"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 24 de março de 2010

O fim do fim da Colômbia feroz

Por Iván Márquez
Integrante do Secretariado e
Chefe da Comissão Internacional das FARC

O recente falho da Corte Constitucional que declarou inconstitucional o referendo que facultaria um terceiro mandato consecutivo de Uribe, é o começo do fim do fim da Colômbia feroz, o fim do fim -como sonora bofetada- de um projeto criminal de ultra-direita que pretendeu se arraigar no solo da pátria para submete-la sob o desprezível nome de “uribismo.

É o “uribismo” um Frankenstein que verte sangue. Um engendro abominável de Terrorismo de Estado e paramilitarismo institucional, de malas cheias de dólares do narcotráfico e dinheiros de empresários e pecuaristas assassinos. Cosido com parapolítica e fraudes eleitorais, chacinas e “falsos positivos”, que são crimes de lesa humanidade y, conspirações permanentes para curvar a independência das Altas Cortes. Remendado com a entrega da soberania à ambição do monstro do norte e de investidores estrangeiros, a grande traição à pátria que significa entregar o território para que seja indignamente pisoteado pela bota ianque e, a corrupção e utilização do dinheiro público para favorecer os ricos, não os pobres.

Em seu livro COLÔMBIA FEROZ (Do assassinato de Gaitán à presidência de Uribe), o espanhol José Manuel Martín Medem, tomando como fonte seus amigos da imprensa colombiana (página 250), afirma que “o assessor de Uribe, José Obdulio Gaviria (primo irmão do narcotraficante Pablo Escobar), recomenda-lhe constantemente que não renuncie à segunda reeleição porque, se deixa de ser Presidente, lhe cairão encima aqueles que pedem à Corte Penal Internacional que o investigue. E ai pode-se levar surpresas pela falta de apoio dos que agora se apresentam como seus aliados incondicionais”. A verdadeira motivo que movimentava desde o Palácio de Nariño o referendo que lhe tirava o sono a Uribe, ficou nu.

Em hora boa a sentencia da Corte Constitucional mandou ao caralho a “encruzilhada da alma” do presidente da máfia que tinha babando a muitos políticos incondicionais, que havia consolidado o desavergonhado carnaval dos “políticos camaleões” que mudam de partido da noite para o dia.

O aplauso dos jornalistas que aguardavam a sentencia no recinto da Corte e, o estrepitoso barulho dos carros buzinando nas ruas de Bogotá em sinal de festejo pelo fracasso do referendo recolheram o sentimento generalizado de todo o país. A Corte desfez a fábula do teflão que protegia a Uribe, inventada para manipular a opinião pública.

A denuncia de Martín Medem é como um potente refletor que nos permite ver com claridade a pretensão de Uribe de impor-lhe à Corte Suprema de Justiça a nomeação de Camilo Ospina como Fiscal Geral da Nação. Uribe quer uma investigação que conclua na sua absolvição por parte da justiça colombiana, para deixar sem competência a Corte Penal Internacional. Só para isso tirou ele da OEA.

Quanta desvergonha tentar nomear como Fiscal um aliado incondicional e ex-ministro da Defesa, -autor da Diretiva de 29 de novembro de 2005- que deu origem aos terríveis crimes de lesa humanidade, mal chamados de “falsos positivos”.

Ainda sem se repor do golpe que deu-lhe a Corte, o presidente da parapolítica repete alucinado o argumento fascista de que o “estado de opinião” é componente do estado de direito, com o qual pretendia passar por encima da Constituição.

Sinceramente, acreditamos que na Colômbia ninguém -nem sequer aqueles belicosos generais- deseja ficar junto a Uribe no banco dos acusados.

Todos esses candidatos presidenciais que hoje defendem a política de segurança inversionista e a apátrida instalação de bases militares estadunidenses na Colômbia, com a absurda crença de que essa posição reporta votos, só lograrão, se é que triunfam, prolongar a agonia do “uribismo” e dos desaforos do poder.

A era do pós “uribismo” tem começado. É tempo da contra-ofensiva dos vitimados e ofendidos. Estamos no tempo do povo falar com sua linguagem da mobilização e da protesta, tal como acaba de ocorrer em Bogotá e outras regiões do país. A espada de batalha do Libertador Simón Bolívar, de novo está empunhada pelo povo comandando a luta pela Definitiva Independência.

Montanhas da Colômbia, março 20 de 2010
Ano do bicentenário do Grito da Independência