O terror de ser extraditado como chefe do Cartel da Casa de Nariño
TeleSUR / ANNCOL
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, quando faltam 50 dias para deixar a presidência, pediu para se reunir com a Corte Suprema para avaliar modificações no sistema de extradição, solicitação que foi rejeitada por este tribunal, tendo em vista as suas recentes declarações sobre decisões judiciais que "não propiciam o encontro".
Através de um comunicado enviado ao ministro do Interior colombiano, a Corte Suprema não concorda com uma reunião para tratar a questão da extradição com o presidente Uribe.
"Infelizmente, os recentes pronunciamentos do senhor presidente através de diferentes meios de comunicação, sobre as decisões tomadas por instâncias judiciais como parte de suas obrigações e competências, motivaram a Câmara Criminal da Corte a considerar que criaram, neste momento, um cenário não propicio para tal encontro", informa o documento.
O governo da ‘segurança democrática’ gaba-se de ter extraditado 1149 pessoas para os EUA, entre agosto de 2002 até o dia de hoje, a exigência de Washington para confiscar propriedades e dinheiro em contas bancárias. A tentativa de pressionar a três líderes da guerrilha das Farc para a desmobilização não teve o menor resultado.
No entanto, ao seu mentor e amigo da alma, Pablo Escobar, não foi extraditado. É de se supor que somente os seus inimigos mafiosos sofreram o duplo padrão dos gringos na hora de "aplicar a justiça".
Apesar da manipulação visceral e sistemática da mídia sobre os supostos laços entre as FARC e as máfias do narcotráfico, não há a menor evidência para acusá-los deste rentável negocio do sistema bancário global. Jamais se encontrou uma conta bancária do lendário Manuel Marulanda nos paraísos fiscais do mundo e nem tampouco encontrarão dos seus sucessores.
O presidente da Colômbia rechaçou recentemente a sentença ditada pela Justiça colombiana contra o ex-coronel Alfonso Plazas Vega, por sua responsabilidade no desaparecimento de 11 pessoas na retomada do Palácio da Justiça, ocorrida em 1985.
Uribe, após a divulgação da sentença, leu um comunicado oficial para os meios de comunicação, no qual considerou que a sentença "cria uma profunda dor e desalento nos membros das Forças Armadas, encarregadas de garantir a segurança dos colombianos".
"O único que exigimos da Justiça é justiça imparcial e oportuna diante dos abnegados integrantes das Forças Armadas", disse o presidente colombiano.
Diante deste cenário, a Corte respondeu à solicitação de Uribe de avaliar o sistema de extradição que "uma vez que se apresente um clima adequado, que possa levar a um diálogo produtivo institucional, no melhor plano de colaboração e respeito mútuo, possa se programar a mencionada reunião”.
"No cumprimento deste propósito, a autarquia atendeu aos pedidos de diálogo apresentados pelo governo nacional e tem se reunido em sessão plenária de Governo e Especializadas, para tratar das questões que foram propostas pelo Executivo, sem comprometer as competências e autonomias recíprocas, e até mesmo na Sala de Governo, a questão da extradição tem sido objeto de diálogo, onde foram colocadas ao Senhor Presidente as razões da posição da Corte Suprema sobre o assunto, que não tiveram alteração ou modificação alguma, nem foi apresentado argumento diverso”, assinalou a missiva.
Diante da determinação da Corte Suprema, o Executivo anunciou que, de qualquer forma, submeterá o sistema de extradição a modificações.
"Reiteramos amavelmente a solicitação de reunião, porque o governo está tentando introduzir modificações nas normas de extradição e queríamos tê-las consultado previamente com a Corte Suprema, mas, de qualquer forma, estamos estudando essas medidas”, disse o ministro do Interior, Fabio Valencia Cossio.
Além disso, o ministro Valencia Cossio revelou que o Governo vai propor uma nova reforma à justiça, que inclui um projeto de lei para a que o Procurador Geral da Nação seja escolhido pelo Presidente da República.
"Vamos propor ao novo Congresso que o Procurador seja escolhido diretamente pelo presidente da República. Também insistiremos nesse novo projeto na importância e transcendência de que haja dupla instância para todos os colombianos", disse Valencia Cossio.
As divergências entre o Tribunal e Uribe intensificaram-se a partir de Janeiro de 2008, quando o presidente processou ao então presidente do tribunal, César Julio Valencia, por alegada difamação e injuria.
Nesse ano também, a justiça colombiana desencadeou uma série de denúncias, que ainda estão em andamento, por espionagem ilegal contra magistrados, jornalistas e políticos da oposição, implementado pelo Departamento Administrativo de Segurança (DAS), órgão do Poder Executivo.
As atividades de espionagem da DAS foram feitas contra juízes que conduziam as investigações sobre o caso denominado parapolítica, envolvendo funcionários do governo com grupos paramilitares de extrema-direita.