"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 11 de agosto de 2007

Conferência de advogados sobre a situação de Simón Trinidad

Hoje, 31 de Janeiro será levado a cabo a conferência entre os advogados da promotoria,a defesa e o juiz Lambert sobre a situação do revolucionário colombiano Ricardo Palmera Pineda (Simón Trinidad), na Corte Federal do Distrito de Colúmbia na cidade de Washington DC, Estados Unidos (EE.UU).


Sonia e Simón


[Paul Wolf]


O juiz Laberth fará uma conferência sobre a sentença a ser dada a Simón Trinidad por ter sido encontrado convicto de conspirar na tomada de reféns, e sobre seu segundo julgamento por tráfico de entorpecentes. Os casos são o número 04-232 (tomada de reféns) e o 02-112 (importação de drogas). De acordo com o expediente dos casos, a conferência sobre estatutos será levada a cabo na Sala da Corte 22ª, ao final do corredor no segundo piso na parte nova da Corte.


Não poderei estar presente na corte nesse dia, porém mencionarei algumas perguntas, com a esperança de que os repórteres que assistam ao evento possam obter respostas do desenvolvimento da conferência. Não há nada nestes dois expedientes dos casos que indique sequer uma pista do que possa acontecer neste dia. De modo que, simplesmente, vocês deverão comparecer ali e ver pessoalmente.


A primeira pergunta que tenho é sobre o tempo de duração. A seleção de jurado no caso da acusação a Trinidad sobre o tráfico de drogas. Este começará em 20 de agosto e este julgamento durará pelo menos um mês. Talvez os advogados não queiram litigar sobre a sentença de tomada de reféns de Trinidad em meio desse novo julgamento, assim espera-se que eles peçam prorrogação da data do ditame da sentença até alguma data de outubro, depois de finalizar o julgamento sobre o tráfico de drogas. Sei que há muito interesse em saber a sentença que se imporá a Trinidad. Eu havia estimado mais ou menos entre 30-60 anos, porém é uma margem demasiado ampla. Não está claro que existam ou não outros procedimentos de exemplos de algum caso similar e que o juiz Lamberth pudesse utilizar como uma plataforma de guia, para buscar uma sentença ajustada, como o fez o juiz Robertson com o caso do tráfico de drogas de Sonia. Sem sombra de dúvidas, há muitas discussões sobre o que se possa fazer acerca destas interpretações.


Ao prorrogar um pouco mais a data do ditame da sentença a Simón Trinidad, ao mesmo tempo, também lhe daria maior margem de manobra ao promotor Ken Kohl para buscar uma negociação com as FARC sobre a liberação dos prisioneiros em poder deste. Se eu fosse o juiz, lhe outorgaria uma extensão de tempo para facilitar a negociação sobre os reféns.


Além da data para iniciar o ditame de sentença sobre a tomada de reféns devem existir também assuntos de pré-juízo em relação à seleção de jurados para o caso sobre o tráfico de drogas e alguns outros detalhes de evidencias e provas a serem resolvidos. Ao ver as entradas ao expediente nos últimos meses, não foi possível observar nenhuma moção significativa para reduzir a evidência (de limitar a evidencia admitida em um julgamento), como problemas para outorgar vistos às testemunhas, e outros deste tipo) Assim, dessa maneira, pareceria que nada estivava acontecendo e que todo o mundo espera o grande momento.


Eu escutei que os EEUU pedirão a extradição de José Luis Aybar Cancho e de seu irmão Luis Aybar Cancho do Peru. Estes dois homens são os co-acusados com Simón Trinidad. Os Aybar já foram convictos no Peru e estão purgando uma sentença de 8 anos nesse país sul americano. Entretanto, como ainda estão no Peru e este caso já irá a juízo, não estarão com Trinidad nesse julgamento, não sou admirador de julgamentos nos que há "duplo jogo", porém, fico pensando: o quê tivesse acontecido. Se quem sabe se tivesse julgado aqui ou alguém houvesse mencionado a Vladimiro Montesinos. Isso seria uma catástrofe judicial.


No caso de não estarem familiarizados com a historia, faz mais de cinco anos, o então chefe de inteligência do Peru, Vladimiro Montesinos tentou arranjar uma venda de 10.000 fuzis AK-47 às FARC. Os irmãos Aybar Cancho atuaram como seus agentes. A transação supostamente envolvia cocaína e dinheiro em troca de armas. Os EEUU -processaram um número de membros das FARC por tráfico de entorpecentes (traficar com drogas na Colômbia é uma violação das leis dos EEUU, aparentemente porque as drogas podiam terminar aqui), incluíram a Raul Reyes, Mono Jojoy e o Negro Acácio, um brasileiro de nome Fernandhinho, os irmãos Aybar Cancho, e outros mais. Quando se deteve Simón Trinidad em 2003, se juntou ao caso como co-defendido. E estranhamente, apenas Trinidad está sendo julgado. Montesinos nunca foi processado por causa dessa história particular, hoje caso judicial.


Não posso adivinhar até onde Trinidad esteja envolvido no assunto. Ele não era nenhum acusado até que capturado -isso diz algo.


É possível que o mencionado acidente seja indeferido ou descartado, e mais ainda busquem alegações e denúncias sobre o tráfico de drogas e as FARC usando informantes pagos, radio-transmissores interceptados e identificações dessas vozes por parte de especialistas da DEA, explicando as supostas rotas do tráfico e qualquer outra coisa que seja escutada sobre um caso de tráfico de drogas. Ou melhor não seja mais que uma cópia de julgamentos de Sonia, com a rotação dos informantes que foram incluídos.


E falando de Sonia, notei que recentemente, os advogados de defesa no julgamento de Sonia entabularam uma moção de apelação a favor de seus clientes. Isto é um procedimento separado ao das moções já interpostas para um novo julgamento, as quais foram negadas. As apelações vão a um grupo de 3 juízes que vivem na parte de cima da corte e raras vezes são vistos. A maioria dos argumentos em uma apelação se faz por escrito, e as declarações orais só se limitam de maneira estrita, à uma hora para um caso inteiro. Não estou seguro de que tipo de erros legais foram cometido durante o julgamento que justificaria declarar um "não há lugar a condenação", porém deveríamos estar inteirados dos argumentos nos próximos meses.


Assim, para os repórteres que podem assistir a Conferência de Situação (STATUS) sugeriria escutar algumas pistas sobre quais evidências e as testemunhas estão em disputa para o caso de tráfico de drogas. É demasiado o esforça do governo de EEUU que está incorrendo em condenar a um homem que de todas as maneiras não tem nenhuma possibilidade de viver para ver o fim dos julgamentos que enfrenta na Colômbia, muito menos ainda de poder cumprir com todas as sentenças esperadas. Finalmente, ver como o Sr. Kohl está indo com as negociações dos reféns. Ou melhor, se lhe convencem a fazer uma proposta mais concreta, algo assim poderia iniciar um movimento a respeito.