"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Bem-vindos à cena paramilitar da "Democracia" mais antiga do continente


[Johnson Bastidas]


Todos chegaram pontuais à antepenúltima cena, o bochorno de RALITO nos impediu ver suas melhores marcas e etiquetas. Nesse dia chegaram rapidinhos trajando roupas para terra quente, a re-fundar a Pátria. Em sua ordem, um a um tomaram a palavra, Mancuso leu a ata de compromisso, o silêncio foi sepulcral até que um ruído estomacal se escutou entre as respirações entrecortadas dos comensais, logo um odor nauseabundo invadiu o ambiente. Todos se olharam buscando o culpável, "Eu não fui", disse don Berna, gritando – seu grito se escutou em todas as comunas de Medellín – ameaçou, inclusive, com parar o transporte público se insistiam sobre sua culpabilidade. O homem da ternura interveio no assunto, não sem antes ameaçar que o culpável perderia os benefícios da lei de justiça e paz, pois todos – com exceção de Uribe – teriam que fazer frente ao irrefutável Polígrafo.


Todos se dispuseram a firmar a ata, porém, como sempre nos atos fundamentais, faltou um pequeno detalhe: ninguém tinha caneta. José Obdulio, o assessor-estrela do presidente, argumentou que a ausência havia sido adrede para assinar com pena de pavão, criado para tal efeito no Uberrimo, a fazenda do presidente. Todos deixaram constância histórica de pretender fundar uma pátria à revelia de todos os colombianos. De Ralito saiu o slogan claro de ter em Álvaro Uribe Vélez ao primeiro presidente narcoparamilitar da Colômbia. Começou a orgia – porém, não como aquelas que dá conta a história de Sodoma e Gomorra –, não, começou a orgia da motosserra. E esta foi esculpida no escudo Pátrio substituindo o condor.


"O Estado sou eu", parece ser o lema do presidente de turno, chegou à presidência com um discurso de Messias, emancipador do bem e do mal, medicamento para todos os males, incluídos aqueles ainda não diagnosticados nem conhecidos pela ciência médica. É a versão elitista da "Chuchuguaza", medicamento amazônico que cura desde o mal-de-amores, passando pelo mal de olho e outros males do corpo e do espírito. E como vai, terminará sendo um presidentezinho de meia-tigela, com ares de ditadorzinho e com uma vaidade de Carlos Magno tropical em desgraça. Como um personagem de literatura, lhe perguntará em seus últimos dias ao coroinha de turno, Obdulio que horas são? E José Obdulio, afundado na letargia da Magna presença do ditadorzinho no ocaso, lhe respondera: as horas que você queira, Uribito.


Este governo, que hoje vivemos nesta pátria bananeira, passará à história como um fato verídico onde todos tivemos, isso sim, velas no enterro, uns por covardes, outros por corruptos, e muitos outros por pusilânimes. Nós temos suportado de tudo, neste país de cronistas, poetas, e paramilitares. Para ser sensatos frente a nossa própria história, nunca antes havíamos estado pior. Governos que inventaram janelas sinistras, para lavar a Bonança da maconha , e que, aproveitando os bons preços do café, dizem que fizeram "mandato claro" deram origem aos funestos financiamentos das campanhas políticas por poderosos que começaram a mandar mais que sargento boyacense. E nos grafites, que nunca mentem, se podia ler, nessa época, na costa atlântica, "o frango López pondo ovos de ouro".


Governos medíocres, parece uma piada no país do realismo mágico, por exemplo, tivemos presidente "preso político", quando a guerrilha tomou a embaixada da República Dominicana, para chamar a atenção sobre os prisioneiros políticos, o primeiro surpreendido era, segundo diz a história oficial, o inventor do Estatuto de Segurança, morreu com mais desgosto que glória, depois de seduzir a esposa do diretor do Sena e casar-se com ela em segundas núpcias, com intervenção papal incluída. Esta pérola, de voz fanhosa, nos fez ficar como terceiro-mundista em Veneza, quando, ao chegar pela primeira vez à bela cidade das gôndolas, impressionado de ver as casas com a água no pescoço, se apressou como primeiro cidadão da República a improvisar um discurso de solidariedade internacional em nome do povo colombiano, e contam que disse, depois de verificar sua gravata borboleta: "danificados de Veneza, recebam a solidariedade do povo colombiano". O prefeito de Veneza se apressou a explicar ao ilustre convidado tropical o sistema de canais, com a desafortunada coincidência que o evento era coberto por dois jornalistas de Caracol e um de RCN, os quais enviaram o cabograma através das agências internacionais a todo o mundo.


Este país dá para tudo, tivemos "filho de arrieiro" como presidente, dizem que era o mais culto entre os cultos, nada que ver com o homem da gravata borboleta, porém, a cultura tem desvantagem frente às botas militares e estes puxaram-lhe a cadeira presidencial durante algumas horas enquanto massacravam a todos os que se encontravam no Palácio de Justiça. Os militares impediram a entrada do diretor da Cruz Vermelha Nacional, que, com mensagem em mão, se dispunha a abrir espaço de diálogo que nos houvesse evitado esta tragédia nacional. Porém, não, pôde mais o militarismo e se impôs a saída sangrenta. Os familiares dos desaparecidos seguem exigindo justiça ao homem que passou à história como o primeiro presidente filho de arrieiro. Este período começou com o "Se se pode" e terminou com a frase lapidar do Coronel Plazas "aqui salvando a democracia" a ponta de bazucas e tanques cascavel.


