Afinal, quê? O presidente sem bússola frente ao intercâmbio humanitário
[Johny Silva/WilliamOrtiz/Colaboradores ANNCOL]
Que alguém, por favor, presenteie uma bússola ao presidente, parece ser o clamor dos cidadãos de a pé, quando vêem e escutam que o presidente, em meio à histeria na qual se afundou, desmente nas tardes o que disse e prometeu nas manhãs. Isto é o que passa nestes instantes quando, mediante um pronunciamento público, o Comando Conjunto de Ocidente das FARC aceita a entrega dos corpos dos deputados do Valle a uma Comissão Internacional, composta pela Cruz Vermelha Internacional, dois familiares e o acompanhamento humanitário do dr. Álvaro Leyva.
Esta proposta havia sido sugerida pelo próprio governo, e, conseqüentemente, aceitada frente à comunidade internacional. Agora, na resposta do governo se nota novamente um passo atrás, como tem sido o costume nos últimos tempos. Prorrogar, mentir e prorrogar novamente.
O governo, precipitadamente, havia afirmado que a insurgência seria quem havia assassinado os deputados, neste lamentável fato pretendeu canalizá-lo para desprestigiá-la e, ao mesmo tempo, desviar a atenção sobre a responsabilidade de todo o regime na Parapolítica. Porém, quando se apresenta a oportunidade de demonstrar o que verdadeiramente passou, - se se realizam umas autópsias sérias, científicas e imparciais – o presidente fecha a porta nos narizes de familiares e prorroga a entrega dos corpos.
O governo não aceita que familiares estejam presentes na diligência de entrega, e pretende impor a OEA, organismo que não oferece nenhuma credibilidade, sobretudo depois que guardou silêncio frente às mortes do período de Ralito. 3.200 pessoas assassinadas seletivamente é a cifra que lograram recopilar as ONGs de DDHH, mortes silenciadas nos informes de seguimento da missão técnica da OEA. Sem contar as toneladas de coca que foram enviadas durante este processo. Podemos agregar a isto que o próprio governo estava a par destas mortes e da comissão destes e outros delitos, se como o afirma o ex-diretor de inteligência, general Guillermo Chávez: “todas as comunicações de Ralito têm sido interceptadas, porque se interceptou todo o espectro eletromagnético”. O silêncio, cumplicidade e omissão da OEA e do governo não têm limites.
Ante a negativa do governo de não aceitar a presença de familiares, reproduziremos o mesmo cenário, que se apresentou durante as diligências da necropsia ao cadáver de Jaime Gómez, assessor da senadora Piedad Córdoba, assassinado em estranhas circunstâncias.
No último comunicado do Comando Conjunto de Ocidente das FARC-EP fica claro que os mais interessados em entregar os corpos dos deputados e aclarar as circunstâncias de sua morte é a insurgência. Que esconde o governo ante esta nova manobra para prorrogar a entrega, acaso impedir que saibamos que tipo de munição se utilizou, que tipo de arma, a que distância, e as trajetórias das balas que consumiram a vida dos deputados. A resposta é que ao governo não lhe interessa que o saibamos, porque isto demonstraria que jamais lhe interessou o intercâmbio humanitário e que todos os esforços do regime conduzem à morte dos prisioneiros de guerra para justificar seu discurso de terra arrasada.
Esta histeria uribista deve ser desmascarada pelas famílias dos deputados, dos quais necessitam os corpos seus familiares para realizar seu luto. O governo nacional pretende ganhar tempo, ignorando que as ciências forenses se encontram muito desenvolvidas e que não importa quanto tempo passe para que estas desvelem as verdadeiras circunstâncias que rodearam a morte dos deputados.
Com esta atitude, o regime mostra, ante o mundo, que está construído sobre a mentira, sobre os pactos secretos, sobre os acordos debaixo da mesa, os fatos e atos ante a opinião pública nacional e internacional são coisas das quais o regime foge.