"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 1 de maio de 2012

O que Obama conhece



Fidel Castro Ruz
Fonte: La Jornada



O artigo mais demolidor que já vi neste momento sobre a América Latina, foi escrito por Renan Veja Cantor, professor titular da Universidade Pedagógica Nacional de Bogotá e publicado há três dias no site rebelion.org com o titulo de “Ecos da Cúpula das Américas”.

O artigo é breve e não devo fazer versões, os estudiosos do assunto podem procurá-lo no site indicado.

Em mais de uma ocasião mencionei o infame acordo que os EUA impôs aos países da América Latina e Caribe ao criar a OEA. Naquela reunião de chanceleres, que ocorreu em Bogotá no mês de abril de 1948 e que como o destino quis, encontrava-me lá promovendo um congresso latinoamericano de estudantes, cujos objetivos fundamentais eram a luta contra as colônias européias e as sangrentas tiranias impostas pelos EUA neste hemisfério.

Um dos mais brilhantes lideres políticos da Colômbia, Jorge Eliécer Gaitán, que com crescente força havia unido os setores mais progressistas da Colômbia que se opunham ao engendro ianque e cuja próxima vitória eleitoral ninguém duvidava, ofereceu seu apoio ao congresso de estudantes. Foi assassinado traiçoeiramente. Sua morte provocou a rebelião que tem prosseguido por mais de meio século.

As lutas sociais têm se prolongado ao longo de milênios, quando os seres humanos, mediante a guerra, dispuseram de um excedente de produção para satisfazer as necessidades essenciais da vida.

Como se sabe, os anos de escravidão física, a forma mais brutal de exploração, se estenderam em alguns países até mais de um século, como ocorreu na nossa Pátria na etapa final do poder colonial espanhol.

Nos EUA a escravidão dos descendentes de africanos prolongou-se até a presidência de Abraham Lincoln. A abolição dessa forma brutal de exploração ocorreu apenas 30 anos antes do que em Cuba.

Martin Luther King sonhava com a igualdade dos negros nos EUA até há apenas 44 anos, quando foi vilmente assassinado, em abril de 1968.

Nossa época se caracteriza pelo avanço acelerado da ciência e da tecnologia. Estejamos ou não conscientes disso, é o que determina o futuro da humanidade, trata-se de um etapa inteiramente nova. A luta real da nossa espécie por sua própria sobrevivência é o que prevalece em todos os cantos do mundo globalizado.

De imediato, todos os latinoamericanos e de modo especial o nosso país, serão afetados pelo processo que ocorre na Venezuela, berço do Libertador da América.

Apenas necessito repetir o que vocês conhecem: os vínculos estreitos do nosso povo com o povo venezuelano, com Hugo Chávez, promotor da Revolução Bolivariana, e com o Partido Socialista Unido criado por ele.

Uma das primeiras atividades promovidas pela Revolução Bolivariana foi a Cooperação Médica de Cuba, um campo em que o nosso país atingiu prestigio especial, reconhecido hoje pela opinião pública internacional. Milhares de centros dotados com equipamentos de alta tecnologia que a indústria mundial especializada fornece, foram criados pelo Governo bolivariano para atender o seu povo. Por sua vez, Chávez não optou por custosas clinicas privadas para atender sua própria saúde: a colocou em mãos dos mesmos serviços médicos que oferecia ao seu povo.

Nossos médicos, além disso, dedicaram uma parte do seu tempo à formação de médicos venezuelanos em aulas devidamente equipadas pelo governo para essa tarefa. O povo venezuelano, com independência da sua renda pessoal, começou a receber os serviços especializados dos nossos médicos, colocando-o entre os mais bem atendidos do mundo e seus índices de saúde começaram a melhorar visivelmente.

O Presidente Obama conhece isto perfeitamente bem e o tem comentado com alguns de seus visitantes. Para um deles expressou com franqueza: “o problema é que os EUA envia soldados e Cuba, em troca, envia médicos”.

Chávez, um líder que em doze anos não conheceu um minuto de descanso e com uma saúde de ferro, entretanto, se viu afetado por uma inesperada doença, descoberta e tratada pelo próprio pessoal especializado que o atendia, não foi fácil persuadi-lo da necessidade de prestar atenção máxima à sua própria saúde. Desde então, com conduta exemplar, tem cumprido estritamente com as medidas pertinentes sem deixar de atender seus deveres como Chefe de Estado e líder do país.

Atrevo-me a qualificar sua atitude como heróica e disciplinada. Da sua mente não se afastam, nem um só minuto, suas obrigações, às vezes até o esgotamento. Posso dar fé disso porque não deixei de ter contato e intercambiar com ele. Sua fecunda inteligência não tem cessado de se consagrar ao estudo e analise dos problemas do país. Diverte-se com a baixaria e as calunias dos porta-vozes da oligarquia e do império. Jamais ouvi dele insultos nem baixarias ao falar dos seus inimigos. Não é sua linguagem.

O inimigo conhece arestas do seu caráter e multiplica seus esforços destinados a caluniar e golpear o Presidente Chávez. Da minha parte, não vacilo em afirmar a minha modesta opinião, emanada de mais de meio século de luta, de que a oligarquia jamais poderia governar de novo esse país. Por isso é preocupante que o governo dos EUA tenha decidido em tais circunstancias promover a derrocada do governo bolivariano.

Por outro lado, insistir na caluniosa campanha de que na alta direção do governo bolivariano existe uma desesperada luta pela tomada do comando do governo revolucionário se o Presidente não conseguir superar sua doença, é uma mentira grosseira.

Pelo contrario, tenho podido observar a mais estreita unidade da direção da Revolução Bolivariana.

Um erro de Obama, nessas circunstancias, pode ocasionar um rio de sangue na Venezuela. O sangue venezuelano é sangue equatoriano, brasileiro, argentino, boliviano, chileno, uruguaio, centroamericano, dominicano, cubano...

Deve-se partir desta realidade, ao analisar a situação política da Venezuela.

Compreende-se por que o hino dos trabalhadores conclama a mudar o mundo afundando o império burguês?

http://www.jornada.unam.mx/cobertura/reflexiones/index.php?section=reflexiones&sub=historico&article=20120428_020a1mun