"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Álvaro Uribe Vélez: VERGONHA PELA FALTA DE VERGONHA DE UM CAPACHO DESAVERGONHADO




[Plutarco]

Os colombianos que aspiramos viver com dignidade em um país livre e soberano, nos sentimos agoniados pela abjeção e a indignidade de um pretendido representante “nacional” que arrasta e enloda diariamente o que nos sobra de decoro patriótico.

O lacaio, para começar, se curva diante do amo; depois, quando está adaptado a esta posição, se esconde perto dele, e assim pode sobreviver por um longo tempo sem chamar demasiada atenção de quem o observa. Mas por último, para obter sua aprovação e tentar inutilmente provar-lhe que não é invisível e que ainda existe, resolve então arrastar-se para sua visão diferente, já que obviamente os interesses do patrão já se dirigiram para outros pontos e situações, segundo sua própria, meticulosa e indiferente lista de prioridades.

O lacaio, por uma elemental lei da natureza (nada menos que a da sobrevivência!), “pensa”, ao princípio de sua prática cotidiana, que é necessário para o amo, e tanto, que se acredita e se sente não só querido e apreciado por ele, mas inclusive chega a acreditar-se necessário e importante para suas tarefas, necessidades ou simples caprichos. E daí que se convença de seu aparente valor, e que chegue inclusive a situações de impune exibicionismo diante de seus pares, já que tampouco é burro para fazê-lo diante de pessoas que ele reconhece como realmente valiosas e independentes.

E se alguém duvida dessa simples e elementar descrição da conduta do lacaio, observe, ainda que seja por um instante, Álvaro Uribe Vélez, o paraPresidente colombiano: desde o primeiro momento em que apresentou seu “programa de governo”, que anunciava com bumbos e pratos a instauração imediata de um regime policial na Colômbia, baseado na criação de 2 milhões de dedo-duros (o governo os chama eufemisticamente de “redes de vigilantes”), disse que os altos interesses da Colômbia estariam ligados estreitamente aos altos interesses do Império.

Com esta declaração, evidentemente desnecessária por redundante, mas elemental no discurso de um lacaio, o regime do uribato paramilitar e mafioso marcou a diferença com os governos democráticos e independentes que no resto da América Latina estavam sendo instaurados, e que para surpresa de Washington resultaram críticos e depois opositores das políticas imperiais, e deixou o grande lacaio colombiano em uma incômoda e solitária posição de absoluta dependência norte-americana, isolando assim seu país do concerto e as aspirações nacionalistas da América Latina.

E como o lacaio tem que comer (também por conta de uma elemental lei natural), e no caso colombiano ainda por cima tem que sustentar uma guerra que leva quase 50 anos de existência e que figura em toda a literatura política, sociológica e milita do mundo como “conflito social armado interno”, cuja existência, sem embargo, nega sem pestanejar e com total sem vergonhice o Presidente Uribe Vélez, tinha então que curvar-se não só em reverência ao amo que lhe outorgava armas para manter seu inexistente porém necessário conflito, mas ainda tinha que se colocar diante dele em sinal de absoluta submissão.

Assim, de inclinação em inclinação, de reverência em reverência, passando pela formulação de entreguistas declarações que só buscavam assegurar os pratos da mesa do amo, respaldando causas nauseantes (estilo invasão do Iraque, etc, etc.. Uribe Vélez, sem o menor pudor nem o menor respeito pela dignidade de todos os colombianos, foi caindo na humilhante posição de réptil, arrastando-se e arrastando a todos os colombianos que ainda aspiramos a dignidade, à desavergonhadas posturas, que pensávamos que haviam acabado com a vergonhosa visita de Bush à Colômbia.

Durante ela, o regime parauribato permitiu e estimulou humilhantes atitudes dos visitantes imperiais, até o extremo incrível de tolerar que a mesma “guarda de honra” que renderia as correspondentes homenagens protocolares ao chefe do Império, foram cacheados (vale dizer requisitados) em seus uniformes e em seu armamento pelos membros de seu corpo de segurança, ou que o próprio Bush, com absoluto desprezo por seu incondicional e inepto anfitrião, não prestou o devido respeito elemental ao hino da Colômbia!