Também tivemos um míope, com estrabismo e, por essas coisas da idade, presbítero, senão como explicamos que não viu quando se lhe entrou um elefante à campanha. Financiou-se com os dinheiros produto do narcotráfico – leia-se, Cartel de Cali –. Condenado o contador da campanha, condenado o diretor da mesma, ninguém se explica como se exonerou o presidente, pois se, senhores, explicação se houve, cada parlamentar recebeu 200 milhões de pesos para votar pela absolvição. A inocência tem preço neste país do sagrado coração e um presidente pode comprá-la. Na crítica constante aos regimes, esquecemos que, durante este quatriênio, se implementaram as Convivir (Decreto 356/1994), e que o governador de Antioquia, nessa época ilustre contra-insurgente, anos mais tarde inquilino da Casa de Nariño, implementou com luxo de detalhes a experiência paramilitar em Segovia, Remedios e outras "Áreas Especiais de Ordem Pública". (Decreto 0717/1996)


Depois, chegou a hora das loucas, foi o quatriênio delas no poder, chegaram às máximas instâncias dos poderes nacionais, regionais e locais. A história recordará para as gerações futuras que a louca mais insigne no poder foi investida num cemitério, porém, não numa segunda-feira – como elas costumam ir – para pagar promessas, levar flores ou fazer penitências, não. Foi no enterro de Galán onde ela tomou a "testemunha". E foi a louca que a história relatará como a que mais longe chegou, chegou a Washington a presidir o aparelho mais pró-ianque que temos em A, a OEA. A história relata que, encontrando-se na casa de presidentes de Cartagena, cruzou num elevador com um Marinheiro da armada nacional, um mulato corpulento que fez saltar seus sentimentos profundos, lhe mirou aos olhos cor de mel e este, um pouco aturdido pelo assédio do mirão, não atinou a dizer nem um mu, justo no instante em que a louca lhe fez uma pergunta econômica, de rigor para um privatizador neoliberal como ele, ou melhor, para entrar na matéria. "Quanto ganha você como Marinheiro", perguntou ao mulato de dois metros, que já começava a suar ante a mirada fixa do incontido. "120 mil pesos ao mês", respondeu o marinheiro, conservando uma discrição. Como pode ser tão pouco com esses olhos, disse a louca, enquanto escapava pela porta do elevador.


Hoje dia, o homem que prometeu em seis meses destruir a guerrilha e capturar os integrantes do secretariado das FARC-EP, leva seis anos governando sem uma captura importante, diferentes das que se realizaram seqüestrando em Caracas ao chamado Chanceler das FARC-EP, e no Equador com a captura irregular de Simón Trinidad. A segurança democrática tem feito do presidente um reincidente no mal de vertigem, os famosos positivos que têm anunciado os militares, resultaram mortes seletivas e auto-atentados, a eficácia do exército colombiano se mostrou mais contra as próprias tropas oficiais, ao assassinar por encomenda o corpo de elite da polícia anti-narcóticos. O demais o sabe de memória o país e não vale a pena recordá-lo. Este presidente com ares de Fujimori não respeita decisões diferentes a seus critérios nefastos. Tudo parece obedecer aos acordos secretos em Ralito que faz desconhecer os ditames da Corte. Os compromissos do presidente com os paramilitares lhe pesam ao mandatário, esses acordos se converteram numa Espada de Dâmocles.


Uribito passará à história como o homem que esconde todos os seus males, gritando e lançando suas preces à família, tradição e propriedade. "É um homem complexado", diz uma psicanalista consultada por ANNCOL, atrás dessa aparência de homem forte, de patrão de granja, se escondem muitos males, não somente o tédio, impossível de acalmar com as gotinhas homeopáticas. É um complexado com sua estatura, com sua incapacidade para dançar, e não se sabe se nas artes da cama, pois, com essa cara de amargurada de Lina de tudo pode suspeitar-se. No que não se equivocarão, certamente, os historiadores, é que este homenzinho é o pior de todos os espécimes que nos governaram, e, para completar, tem pretensões de vice-rei, por isso se rodeia de aduladores e bobos-da-corte que lhe dizem ao ouvido o que seu ego necessita para sobreviver à epidemia do Beribéri.


A história nos recordará, mais tarde, que o presidente que prometeu não desmilitarizar um centímetro do território nacional permitiu Ralito. Que prometeu acabar com o delito, porém que, ao final, se casou com ele, dando-lhe status de política de Estado ao Paramilitarismo. Passará à história como aquele que subsidiou aos ricos, ante a queda do dólar, e que socializou a pobreza levando-a aos últimos rincões do país. Que prometeu a segurança democrática, a segurança se traduziu em reciclagem paramilitar, e do democrático nada, porque nunca soubemos que se pactuou em Ralito, e nem sequer foi capaz de respeitar a Corte Suprema. Passará à história, por encontrar-lhe ao "concerto para delinqüir" motivações políticas, semelhantes à rebelião contra um estado autoritário. Tudo isso para premiar aos homens que fizeram do massacre e da guerra suja a continuação da política do Estado: uma orgia de sangue.


Estes dois períodos serão recordados por ser o reinado de paramilitares e mafiosos, terminará, segundo dizem bruxas e pitonisas competentes no futuro, sem intercâmbio humanitário e sem saída política ao conflito. E não nos fica outra opção que um governo de reconstrução nacional que possa assumir os desafios da Colômbia que necessitamos. Ou se não, como reza um grafite frente ao INEM: "Que nos governem as putas, porque seus filhos não puderam".


§ Obrigado aos grafiteiros que tiveram o engenho da mofa.


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