"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 11 de abril de 2010

11 de abril de 2002: Quando a Venezuela derrotou a última ditadura



Em evidente defesa da democracia, o povo venezuelano protagonizou, em abril de 2002, uma batalha da qual saiu vitorioso diante de uma conspiração que, por escassas horas, instaurou uma ditadura após a perpetuação de um golpe de Estado contra a instituições do país sul-americano.


Um governo golpista, encabeçado pelo autoproclamado Pedro Carmona Estanga, chegou ao poder em 11 de Abril desse ano pela mão de cúpulas empresariais e patronais, bem como com o apoio da Igreja Católica, meios de comunicação privados e um setor
antipatriota das Forças Armadas Nacionais, todos sob a influência do Departamento de Estado dos Estados Unidos.

O golpe foi perpetrado após três dias de uma greve geral convocada pelos grupos de poder mencionado acima, especificamente quando membros desleais do Alto Comando militar ignororam a autoridade constitucional do presidente venezuelano Hugo Chávez, que, posteriormente, ordenaram a sua detenção e afastamento do poder .

Desde a dissolução das instituições, até a quebra dos designios ditados pela Constituição, durante a sua curta estada no poder, Carmona Estanga e seus seguidores desmantelaram toda a estrutura estatal que, seguindo todos os meios democráticos, tinha sido instalada pela gestão Chávez.

Esta acção antidemocrática recebeu uma resposta clara por parte do movimento popular venezuelano, que dois dias depois começou a exigir o regresso do Presidente que fora legitimamente eleito Dezembro 1998.

Um grupo de oficiais leais ao Presidente Constitucional apoiaram ações do povo venezuelano nas ruas em defesa da democracia, facilitando assim o retorno de Chávez ao seu cargo em 13 de Abril, após permanecer detido na Base Aeronaval de La Orchila, localizada numa pequena ilha do Caribe, a cerca de 160 quilômetros da capital Caracas.

Este breve episódio representou, após a queda do regime de Marcos Pérez Jiménez em 1958, a vitória do povo venezuelano sobre a última ditadura instalada em seu país.

Além disso, neste contexto, como prova da sua dimensão histórica, a Revolução Bolivariana suportou o ataque que, em 2002, a direita venezuelana tentou, com o apoio do imperialismo estadounidense, um capítulo dos novos tempos dessa nação a partir do qual obteve uma consciência política de cárater democrático e soberano.


Fortalecimento da Revolução

“A Revolução Bolivariana, realizada por Chávez como parte do seu governo, eleito pela primeira vez em 1998, se fortaleceu com a aliança espontânea que formaram o movimento popular e as Forças Armadas em defesa da institucionalidade democratica da Venezuela após o golpe de Estado”.

A Revolução Bolivariana, liderada por Chávez como parte de seu governo, eleito pela primeira vez em 1998, se fortaleceu com a aliança espontânea que formaram o movimento popular e as Forças Armadas na defesa das instituições democráticas na Venezuela, após o golpe de Estado.

Em declarações dadas ao site TeleSUR, o membro da direção nacional do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Rodrigo Cabezas, disse que o povo venezuelano aprendeu, a partir dos eventos do golpr de Abril de 2002, que a oposição oligárquica do país executa uma agenda violenta através da qual tentou tomar o poder.

Cabezas também argumenta que o golpe de Estado de 11 Abril de 2002 foi, sem dúvida, uma grande experiência para a Revolução Bolivariana "porque se testou sua dimensão histórica com o obstáculo que teve que superar e que conformou a aliança civico-militar para proteger a democracia protagonista que alimentamos no país".

"A partir desse momento, acredito que, de fato, se produz na Venezuela um grau superior de consciência de que somos confrontados com setores oligarquicos, sectores privilegiados, que de uma maneira ou de outra manifestaram a sua agenda anti-democrática", disse o representante do PSUV.

Também disse que, graças à revelação dessa agenda desestabilizadora dos grupos econômicos, políticos e mediáticos da Venezuela, o movimento popular desse país está em alerta diante de uma eventual nova conspiração golpista.

"O movimento popular socialista aprendeu, desde 2002 até agora, que existe uma agenda de desestabilização, uma agenda de violência, por isso estamos sempre alertas, na mobilização e reafirmando a aliança civico-militar, para impedir uma manobra como a que nos surpreendeu em 2002 ", disse ele.

