Falso de toda falsidade...
Dizia pública e reiteradamente o presidente da Colômbia – na praça Bolívar – diante do lutador pelo acordo humanitário Gustavo Moncayo, sua família, os familiares dos prisioneiros e diante de um bom número de cidadãos e cidadãs que lhe gritavem veementemente: “Uribe paraco, o povo está berraco”, “Uribe assassino assassino”. Mas também diante de milhões de telespectadores que não se explicavam como não houve nenhum plano, nem uma câmera registrando o que dizia o público que estava na praça. Bela maneira de exercer a informação verdadeira e democrática!
Claro que segundo Uribe, isso é “falso de toda falsidade”. Como também o serão, as 56 crianças que morrem por causas previsíveis e de possível prevenção na Colômbia diariamente, segundo a UNICEF. O “falso de toda falsidade” quando o professor Moncayo o definiu que: “a presença do Estado em qualquer lugar do território nacional também é um professor ou uma enfermeira e não unicamente a presença repressiva das forças militares”.
“Falso de toda Falsidade” o aumento do desemprego a nível nacional, o crescimento da informalidade e a queda dos níveis de trabalho?;informe desse mês dado pelo Dane. Seguramente também é “falso de toda falsidade” que o – então – congressista Uribe propôs e aprovou a Lei 100/94 que mercantilizou o direito à saúde e disparou a apropriação individual de clínicas e hospitais públicos, patrimônio de todos os colombianos. Privatização que se segue hoje em dia com as sedes do ISS de Neiva, Ibagué e Girardot.
Mas é “falso de toda falsidade” seu maquiavelismo político, as licenças outorgadas aos narcos para voar com seus aviões e helicópteros quando se desempenhava como diretor da aviação civil e acusadas pelo jornalista Joseph Contreras.
“Falso de toda falsidade” que os Uribe Vélez são proprietários do “Ubérrimo”, paraíso de planos narcoparamilitares. Igualmente, falsas as relações amistosas e cabais com os Ochoa, fundadores do MAS em Medellín. Denúncias feitas por um senador no Congresso Nacional e registradas há anos no livro “Os Soldados da Cocaína”.
Esse “falso de toda falsidade” foi usado também pelo Presidente para acusar os guerrilheiros de que não pensam ou falam com seu estilo ou interesse. Essa foi a mesma atitude e o mesmo comportamento com todo o público presente na praça Bolívar. Mulinha fácil e de galope curto, expressada precisamente por quem gosta muito dos cavalos de passo fino. Porque o que não pode passar por “falso de toda falsidade” é que se desrespeite e menospreze a todo um sentimento e anseio popular de justiça e acordo humanitário, visibilizado através da inteligente e sensata iniciativa do Professor Moncayo.