Carta contra o bombardeio das Comunidades indígenas na Colômbia
A seguinte informação não será divulgada pela RCN, Caracol ou El Tiempo (empresas monopolistas da comunicação na Colômbia)
A brigada 17 do Exército Nacional e a Força Aérea Colombiana bombardearam a comunidade indígena de Alto Guayabal na área Uradá Jiguamiandó, nos limites entre Antioquia e Chocó (departamentos colombianos), no dia 30 de janeiro às 3:30 a.m., deixando como resultado deste ataque vários indígenas gravemente feridos e a morte de um bebê indígena recém nascido. A clara intenção do bombardeio é desalojar a comunidade indígena e negra, para abrir o caminho para o projeto mineiro Mandé Norte, um dos planos mais avassaladores, depredadores e arbitrários que está sendo desenvolvido nas selvas do Chocó, situado entre Carmen Del Darién, no departamento de Chocó e Murindó, no departamento de Antioquia.
Após a confirmação da existência de grandes depósitos de ouro, cobre e de um mineral pouco conhecido, molibdeno, o governo de Uribe concedeu às multinacionais Muriel Mining Company, Anglo Gold Ashanti e à Glencore todo o aval possível e impossível permitindo a elas que mandem e desmandem em um território de 16.000 hectares. Apesar disso, estes territórios coletivos são de propriedade das comunidades negras de Jiguamiandó e das reservas indígenas de Jiguamiandó e Murindó, do povo embera-Katío, territórios ancestrais.
Por razões óbvias, as comunidades ali assentadas se opõem ao desenvolvimento deste projeto; motivo pelo qual o atual governo colombiano, violando todas as normas e princípios constitucionais nacionais, tratados internacionais e os Direitos Humanos, na contramão do Estado Social de Direito, ORDENOU A MILITARIZAÇÃO DE SEUS TERRITÓRIOS e o BOMBARDEIO e QUEIMADA DE SEUS TAMBOS (moradias indígenas).
Além disso, a Brigada 15 do Exército Nacional Colombiano invadiu a reserva indígena de Urada na Zona de La Rica. Os militares acabaram com os cultivos de trigo e frutas, construíram heliportos que são utilizados pela empresa concessionária para o transporte de seus empregados, devastaram três hectares de mata com a empresa Muriel Mining Company, destruíram o cemitério sagrado, localizado na Zona de La Rica, onde apenas podem entrar os médicos jaibanas.
Esta situação tem como antecedentes: No dia 4 de maio de 2000, por conta das operações na zona, desapareceram 3 membros da comunidade de Alto Guayabal. Os desaparecidos são: Reguina Rubiano Bariquin (65 anos), Pablo Emilio Domico (45 anos) e Blancaina Domico (16 anos). Durante as mesmas operações foram incendiados 8 tambos indígenas, roubaram bananas e outros mantimentos, utensílios sagrados e animais de criação. No dia 22 de junho de 2007 foi bombardeada a comunidade indígena da Ilha, na reserva do rio Murindó. No dia 08 de fevereiro de 2008, às 3:40 pm, foi bombardeado o cemitério das comunidades indígenas da Ilha e Coredó. Na Zona de La Rica, a empresa e os militares construíram postos avançados e acampamentos, onde permanecem localizados. Lá foram instalados dispositivos de segurança e foi dito aos indígenas, donos do território, que não poderiam mais transitar pelo menos. Estes militares prestam segurança à empresa concessionária, ignorando direitos ancestrais dos indígenas e negros colombianos e colocando em risco os direitos fundamentais destas comunidades.
Aterrorizados pela situação e a grave ameaça que caiu sobre eles, os Embera Katío fazem um CHAMADO URGENTE nacional e internacional, solicitando apoio para que cesse a militarização de seu território e evite o deslocamento forçado de seus povos.
Favor incluir o seu nome ou de sua organização à lista de pessoas que assinam esta carta.
Tradução: Thiago Ávila (thiagodeavila@hotmail.com)
Para maiores informações:
http://www.anncol-brasil.blogspot.com
http://www.bosquetropical.org
Manifestam seu apoio à luta dos povos indígenas e das minorias na Colômbia:
Anncol Brasil – WWW.anncol-brasil.blogspot.com
Comitê de Solidariedade ao Povo Colombiano