"Dessa perspectiva, nos fortalecemos sabendo que o fascismo não estava somente na teoria, mas também na prática dos grupos econômicos, políticos e mediáticos da Venezuela", acrescentou Cabezas.

No entanto, foi somente em 2004, que o processo revolucionário venezuelano começou a se recuperar do golpe antidemocrática sofrido.

O presidente do Comité Permanente de Relações Exteriores da Assembleia Nacional (Parlamento) da Venezuela, deputado Roy Daza, disse, também em entrevista ao site da TeleSUR, que o fato puntual que dá força a este argumento é a vitória eleitoral de Chávez no referendo revogatório realizado em agosto de 2004.

"O processo revolucionário entrou numa fase muito difícil depois desse golpe de Estado, que só veio a ser superada em 2004, quando o presidente foi ratificado em seu cargo", após o referendo da estimulado pela oposição.

Ele lembrou que, entre dezembro de 2001 e agosto de2004, a Venezuela esteve mergulhada em uma crise que resultou da greve geral liderada pela oposição golpista, “que foi superada pela via pacífica e democrática, institucional e constitucional, através do referendo que consolidou o processo revolucionário de forma muito significativa".

Assegurou também que, na atualidade, após seu papel no resgate da institucionalidade democratica e da reafirmação da Revolução, “é o povo que assume a responsabilidade de construir uma nova república e de também construir uma nova democracia".

"Isso é o que tem fortalecido e ratifica a liderança histórica que representa o presidente Chávez", disse ele.


Descartado um outro golpe

Tanto Cabezas como Daza consideraram que, devido à maturidade política do povo venezuelano, não há condições para que se produza outra ação golpista como a ocorrida em 2002.

Se bem que o membro da direção do PSUV não descartou totalmente que ocorra uma ação golpista, devido a que os poderosos setores que se opõem ao Governo constitucional venezuelano contam ainda com o apoio do imperialismo ianque.

"Eu não descarto que possam ocorrer intentonas desestabilizadoras, nossos inimigos são muito poderosos econômicamente e são apoiados politicamente pela intervenção imperialista dos EUA", disse Cabezas site da Telesur.

No entanto, avaliou que o movimento socialista, como se referiu à força popular venezuelana que defendeu a democracia em 2002, “está agora em melhores condições para derrotá-los esmagadoramente, em condições de não ser surpreendidos e tem um maior acúmulo de forças sociais, inclusive superiores às que existima quando se deu o golpe".

"Certamente hoje temos uma situação melhor, estamos em um estágio superior na aliança civico-militar que protege o caminho democrático da Venezuela rumo ao socialismo. Eles podem tentar um golpe de Estado, mas os derrotaremos mais rápido e facilmente", acrescentou.

Por seu vez, Daza explicou que, segundo a história, nenhum evento se repete nas mesmas condições e concordou com Cabezas afirmando que "agora, neste momento, não há nenhuma possibilidade de que a direita e o imperialismo tentem um assalto ao poder”.

Ele argumentou que, ao contrário de 2002, as instituições do Estado e a presença do Partido Socialista Unido da Venezuela, bem como a consolidação e a projeção internacional que a liderança do presidente Chávez, "impedem qualquer tipo de tentativa por parte da direita”.

"Se viesse a acontecer, o que acho que não existe nenhuma condição para que aconteça, contaria com uma resistência popular muito maior do que a que se deu em abril de 2002", sentenciou.

Depois de oito anos do golpe de Estado, a Venezuela é exemplo na atualidade, de que os cidadãos, outrora submissos a grupos de poder que velam de forma exclusiva por seus interesses econômicos, têm sido capazes de exercer uma participação ativa nos processos políticos e na defesa da democracia.

O Chefe de Estado venezuelano, que não foi apenas ratificado no referendo revogatório agosto de 2004, mas também re-eleito nas eleições presidenciais de dezembro de 2006 por uma esmagadora maioria, em seu projecto político propõe justamente essa participação protagonista que agora têm as massas populares em seu país.

Abril de 2010, mês em que se comemora o Bicentenário da Independência, é também uma oportunidade em que os venezuelanos relembrem o valioso papel que desempenharam em favor da continuação do processo de transformações que representa a Revolução Bolivariana.

Manuel Felipe Díaz