"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 6 de junho de 2010

O segundo turno das eleições na Colômbia

Alberto Pinzón Sánchez
ANNCOL


No final de 2000, quando Álvaro Uribe, de mão dada com Mancuso e Castaño, começou sua "Marcha parda" desde sua fazenda Ubérrimo até a presidência da Colômbia, o poder imperial dos Estágios Unidos dominado pelo "conservador" Partido Republicano, tinha acabado de eleger George Bush como seu presidente, que aliado com o Inglês Tony Blair e o espanhol Aznar, estava se preparando para ir para a ofensiva Internacional (em todos os aspectos), com o slogan genocida da guerra contra o terrorismo ou melhor, de sangue pelo petróleo.

Na Colômbia, o presidente Pastrana preparava as condições da ascensão de Uribe, reformando e reequipando as Forças Armadas colombianas, sob o esquema totalmente norteamericano do Plano Colômbia e enganava o povo colombiano com negociações simuladas com a guerrilha com o modelo falido de "negociar no meio da guerra", o que supõe necessariamente seu fracasso e lhe permitiu, durante todo o tempo, chantagear as regociações: “Se o processo de negociação for rompido, dizia ele, tiro o status político que outorguei às FARC, os declaro terroristas e, em breve, serão derrotados política e militarmente”.

Paralelamente, o Partido Liberal, liderado pelo ‘coronel’ antioquenho Luis Guillermo Vélez (mais tarde fundador do Partido da U), juntamente com o energúmeno cacique liberal Vargas Lleras, começavam uma ofensiva política na mídia e no parlamento colombiano, com o objetivo de romper a famosa zona Del El Caguán, sendo apoiados militarmente em todos os pontos limites dessa zona pelas “unidades delta” do Exército Nacional recentemente remodeladas e muito bem apoiadas por seus respectivos paramilitares.

A ruptura das negociações não demorou, e Uribe Vélez, bem assessorado internacionalmente (inclusive pelo renegado salvadorenho Joaquin Villalobos, professor de guerra contrainsurgente na Inglaterra), começou seu golpe de opinião para a tomada completa do poder. O candidato liberal, Serpa Uribe, que Uribe Vélez enfrentou no segundo turno, confiando na lealdade dos chefões e caciques liberais do seu partido, mas acima de tudo, confiando, como costumava disser, na “imperfeita” democracia colombiana; não chegou a avaliar, ou talvez sim (só ele sabe), a combinação perfeita do proselitismo armado paramilitar mais fraude eleitoral, o que daria a Uribe Vélez a credencial de presidente dos colombianos.

Logo veio o manto protetor de Bush, Blair e Aznar para a democracia colombiana, que havia acabado de eleger um homem providencial para derrotar o terrorismo na Colômbia e a chuva de dólares em investimentos, empréstimos, privatizações, etc, começaram a cair do céu da Colômbia junto com o glifosato aperfeiçoado e as bombas em cacho. “Nossa baixas serão igual a zero, disse o Pentágono, enquanto que as do inimigo serão milhares”, e assim a verdade, como de costume, se tornou a primeira vítima da guerra contra o chamado narcoterrorismo colombiano.

Hoje, após 10 longos e cruentos anos, o panorama externo da Colômbia se moveu um pouco e no interior mudou completamente: No exterior, o império norteamericano já não está mais na ofensiva; Econômica, política e ambientalmente, enfrenta uma prolongada e profunda crise financeira internacional, que hoje estende-se até a Grécia, que golpeou e questionou seriamente a sua hegemonia mundial. Também tem sido vítima de uma estranha e catastrófica revanche da natureza, derivada de suas enormes reservas submarinas de petróleo construídas no Golfo do México, que têm contribuído para o agravamento social. E militarmente, o “piece of cake”, o pedaço de bolo, que supunham ser a guerra nos paises da Ásia Central (Curdistão, Iraque, Afeganistão, Beluchistão, Paquistão e Irã), está engasgado perigosamente.

