VETA TUDO DILMA: EM DEFESA DO CÓDIGO FLORESTAL
Por Luiz Zarref
Dirigente da Via Campesina Brasil
Dirigente da Via Campesina Brasil
O projeto que altera o Código Florestal brasileiro, votado nesta semana na Câmara dos Deputados, representa a pauta máxima ruralista. A bancada apoiadora do agronegócio e defensora daqueles que cometeram crimes ambientais mostrou sua coesão e conseguiu aprovar um texto de forma entrelaçada, comprometendo todo o projeto.
O
texto está de tal forma que se a presidenta Dilma Rousseff vetar partes
dele, continua a mesma coisa. Exemplo: se vetar a distância mínima de
floresta recuperada na beira de rios que ficou em 15 metros – atualmente
é de 30m - o texto ainda fica sem nenhuma menção de recuperação nestas
áreas. O turismo predatório em mangues também fica permitido, segundo o
projeto.
Os
ruralistas também aproveitaram para dificultar o processo de Reforma
Agrária, com a restrição de dados governamentais para a população e até
mesmo com a tentativa de anular as áreas improdutivas por desrespeito ao
meio ambiente, tal como manda a constituição.
O
pousio, ou seja, o descanso que se dá a terra cultivada, ficou sem
qualquer restrição de tempo e de técnica. Isso acaba com o conceito de
área improdutiva. O texto viabiliza as áreas que estavam paradas desde a
década de 1990 com regeneração de florestas. São 40 milhões de hectares
nesta situação.
Além
disso, os ruralistas fragilizaram o Cadastro Ambiental Rural, de forma
que a população não tenha acesso aos dados, escondendo todos aqueles que
cometem crimes ambientais e ferindo o princípio da transparência
governamental para a sociedade.
A
presidenta Dilma tem até a semana que vem para anunciar seus vetos, mas
movimentos sociais e organizações ambientalistas já estão mobilizados
para que a presidente derrube integralmente o projeto que saiu do
Congresso Nacional.
A
presidenta tem nas mãos ainda vasto apoio de parlamentares,
organizações camponesas, sindicatos, sociedades científicas, entidades
da igreja pelo veto global.
O
papel dos setores progressistas é fazer pressão, enfrentar
ideologicamente os ruralistas e criar um clima para que a presidenta
Dilma faça o veto completo desse projeto. O meio ambiente e a Reforma
Agrária estão seriamente comprometidos com esse texto que sai do
Congresso Nacional.