A COLÔMBIA INVISÍVEL E O NOVE DE ABRIL
A COLÔMBIA INVISÍVEL E O NOVE DE ABRIL
Alberto Pinzón Sánchez
Quando o formidável líder popular Jorge Eliécer Gaitán, (cuja morte os colombianos choram incansavelmente por 62 anos, sem que suas lágrimas consigam comover o Departamento de Estado dos EUA para que desclassificar os documentos secretos que possui sobre este assassinato internacional), disse que na Colômbia coexistem dois países: O país político e país nacional, estava definindo a característica mais contraditória da Colômbia pré-moderna. Sua vida dupla com sua dupla moral.
Um delas, a Colômbia formal, aparente e visível das classes dominantes, do "tudo bem e em ordem" e a outra, a Colômbia real da exploração sem misericórdia dos seus habitantes, baseada numa violência política e militar infernal convertido em relação de dominação e de produção: Nove carnificinas de peões setorizados entre si que receberam a nome de "guerras civis", durante o século XIX, e duas no século XX, que se prolongam até o inicio deste século XXI, atestam isso.
Qualquer um que se aproxime para observar qualquer aspecto da realidade colombiana, de fora ou de dentro, encontrará somente o prolongamento, no tempo e no espaço, desta situação perversa. Hoje, por exemplo, na "Colômbia visível" só existe a chamada campanha eleitoral a escolher o “vigário" (ou quem for ficar no seu lugar) Álvaro Uribe Vélez, na direção do bloco de classes dominantes e dirigentes da Colômbia. Uma campanha de prejuízos e não de argumentos, assim desenhada pelos estrategistas do regime, sobre a alternativa de que avançar é continuar, versus a mudança que significa retroceder. "Retroceder diante do quê? Simples. Diante a violência geoestratégica Imperial para a região Andina, exercida a partir do topo do poder na Colômbia. Regra imutável do jogo, aceita sem modificações por TODOS (sem exceção) que se inscreveram para participar da farsa eleitoral que se desenvolve no país.
Entretanto, paralelamente coexiste uma "Colômbia Invisível". Não é apenas que "não se vê mas que ai está”, descrita com realismo absoluto pelo sargento Pablo Emilio Moncayo, no momento da sua libertação. Ou a do crescente protesto social que vem ocorrendo nestes oito anos do governo da Segurança Democrática que todos os filisteus, candidatos a sucedê-lo, aspiram a continuar, mostra um significativo e sustentável aumento de qualidade (duas lutas sociais por dia) bem como em quantidade (554 municípios do 1120 que existem na Colômbia), como mostra a equipe de investigação do CINEP. Mas a catástrofe da situação geral no país, que nestes dias de eleições, finalmente teve que se tornar visível, personagens que devem ser lidos superar as náuseas que produzem, como Fernando Londoño (El Tiempo, Planeta. Grandes Temas. 08/04/2010).
Isso não é tudo. Apesar de que o protesto social invisível social na Colômbia, segundo o padre jesuíta Mauricio Garcia, CINEP diretor, é motivada principalmente por violações dos direitos humanos, o desconhecimento dos direitos econômicos, sociais e culturais, as políticas governamentais e o não cumprimento de pactos oficiais. As privatizações de empresas estatais, o desemprego, as reformas acadêmicas, a ausência de uma política agrária integral, a prestação de serviços públicos e suas tarifas.
Também, a guerra e o conflito, de acordo com o diretor do CINEP, motivam as manifestações públicas. Ou seja, na consciência popular e social está claro que a Solução Política para o conflito colombiano é uma reivindicação progressiva e avanço social. No entanto, o presidente da Colômbia, responsável constitucional pela política de paz no país, delegou ao seu impulsivo e eloquente ministro da Defesa, Silva Luján, a fixação definitiva do que será o futuro da continuidade da Segurança Democrática. Aproveitando a reunião da diretoria de inteligência da Polícia Nacional (08/04/10), Silva Luján anunciou, em emocionado discurso, a inexorável tabua da lei do militarismo mais vulgar da oligarquia vassala. "Não haverá processo de paz com o narcoterrorismo. Apenas sua derrota!".
É claro que a Colômbia Invisível tomou nota de tal desumanidade belicosa e, no meio dos arrepios que deve ter provocado tal sentença, não tem outra caminho para continuar insistindo, até o fim dos dias, em que somente a Solução Política do conflito dará à sociedade colombiana uma via civilizada e humana para superar seus problemas, sendo um deles a pré-modernidade assinalada pelo grande Jorge Eliécer Gaitán, pouco antes de ser assassinado pelo pistoleiro pago pela CIA.