Convenção do PT homenageia mulher: “Pode ser presidenta”
“Para o Brasil seguir mudando”. A frase marcou a convenção nacional do PT, neste domingo (13), em Brasília, que aprovou o nome de Dilma Roussef à Presidência da República, e Michel Temer como candidato à vice. O evento fez uma homenagem às mulheres. Elas animaram a platéia, ganharam espaço no palco e nos vídeos representando a luta das mulheres na história – antiga e atual. As bandeiras lilases – cor do movimento feminista – tomaram o lugar das tradicionais bandeiras vermelhas.
“Mulher pode ser Presidenta da República”, disse a candidata à platéia, repetindo a frase que havia dito a uma menina, de nome Vitória, que havia encontrado em um aeroporto e perguntara a ela se mulher pode ser Presidenta da República. Dilma quer que, depois dela, toda menina posso dizer, assim como dizem os meninos: “Quando crescer, eu quero ser Presidenta da República”.
A candidata destacou, em seu discurso, que o sucesso do Governo Lula, ao qual dará continuidade, reside no fato de ter sido o primeiro que governou para todos.
“Historicamente, todos os presidentes governaram para um terço da população. Para muitos deles, o resto era resto, era peso, carga, estorvo”, denunciou, e perguntou: “Como é possível arrumar a casa, deixando dois terços dos filhos ao relento?” Para ela, governar para todos e todas as brasileiras demonstrou ser o impulso para fazer crescer o Brasil. Incluir os mais necessitados era o avanço do crescimento do país.”
Novos caminhos
Ela disse que, seguindo as instruções do Presidente, o Governo Lula começou fazendo o necessário, depois o possível e quando menos esperávamos estávamos realizando o impossível, destacando o pagamento da dívida externa. Segundo ela, o Governo Lula abriu novos caminhos, derrubando antigos tabus, como o de que era impossível governar para todos os brasileiros.
Dilma revezou, em seu discurso, palavras elogiosas ao Governo Lula e os compromissos com a complementação das ações. “Depois desse grande homem, o país pode ser governado por uma mulher, que fará crescer o Brasil de Lula com alma e coração de mulher.”
“Podemos e devemos fazer mais e melhor, mas não é só querer ou dizer que vai fazer, é preciso conhecer o Brasil, conhecer o governo e saber o que fazer. Aquelas que sabem fazer são aquelas que farão. Governar para todos e todas e acreditar no Brasil e no povo brasileiro que vamos erradicar a miséria e transformar o Brasil em um país com uma vigorosa classe média”, prometeu a candidata.
O evento, em um espaço de eventos, no Setor de Clube Sul, em Brasília, começou com uma hora de atraso – um pouco depois das 11 horas. O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, aliado histórico do PT, esteve presente à convenção, assim como os demais presidentes dos partidos aliados:
Alfredo Nascimento, do PR; Manoel Dias, do PDT; Mário Negromonte, do PP; Michel Temer, do PMDB; Eduardo Campos, do PSB e José Eduardo Dutra, do PT. Após a entrada de todos eles e do vice-presidente José Alencar, chegaram o Presidente Lula e dona Marisa Letícia. A candidata, a última a entrar, vestia vermelho, como Lula e Marisa. Lula ficou entre as duas mulheres.
Dilma no lugar de Lula
O Presidente Lula, ao ser chamado para falar, foi aclamado pela platéia. Ele fez a conta dos dias da campanha e do tempo que falta para deixar o governo e lembrou que “essa é primeira eleição que o meu nome não vai estar naquela cédula, eu mudei de nome e vou botar Dilma naquela cédula”, afirmou.
Antes da fala da candidata, Dutra comandou a votação pela aprovação do nome de Dilma presidente e Temer vice-presidente da República. O presidente do PT foi o primeiro a falar no evento. Ele destacou a capacidade do PT de fechar uma ampla aliança de partidos que levará a candidatura de Dilma à vitória.
Dutra, a exemplo do Presidente Lula, alertou que a campanha não será fácil, mas tem tudo para sair vitoriosa. E, usando a fala do principal opositor, o candidato tucano José Serra, que declarou à imprensa que com ele (Serra), o Brasil não terá surpresa, disse: “Não teria surpresa porque conhece o fracasso do governo que ele participou”, fazendo o comparativo entre a política neoliberal de crise e desemprego do PSDB com o projeto do Governo Lula, que conciliou crescimento econômico com distribuição de renda e fez com que 50 milhões de pessoas saíssem da pobreza.
“Eles estão aperreados”
Dutra encerrou sua fala – curta – puxando o jingle que ajudou a eleger Marcelo Déda governador de Sergipe, adaptando-o para a candidatura Dilma: “Eita que eles estão aperreados/ Eita que eles estão aperreados/É Dilma prá todo lado”. E ainda recitou a poesia de Pablo Neruda sobre as mulheres, em que o poeta chileno destaca que “(elas) não levam ‘não’ como resposta quando sabem que existe melhor solução”, encerrando seu discurso.
Michel Temer, o segundo a falar, fez um discurso curto. Ele disse que a aliança de tantos partidos não é um ajuntamento de pessoas, é um ajuntamento de ideias baseado nas ideias do Presidente Lula que nos seus oito anos de governo fez com que todos prosperassem. E anunciou que o PMDB vai entrar com alma na campanha.
Ao fim de cada discurso, foi apresentado vídeo com a história das mulheres na história.
Homenagem às mulheres
Após a execução do Hino nacional, foi apresentado um vídeo que destacava a luta das mulheres que construíram o Brasil: desde Maria Quitéria, passando por Nise Floresta, até Pagú. “Na vida sempre de pé/ Na história sempre presente”, dizia o vídeo ao final da apresentação.
Após a entrada das autoridades, várias mulheres, que foram alvo de homenagem, foram chamadas ao placo. Representantes de vários estados e áreas de atuação – movimento de mulheres, direitos humanos, campo, trabalho - como a feminista Rose Marie Muraro e Maria da Penha, que deu nome a lei de combate à violência doméstica, fizeram companhia à candidata. A economista Maria da Conceição Tavares não pode comparecer, mas enviou carta que foi lida no evento.
As mulheres assumiram também a condução do evento. Antes de começar, elas animavam a platéia. Cumprimentavam quem chegava com “Bom Dilma” e cantavam os refrões dos jingles:
“Lula tá com ela/ Eu também tô/ Veja como o Brasil já mudou” ou “O Brasil novo/ O Brasil do povo/ Que Lula começou/ Vai seguir com a Dilma/ Com a nossa força/ Com o nosso amor”
No telão aparecia o anúncio: Convenção Nacional do PT - Uma celebração à mulher brasileira”. Nos adeisvos que os congressistas ostentavam no peito estava escrito “Pátria Mãe/ Pátria Mulher”.
De Brasília
Márcia Xavier
Fonte: vermelho.org