"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 21 de março de 2010

A saúde na Colômbia não é um direito, é uma mercadoria

Jhon Jairo Salinas
Fonte: Rebelión


Enquanto mais de 60.000 trabalhadores da saúde serão demitidos e 123 hospitais estão na lista de espera para ser fechados, nas portas dos nossos hospitais milhares de mulheres com seus filhos nos braços aguardam desesperadamente por atendimento médico que salve a vida dos seus filhos.

Esta irracionalidade é própria do sistema capitalista, um sistema destrutivo, criminoso e parasitário cuja lei é obter lucro rápido sem importar como, para enriquecer a uns poucos às custas da vida de milhões. A atual nova onda de globalização imperialista é um aprofundamento do capitalismo de sempre.

Muitos são os efeitos da globalização imperialista: por um lado fortalece os grandes monopólios e enriquece uns poucos e, por outro, exclui, marginaliza e aprofunda a miséria e opressão da grande maioria da sociedade. A situação atual da saúde do nosso povo é a consequência lógica do aprofundamento do domínio imperialista em nossa pátria, a mesma que é exercida em todos os países oprimidos do planeta. Nos últimos dez anos, a população pobre do planeta passou de um bilhão para 2,8 bilhões. Na Colômbia, calcula-se que mais de 70 de cada 100 pessoas vivem na pobreza ou indigência e, no campo, 82 de cada 100. O nível de vida hoje é pior do que há dez anos.

Garantir este paraíso da exploração para os imperialistas requer o ajuste do Estado, buscando conter o auge da luta popular. Uma clara política fascista vem-se aplicando sistematicamente dirigida a destruir política e militarmente toda forma de organização e expressão do povo que atente contra os interesses das classes lacaias representantes dos interesses imperialistas, acabando com as organizações sindicais e populares política ou militarmente. Quer dizer, assassinado dirigentes e ativistas ou controlando politicamente suas organizações. Dessa forma, os direitos de expressão, mobilização e greve vêm sendo apagados até mesmo da linguagem.


Sob o capitalismo o povo não tem, nem terá, saúde

O problema da atual situação da saúde tem a ver com a natureza do sistema, não é um problema de bons ou maus governos ou administrações, pois o capitalismo se baseia na exploração do homem pelo homem, onde uma minoria da sociedade (burgueses representantes do imperialismo e latifundiários), explora de forma selvagem a mais de 90% da população, para enriquecer e aumentar seus ganhos. Seus valores, tais como o individualismo, o egoísmo, o “salve-se quem puder”, são em si a sua essência, portanto, a corrupção, o roubo, o esbanjamento, etc., que tanto campeiam no setor da saúde, não é um problema de boas intenções, é uma questão do quê está imbuído até a medula em todos neste sistema.

Portanto, a saúde segue a lógica das leis do capitalismo, onde tudo se converte em mercadoria, que se compra e se vende à melhor oferta, não é o “direito constitucional inviolável de todo ser humano” de que se gaba a burguesia, ao contrário, os serviços de saúde têm a ver com a posição social que ocupam na sociedade de classes. Na Colômbia, mais de 20 milhões de operários, camponeses e pequenos burgueses encontram-se totalmente excluídos dos serviços de saúde. E os que tem acesso a ele estão classificados pela sua capacidade de pagamento, para receber, na melhor das hipóteses, uma consulta de poucos minutos, onde as condições em que vivem e trabalham são ignoradas e ainda são culpados pela sua própria situação.

A abrangência da vacinação e os programas de nutrição têm diminuído radicalmente. O número de leitos disponíveis é menor do que há dez anos assim como o número de consultas, e as doenças como tuberculose, cólera, dengue, leishmaniose e outras enfermidades da pobreza continuam a se espalhar rapidamente. As crianças do povo continuam morrendo pelas mesmas infecções respiratórias e diarréias.

De um total de 700.000 crianças nascidas po ano, 25.000 morrem antes de completar um ano de vida. A cada ano morrem 60.000 crianças por causas associadas à falta de atendimento oportuno ou de doenças com prevenção. E o quê falar das condições de vida e de trabalho do povo em que mais de 80% da água fornecida pelos aquedutos, quando existem, não é apta para o consumo humano.

Ainda, 65% da população não possui esgoto em casa. O déficit de moradias é de mais de dois milhões de unidades e uma alta porcentagem está construída em regiões impróprias para viver.

Junto deste panorama, cerca de 70% dos hospitais universitários encontram-se na beira da falência: o hospital Ramón González Valencia, de Bucaramanga, o Evaristo García em El Valle, o Erasmo Meoz no Norte de Santander, o Universitário de Popayán, o Geral e o Universitário de Barranquilla, o Materno Infantil em Bogotá, dentre outros. Unidos aos três hospitais de Cartagena já fechados (San Pablo, Universitário, Lions Clube), ao de Caldas, em Manizales, San Juan de Dios e Materno Infantil de Bogotá. Isto exemplifica o que significa a saúde para as classes dominantes: um negocio, mas que serve somente para produzir lucro.


Saúde e opressão imperialista

O aumento dos gastos militares e a prioridade para o pagamento dos juros da divida pública interna e externa, têm levado a uma drástica redução dos investimentos sociais, dentre eles a saúde pública. As classes dominantes guardam nos bancos mais de 2,5 trilhões de pesos captados dos salários não pagos aos trabalhadores do setor de saúde, como garantia do pagamento da divida externa ao capital financeiro imperialista.

O FMI impôs o incremento da participação dos monopólios privados nos diferentes serviços de saúde. O sistema mercantil da saúde, sob o capitalismo, permitiu às EPS (capital financeiro imperialista do setor de seguros) enriquecer em poucos anos, ao ponto de seis delas, segundo a revista Semana, estar entre as maiores empresas do país, no caso de Saludcoop superando inclusive ao Bancolombia, primeiro banco em depósitos operacionais. Não é por acaso que as EPS acumulam 60% em subsídios da arrecadação do regime.

As transferências de dinheiro da saúde aos municípios alimentam a um grupo de caciques locais e clientela política que enriquece e trafica com o sofrimento do povo, fortalecendo ainda mais o seu poder, geralmente ligado a prefeitos, militares, latifundiários e paramilitares. O recente caso de Riohacha (departamento de La Giajira) onde o dinheiro da saúde destinado a uma ARS, era controlado pelos caciques do município e pelos paramilitares, é somente uma pequena amostra da trama política e militar do ‘coronelismo’.

No campo, a maioria da população não é associada a nenhum tipo de serviço de saúde. E os que tem recebem somente serviços de primeiro nível, especialmente porque esta é uma forma de desviar e apropriar-se destes recursos por parte da ARS controladas pelos ‘coronéis’ e paramilitares. A generalização do uso de carteirinhas no SISBEN transforma-se numa forma de garantir o controle político e, muitas vezes, militar, sobre as massas camponesas.

O desigual nível de atenção em saúde, produto do desenvolvimento distorcido e desigual que a opressão imperialista exerce no nosso país, fica evidente no nível de abrangência do regime subsidiado que, em departamentos como Guaviare, Guainía e Amazonas, não chega sequer a 75%, seguido de Vichada, Vaupés, Magdalena, Córdoba, Sucre e Putumayo, com uma falta de abrangência de mais de 55%.