, como prometido, até comprar sua reeleição, subornando parlamentares, outorgando cargos, pagando para que recolhessem assinaturas e tentando aprovar um referendum espúrio com mais dinheiro do que o permitido e abusando de todos os tipos de tramóias para que o Parlamento votasse à sua vontade, alterando o texto do que os signatários pediam para ajustá-lo ilegalmente a suas ambições e doando de mão beijada aos ricos, enquanto negava aos pobres, mais de 400 milhões de dólares através do programa Agro Ingresso Seguro.

Tudo isso para garantir uma segunda reeleição consecutiva, em outro período do mesmo presidente.

Felizmente, a Corte Constitucional pronunciou-se contra tamanho atropelo e pôs fim a tal abuso. Vai-se embora, pois o ditador – mafioso – sem cumprir sua missão de perpetuar-se no poder como um autocrata, e sem ter conseguido aniquilar ou curvar à insurgência guerrilheira, como era o seu desejo.

Estamos agora na reta final de uma campanha eleitoral sui generis, com pouca diferença de tons, na qual não participam porta-vozes autênticos dos partidos políticos que representem os interesses nacionais, nem populares e em que estão ausentes os verdadeiros programas de governo.

Com poucas exceções, os que estão na disputa, são candidatos de uma grande capacidade de manipulação mediática, alguns deles, oportunistas com um grande rabo de palha, manchados até o pescoço em escândalos da corrupção, abuso de poder e no meio de uma profunda crise de legitimidade do sistema político que representam.

Uma vez que candidatos à presidência disputam entre si em aberta disputa, qual deles é o mais reacionário e herdeiro do servilismo pro-ianque e da “segurança democrática”, está ausente no debate eleitoral e discussão dos graves e verdadeiros problemas que preocupam à grande maioria nacional: A necessidade de uma verdadeira reforma agrária real que faça justiça aos camponeses e dê solução às necessidades do nosso abastecimento interno; a recuperação de nossa soberania e dignidade nacional, hoje pisoteada com a existência de sete bases militares dos EUA no território nacional; a solução para o imenso drama dos quatro milhões de deslocados, não pela “violência” como costumam dizer os enganadores de ofício, mas pela violência militar e paramilitar do Estado que lhes arrebatou as terras; a questão da fome; o desastre da educação que cada vez é de menor qualidade e com menor orçamento; o desemprego galopante e crescente; da saúde e da escassez de moradias. É aí que o cerne do problema.

Diante do principal problema que a sociedade colombiana enfrenta, já por quase meio século, o do conflito interno, todos os candidatos, em uníssono, seguindo as ordens do patrão ianque, apenas oferecem mais continuidade, mais autoritarismo e mais chumbo.

Prolongar o conflito armado e a guerra suja, dar todo tipo benesses aos ricos e entregar nossos recursos naturais para o investimento estrangeiro (oito trilhões de isenção de impostos no ano passado, para cada tonelada de carvão que levam recebemos apenas 5 dólares), permitindo o despojo das terras aos camponeses e aplaudindo as bases ianques no território pátrio, mas a defesa do status quo; a isso se reduz o programa com pequenas nuances, repetimos, da maioria dos aspirantes presidenciais.

É claro que isto não pode ser considerado um autentico programa político de governo, nem sequer pela mais obtusa e teimosa direita.

Nessas condições, nenhum dos candidatos com maior intenção de voto, oferece uma verdadeira solução para os problemas nacionais e quem for eleito presidente, seja um ou outro, representam apenas uma mudança de administração e de grupo privilegiados a quem beneficiar, mas não de governo, nem de rumo, porque em última análise, todos eles são neoliberais. E neoliberal quer dizer inimigo do povo, da organização popular, dos direitos e das conquistas obtidas pela classe operária, dos sindicatos, das lutas dos trabalhadores e camponeses e partidário de uma ordem que faça imutável e eterno ao sistema de exploração e o capitalismo.

A Colômbia precisa superar esta etapa negra da corrupção, da injustiça social, de militarização, repressão, atraso e violência imposta desde cima, que nos corrói há mais de cinco séculos. Mas para isso, o nosso povo não pode continuar disperso, nem à espera de solução de seus problemas por outorgado por um messias pertencente à classe de rapina daqueles que o exploram e o submetem.

Devemos persistir na tarefa da organização popular e de massas, na vigência do projeto bolivariano, estimulando as lutas do povo, buscar e lutar com afinco pela unidade dos setores populares, para superar e vencer o sectarismo isolacionista para poder avançar rumo à formação de um grande movimento de massas que privilegie alcançar a paz através de uma solução política. A defesa dos interesses populares, patrióticos, antioligárquico e profundamente comprometido com a defesa dos nossos recursos naturais e da nossa soberania. Somente através da luta unida e de massas nosso povo alcançará sua libertação.

Essa é a essência e a razão de ser e de existir do Movimento Bolivariano, uma escolha política diferente da dos partidos tradicionais, capaz de contribuir efetivamente na condução do país aos destinos de igualdade e de soberania nacional, e cuja existência comemoramos hoje seu décimo aniversário. Convidamo-los a persistir neste esforço e continuar a luta até obtermos uma Colômbia para todos.

Esta é a mais justa e mais sagrada de todas as causas; bem, por ela vale toda uma vida de combate, por ela vale a pena continuar lutando!


Compatriota
Pablo Catatumbo
Chefe do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia,
Abril de 2010
Montanhas da Colômbia.