"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 29 de agosto de 2009

Carta para minha mãe desde o autoexílio em Miami

Por: Alfredo Correa
Data da publicação: 23/08/09


Querida mamãe.

Mãe, você não sabe a vontade que tenho de estar contigo, de te abraçar e receber tua benção. Mas aqui estou, em Miami, vivendo como um prisioneiro. Não sei por que fui ouvir o tio Carlos. Ele me falou que quando chegasse a Miami pedisse status de refugiado político para conseguir o green card, os funcionários acreditaram e me deram o asilo, mas o pior é que não posso voltar para a minha amada Venezuela enquanto Chávez esteja na presidência e, pelos ventos que assopram, Chávez deve ficar até o ano 2021.

Mãe, você sabe que eu nunca tive interesse em política, nunca andei em nenhuma passeata, nem participei de nenhum ato violento como as bagunças que meus amigos participaram. Com o teu grande esforço me formei engenheiro e desde que cheguei nesta maldita cidade só tenho trabalhado de jardineiro, motorista, guardador de carros, lavador de tapetes e outras coisas que não quero te contar. Às vezes, trabalhando em dois empregos ao mesmo tempo, para poder pagar as contas, de tudo menos da minha profissão de engenheiro.

Mamãe, essa coisa de sonho americano é a maior mentira que existe, esse sonho somente se realiza se for se trabalhar com coisas esquisitas, do tipo tráfico de drogas, gigolô, alistar-se em empresas que contratam mercenários ou trabalhar arrebentando a alma por 30 anos, isto com um pouco de sorte e trabalhando como condenado. Somente assim se pode comprar de tudo e se você puder pagar 10% e ainda tem que se ter um avalista, mesmo assim se fica com dividas por 30 anos.

Lembra-se que você me dizia que quando a gente deve se converte em escravo do agiota, assim é a sociedade, todo mundo deve, todo mundo tem que administrar sua divida e tentar evitar o atraso dos pagamentos.

A maioria dos latinos com dinheiro o conseguiram exportando capitais, enxugando as economias dos seus próprios países, corrupção, desfalques aos correntistas dos seus bancos, lavagem de dinheiro, testas-de-ferro e outros obscuros ofícios. Por outro lado, a grande maioria de nós, mão de obra barata, empregados de última categoria, para servir de bucha de canhão nas suas guerras imperiais e trabalhar a serviço do narcotráfico, que é o primeiro negocio deste Estado, e que acredito, mantêm as intervenções em outros países e agora preparam a subversão contra a Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, El Salvador, de forma parecida com o que fizeram em Honduras.

Mãezinha, aqui em Miami o ódio que existe contra Chávez e Fidel e contra outros presidentes que se dizem comunistas é incrível. Qualquer coisa que signifique mudanças, fora do que chamam “esquema capitalista”, como socialismo, é manipulado para o mal e inoculado por forças perversas, nunca tinha visto tanto descaramento, é visceral, sobretudo entre os mesmos latinos. Frequentemente a gente é convocado para se alistar no exército e libertar a Venezuela e outros países que saíram do esquema capitalista, e se não se comparece você é colocado em dificuldades com o serviço de imigração e alfândegas.

Agora que estou nesta situação comecei a refletir, a ler e a me informar do porque a classe média é como é, “porque sou como sou”. Conhecer a minha própria história me deixa triste.

Antes de qualquer coisa preparei-me para ganhar dinheiro, não para ajudar no desenvolvimento do meu país. Sempre pensei em mim mesmo, nunca nos demais, ainda que reconheça a sua preocupação pelo próximo, mas a importação da cultura do mercado foi maior do que as suas reflexões diárias. Mais uma coisa querida mãezinha, na minha educação nunca se deu ênfase à minha Pátria, à nossa história, costumes, à nossa idiossincrasia, no que realmente somos, no amor ao nosso país e o uso dos nossos recursos para tirar-nos da pobreza, só se deu ênfase ao que deveríamos “ter”. Ser explorado e depois converter-nos em exploradores, para assim conseguir a meta suprema de “ser rico” sem se importar como. A desgraça é que fomos formados para ser consumidores e não cidadãos.

A classe média tem a mente do dominador sendo dominado. “O rei me tortura, mas eu planto suas sementes” acho que foi um artigo do Professor Hernández Montoya em que explica esta relação: dominador - dominado. Imagine a senhora que chegamos a dizer frases como esta: “os venezuelanos não servimos para nada”, “Tomara que os marines invadam a Venezuela”, “Sem mim o país não funciona” e outras imbecilidades.

