"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Farc-EP e governo colombiano iniciam diálogo de paz na Noruega



As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo
(Farc-EP) e o governo colombiano iniciaram nesta quinta-feira (18) um
novo caminho rumo à paz com a instalação de uma mesa de diálogo que
procura colocar um fim a quase 50 anos de conflito no país
latino-americano.

Reunidos em um hotel da pequena localidade de Hurdal, a 80 quilômetros
ao norte de Oslo, capital da Noruega, aonde chegaram na quarta-feira
(17), a guerrilha e o governo formalizaram o acordo das conversações,
cujo peso principal ocorrerá a partir de 15 de novembro, em Havana,
Cuba.

Noruega e Cuba, como garantidores, e Venezuela e Chile, como
observadores, colaboram nesse processo que se centrará em cinco
pontos, o primeiro centrado no desenvolvimento rural da nação da
América Latina.

As duas delegações, chefiadas pelo ex-vice-presidente Humberto de la
Calle, como representante do governo, e Iván Márquez, pelas Farc-EP,
deram luz verde aos diálogos com uma declaração conjunta, na qual
ratificaram seu propósito de cumprir os termos do "Acordo geral para o
término do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura".

Em uma conferência repleta de jornalistas e com os olhos do mundo
sobre eles, agradeceram a Cuba e a Noruega pelo apoio e hospitalidade
e concordaram em designar porta-vozes, que se reunirão em 5 de
novembro para continuar com os trabalhos necessários.

Em suas intervenções, os representantes das Farc-EP deixaram claro
que, por impedimento moral, não pagarão penalidades previstas em lei,
simplesmente porque exerceram um direito universal, de "resistir a
regimes ignominiosos", que é inclusive reconhecido pela ONU.

Em nome do governo, De la Calle reiterou que o processo se
desenvolverá em um contexto distinto do passado, quando outras
iniciativas foram tomadas, mas sem êxitos. "A Colômbia não é a mesma e
o Estado trabalha para que continue mudando", disse.

O representante do governo disse que deseja que a guerrilha possa
expor suas ideias sem armas e citou o exemplo de outras forças
guerrilheiras na América Latina, que depuseram as armas e conseguiram
conquistar o poder por meio dos votos.

Assunto humanitário

Durante a coletiva de imprensa, Márquez afirmou que é preciso sair "da
obscura noite da confrontação e desejamos de todo coração que este
momento esteja próximo, mas temos que escutar" o que o governo tem a
dizer.

Márquez sublinhou o desejo de paz e a decisão de lutar por ela até as
últimas consequências.

Sobre a pergunta de jornalistas a respeito de uma pena de cárcere,
Márquez destacou que há um impedimento moral para pagar pelo direito
de sublevar-se contra um regime ignominioso.

“Nós somos a resposta à violência terrorista do Estado. Nossa moral é
tão alta que toca o céu”, comentou mais adiante.

Sobre a presença de outros movimentos no processo de paz, o
representante das Farc-EP disse que "não pode haver um acordo sem que
nos debates esteja representada a sociedade colombiana, os setores
mais desfavorecidos, os sindicatos e os representantes distintos de
interesses econômicas".

As Farc-EP defenderam uma vez mais o cessar-fogo bilateral, apesar de
o governo afirmar que não cessarão as hostilidades até que se chegue a
um acordo.

Os guerrilheiros anunciaram que voltarão a Cuba para continuar os
diálogos o mais rápido possível, para se incorporarem à tarefa da
busca pela paz, ao mesmo tempo que qualificavam como cordial e
respeitosa a reunião com os delegados do governo.

Os diálogos continuarão em 5 de novembro, com um encontro preparatório
em Cuba e 10 dias depois, quando será debatido o desenvolvimento
agrário, primeiro ponto dos cinco propostos na agenda.

Justiça social

No início da segunda fase de negociações, o representante das Farc-EP
também defendeu uma paz com justiça social. Para Márquez, "será o povo
que tomará uma decisão", e o processo de negociação não pode ocorrer
com pressa, "contra o relógio", já que no meio disso estão as lutas
sociais para mudar o modelo econômico do país.

"Uma paz que não aborde a solução dos problemas políticos e sociais
equivaleria a semear de quimeras o solo da Colômbia", afirmou o
guerrilheiro, lembrando que uma das casas da luta das Farc-EP é o tema
da terra.

Nesse sentido, Márquez criticou o projeto de entrega de terras às
vítimas das desocupações armadas, posto em prática pelo governo,
porque "procura a internacionalização" da posse da terra, na qual
estariam interessadas as multinacionais da mineração e o capital em
geral.

O guerrilheiro também denunciou o governo de Washington, que
anualmente “doa” US$ 700 milhões ao governo colombiano para que este
coloque em prática o Plano Colômbia, enquanto o gasto militar do país
equivale a 6,4% do PIB, o que considerou como "um dos mais altos do
planeta".

"Presidente Santos, fundemos a paz tomando como base os desejos da
nação", disse o delegado das Farc-EP, que conclamou várias
organizações políticas e sociais para que colaborem no processo de
negociação.

Com informações da Prensa Latina