E como o lacaio Uribe se auto-proclama como um “político pragmático”, nos últimos dias, quando tornou-se necessário que viaje quase semanalmente à Washington para mendigar dólares para a continuação do criminoso Plano Colômbia que nos custou tantos mortos, torturados, desalojados e desaparecidos, ou para implorar a aprovação do Tratado de Livre Comércio que garantirá aos ricos da Coômbia uma mais rápida e fácil acumulação de riqueza, enquanto o povo presencia horrorizado a morte contínua, por inanição, de dezenas de crianças, o vemos literalmente rastejar pelos corredores da Casa Branca.

E o vergonhoso espetáculo de um pretendido Presidente da República, de um também pretendido Estado que se auto-proclama digno, soberano e independente, e de uns poderes que se auto exaltavam autônomos, arrastando-se pelas ante-salas do Parlamento gringo e pelos corredores da sede imperial, recebendo humilhantes tratamentos de vassalos e de mendigos; submetidos à injuriosos interrogatórios e à vergonhosas audiências mais próprias de uma colônia que de um país digno, e tudo por umas poucas migalhas do banquete imperial, é algo muito doloroso, injusto e abominável para os colombianos de bem.

Uribe Vélez será julgado por suas políticas anti-democráticas, absolutistas e autoritárias; por sua pretendida “seguridade democrática”, que não tem sido outra coisa além da continuação dessa guerra que a classe dirigente colombiana resolveu declarar ao povo colombiano por atrever-se a reclamar uns elementais direitos e a protestar por umas evidentes injustiças sociais e econômicas, e que está consciente de não poder ganhar, e também deverá ser julgado por tribunais populares por sua indignidade, sua sem-vergonhice e indiferença aos pedidos que inclusive seus próprios amigos fazem por sua postura abjeta, reverente e submissa diante do Império.

E prioritariamente deverá ser julgado por sua incapacidade para resolver pela via política este desumano conflito social armado interno em que se encontra o país, e uma de suas últimas conseqüências é sua torpe negação a aceitar um “acordo humanitário” –que não é outra coisa além de uma saída política para a guerra--, como austeramente o vêm proclamando em todos os tons as FARC-EP, e que por si só constitui o contrário da solução bélica que proclama a partir de Washington o fracassado Plano Colômbia.

Insistir na via militarista para tratar de abafar maior conflito social armado da história moderna e um dos poucos que sobrevivem no mundo, é prova da suja política do regime uribista, e demonstração primária de que sua humilhante posição de réptil diante dos poderes do Império, são afinal a mais irrefutável prova da cegueira política e da torpeza ideológica de outro dirigente colombiano, o máximo expoente do lacaismo crioulo, Uribe Vélez, que tampouco foi capaz de ler corretamente, nem o momento nacional, muito menos as circunstâncias políticas do mundo do Século XXI.

Não aceitar a saída política do conflito, como o vêm propondo há muitas décadas as FARC-EP., e que se expressa no acordo humanitário como porta de entrada para uma negociação séria e politicamente responsável, é, simplesmente, eleger a via armada. E a história nos ensina claramente onde e como terminam os conflitos que não se solucionam na mesa de conferências, nas trincheiras da guerra. E também sabemos que os responsáveis por esses absurdos, terminam irremediavelmente julgados nos tribunais de justiça.
Adendo: Um mês depois, e a raiz da liberação do guerrilheiro “Rodrigo Granda” como parte da frustrada jogada política com que o paraPresidente Uribe Vélez tentou distrair a opinião pública nacional e internacional da sua negação em fazer o acordo humanitário que busca a liberação dos detidos das duas partes, e a intervenção do Grupo dos 8 com sua declaração a respeito formulada na Alemanha, ficaram claras as três novas derrotas políticas do chefe do narcoparamilitarismo colombiano:
  1. O reconhecimento óbvio do Grupo dos 8 no sentido de que na Colômbia existe sim um velho conflito social interno armado, apesar dos cinco anos de negação do mesmo por parte do uribato;
  2. O reconhecimento das FARC-E.P. como contra-parte política e militar do conflito colombiano, ou seja, sua aparição formal nos cenários internacionais como elemento atuante, reconhecido oficialmente por ninguém menos que os donos do capitalismo mundial, com o qual fizeram com que o seu pupilo Álvaro Uribe ficasse de queixo caído;
  3. O reconhecimento de que a única saída válida à trágica situação colombiana, passa inevitavelmente e irreversivelmente pela negociação política.


Será que os habilidosos assessores de Uribe entenderam a mensagem?