Internamente, na Colômbia, assistimos ao enorme desastre (em todos os aspectos possíveis), mas, principalmente, na legalidade e legitimidade do regime da Segurança Democrática de Uribe Vélez, e ao nó de contradições sociais e políticas nos altos escalões do poder trazidas para a superfície após da decisão do tribunal constitucional adversa ao seu terceiro mandato, que formalmente iniciou a atual campanha presidencial. Tampouco estão na ofensiva, nem política, nem econômica, nem socialmente. A iniciativa parece agora estar nas mãos das classes médias golpeadas que pedem a legalidade, e dos trabalhadores que exigem trabalho e saúde nas ruas e estradas da Colômbia.

E o relatório da Cruz Vermelha Internacional, publicado no passado 26 de abril em Genebra por Christophe Beney, sobre o conflito social e militar colombiano; mostra que tampouco têm a iniciativa militarmente: “O que vemos hoje, talvez entre o final de 2009 e início de 2010, é que as FARC, como grupo guerrilheiro, se adaptam de forma dinâmica e novamente tem uma capacidade, como temos visto nestes dois ou três meses, para continuar sendo um protagonista importante no conflito armado”.

No entanto, a classe dominante na Colômbia (muito bem caracterizada) não está derrotada, pois mantém intactos todos os grandes recursos de poder para controlar seu entusiasmo momentâneo, e enfrentar os iludidos ou ingênuos com boas intenções (ainda não se sabe), como aqueles que em 2002 acreditaram em outro triunfo eleitoral simples, e em uma entrega tranquila do poder por Uribe para um eleito distinto do seu escolhido Juan Manuel Santos. Os jesuítas, mestres nestas matérias, dissem que “o caminho para o inferno está cheio de boas intenções”

Apesar de ter os olhos bem abertos, os sonhadores não querem ver que a estratégia política e eleitoral da oligarquia é exatamente como nas fraudulentas eleições anteriores, ao construir um cenário virtual para um segundo turno eleitoral, tal qual como estão fazendo com a guerra mediática de pesquisas que, todos os dias, nos mostram. Após o primeiro turno das eleições e após repartir o rico botim da redistribuição dos votos, vem a verdadeira sondagem das sondagens das caixinhas de papelão chamadas urnas.

Por exemplo, Naomi, como já foi acordado na convenção conservadora realizada recentemente, vai se retirar deixando o clone Arias como chefe do Partido Conservador com toda sua clientela eleitoral e burocrática, para aderir a Chuck Santos. O energúmeno Vargas Lleras, juntamente com Pardo, que sem dúvida, sabem como contar o vil metal sem o qual passa-se mal, finalmente vai fazer o mesmo com suas máquinas eleitorais bem lubrificadas. Enquanto que a chamada onda verde do estupefato Mokus (ou o perfeito idiota lituano-americano como foi descrito pelo “gremlin” Apuleyo Mendoza), que não possui máquina eleitoral, nem funcionários dos registros eleitorais ao seu serviço; também depois das reposições monetárias recebidas pelos votos obtidos, receberá a adesão de certos membros de outros partidos “compatíveis” com a sua ideologia neoliberal, aprisionados como estão, na dinâmica do voto útil imposta pela polarização favorável aos dominantes, mas que são suficientes para ganhar.

Não acredito (mas também não o descarto) que um atentado como os de Pardo Leal, Jaramillo ou Galán, da tirar do caminho o “cavalo sem capacidade de Uribe”. Primeiro porque seu neoliberalismo é funcional para um grupo “legalista de última hora” da oligarquia ( Hommes, patronato antioquenho, Fadul, Peñalosa, entre outros). Segundo, pelas razões expostas acima, de que as coisas mudaram dentro e fora da Colômbia e já não estão mais na ofensiva para cobrir uma ação desse tipo. E terceiro, porque para derrotar a aliança fascista Uribe-Santos e restabelecer um mínimo de legalidade ou legitimidade na Colômbia, é preciso “algo mais” do que uma onda verde de opinião legalista. Ferramenta política que ainda não apareceu, refundida na bobeira insípida de uma polarização eleitoreira emocional sem conteúdo, na qual os dominantes tem tudo para ganhar.