"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 18 de maio de 2015

Acordemos um plano piloto de substituição de cultivos


Por Carlos Antonio Lozada

Integrante do Secretariado do Estado-Maior das FARC-EP
Não podemos menos que saudar a decisão do Presidente Santos de suspender as fumigações com glifosato. Uma decisão sensata ainda que tardia.
O debate aberto devido à decisão é igualmente positivo na medida em que envolve distintos setores sociais e políticos, instituições e personalidades de diferentes âmbitos do quefazer nacional, num enriquecedor exercício de discussão, acerca de um dos grandes problemas do país, como o é a existência dos cultivos de uso ilícito e da política antidrogas, que busca acabá-los.
De tempo atrás, as FARC-EP temos mantido uma postura contrária ao tratamento militar que se tem dado ao problema dos cultivos de uso ilícito, por parte do Estado e dos governos de turno. Desde nossa visão, e pelo conhecimento que temos da realidade que se vive nas regiões onde se plantam estes cultivos; temos sustentado que, por se tratar de um fenômeno claramente socioeconômico; ademais, a solução a esta problemática deve conter essencialmente medidas econômicas e sociais.
Apesar de que cultivadores e consumidores constituem os elos mais frágeis da cadeia do narcotráfico, é sobre eles que tem se centrado sua guerra as políticas antidrogas; algo totalmente contrário à lógica. Porém, claro, não é que os governos e os Estados não o saibam; o que sucede é que os interesses das elites que governam em Colômbia e nos Estados Unidos, que é onde projetam essas políticas, correm por um trilho diferente aos interesses dos colombianos e dos norte-americanos em abundância; o das elites são os negócios, e o narcotráfico o é e dos mais vultosos do mundo, incluindo as fumigações e tudo o mais que rodeia essas políticas antidrogas.
Porém, é ademais –a luta contra o narcotráfico- uma eficaz alavanca da geopolítica norte-americana, na medida em que por trás dela esconde seu intervencionismo, porém esse é um assunto que escapa às limitações deste escrito.
Se, de verdade, se quisesse acabar com o narcotráfico, simplesmente o que teria que se fazer é legalizar o consumo, desativando assim o aríete que eleva os lucros do negócio; porém, esse tampouco é o assunto que desejamos abordar.
Agora, bem, mais além de rechaçar os frágeis argumentos daqueles que têm se pronunciado anunciando o apocalipse como consequência da suspensão das fumigações, o que realmente desejamos é formular uma proposta que nos ponha no caminho da solução definitiva do problema; pois nada ganhamos se, como já insinuam alguns, deixamos de usar o glifosato para substitui-lo por outro veneno.
Já tendo firmado um acordo parcial sobre o ponto 4 da agenda que privilegia a substituição combinada com as comunidades dos cultivos de uso ilícito, por q ue não começar sua implementação através de um plano piloto, orientado a partir da Mesa e com apoio e assessoria da comunidade internacional, para ser desenvolvido numa região ou num município, que, ademais de maneira simultânea, pode ser complementado com outro acordo humanitário para a descontaminação de explosivos da mesma zona?
Não é esta uma oportunidade de ouro para que as partes demonstremos com fatos nossa irrenunciável decisão de avançar em direção à terminação do conflito?
Por acaso, pode haver maior demonstração da vontade das partes de trabalhar pela desescalada do conflito que desenvolver de maneira pactuada e conjunta planos como o que propomos?
Não é esta uma boa maneira de derrotar o ceticismo frente às possibilidades reais de uma paz com justiça social e desenvolvimento das regiões?

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