Mamãe, cheguei à conclusão de quem dividiu a Venezuela, que esteve sempre dividida, fomos nós mesmos, com nosso racismo e prepotência. Lembra-se do ódio e pavor que sentíamos quando do levantamento popular, “o Caracaço”? Queríamos desde nossos condomínios que o Exército matasse toda a plebe que se atreveu a protestar, depois disso enchemos as entradas dos condomínios com guaritas, guardas e cercas elétricas. Construímos o nosso próprio gueto.

Mãe, eu vim para Miami acreditando nos meios de comunicação privados. Mas aquele refrão nosso “quanto se tem, tanto se vale; aqui é uma realidade a cada dia. O sonho americano é uma mentira, aqui não existe amor, nem bondade, somente ódio. A juventude apodrecendo com a droga e a alienação mental consumindo os que não querem se alistar no exército, ao não encontrar por onde canalizar suas desavenças, aqui a lei não manda, quem manda é o dinheiro.

Note como nós, venezuelanos, fomos influenciados: nesse momento grande parte da nossa desvalorizada classe média já esta psicologicamente dissociada, nos enchem de medo com o comunismo; que vão-nós tirar os quatro cacarecos que possuímos. Mas, sabe mãe, não dizem que podem nos tirar é a ética, a decência, a cultura e a sabedoria, porque não existem em muitos de nós, e isso me faz lembrar aquele refrão muito utilizado quando se referiam as pessoas com muito dinheiro, mas que cumprimentavam somente aos que também tinham dinheiro: “Esse é um burro carregado de potes”.

Meus amigos que estavam quebrados pelos mesmos que pagam aos donos dos meios, se recuperaram e me contam que a prosperidade social e econômica corre por todo o país, que o desemprego diminuiu. Que na Venezuela ocorrem mudanças profundas, mesmo quando adaptar-se a uma justiça para todos não tem sido fácil, porque até nas nossas universidades fomos envenenados com o consumismo de produtos importados, a moda, a cultura e outros, fazendo desaparecer os nossos próprios valores, realmente nós faziam lavagem cerebral e agora, quando estamos sendo desintoxicados, não queremos aceitar, nem entender.

Mãe, tenho minhas próprias reflexões, mas sou também testemunha, de como o governo do psicopata Bush e os falcões, continuam conspirando contra o meu país, financiando atividades para recrutar venezuelanos ou quem quer que seja porque querem derrubar a Chávez para apropriar-se dos nossos recursos energéticos, aqui o uso dos combustíveis é um grade desperdício. Imagina mãezinha que não se importam em assassinar populações inteiras para que esta sociedade americana e quem se ache parecido, possam andar de carro... “Pura loucura”.

Mãe, quero lhe pedir que não se preocupe, tomei consciência, me formei ideologicamente aqui mesmo, no centro do Império, tenho muitos amigos norteamericanos que tem clareza política, junto com eles e alguns compatriotas latinoamericanos, estamos com a Venezuela, vamos a fundar um novo Circulo Bolivariano em Miami, já existem alguns como a Negra Hipólita, dessa plataforma informaremos os cidadãos deste país o que realmente esta acontecendo na nossa bela pátria, do que se trata a Revolução Bolivariana liderada pelo Comandante Hugo Chávez junto com seu povo, também da necessidade de unir toda a América Latina.

Mamãe perdoe-me por ter-la abandonado, a queda que tive me fez ficar de pé com a ajuda da verdade. Mãe, agora me sinto um cidadão consciente ainda que esteja longe da minha Caracas querida, quando estava lá o meu coração estava cego e tomado por outra cultura.

Responda-me logo.
Com profunda lembrança e o amor de sempre.

Alberto, teu filho que te ama!

Mande lembranças àqueles que perguntarem por mim.


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Numa nota do jornal Miami Herald, foi divulgado que uma pessoa de nacionalidade venezuelana de nome Alberto Petit, de 26 anos, foi presa. As acusações são as de sempre: terrorismo, ingresso ilegal ao país e espionagem para o regime “comunista do ditador Chávez”. Fontes não oficiais informaram que, na moradia do extremista, foi encontrada uma carta dirigida a sua mãe e que compromete a ambos em futuros atos subversivos contra a democracia e a liberdade. Os advogados não conseguem falar com o fanático terrorista porque foi acusado baseado na lei patriótica. Espera-se a qualquer momento a sua transferência para a prisão em Guantanamo, Cuba.