Uribe reforça sua política militarista
O lacaio... é também mercenário!
[Por Matías Mongan | Da Redação da APM]
Há uns dias, a consultora estadunidense Standar & Poor´s realizou um informe acerca da situação financeira da Colômbia. No mesmo concluiu que o governo de Álvaro Uribe não está podendo alcançar o grau de investimentos “desejado”, devido à importante pressão fiscal que produz e o alto gasto militar e o regime de transferências da nação às distintas regiões do país.
A agência estadunidense, que recentemente aumentou a qualificação de “risco” do país latino-americano, assinalou que a carga que representa o sistema de pensões também constitui outro dos elementos que levaram a que a economia doméstica se afaste cada vez mais do grau de investimento ótimo que apresentava pelo ano de 1999.
Para finalizar, a consultora aconselhou à administração uribista que, não obstante – segundo sua estimativa – este ano o aparato produtivo interno vá crescer uns 6,2 por cento, deve estar bem alerta para atenuar o crescente déficit fiscal na conta corrente do país. Os principais motivos que levariam a esta situação seriam: “As importações de bens de capital e matérias-primas”.
Apesar de estas recomendações de parte de uma das mais importantes empresas do setor financeiro internacional, Uribe prefere seguir aplicando, a todo custo, sua política militarista que tem o objetivo central de acabar a “sangue e fogo” com todos os integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
E mais: nestes dias o governo anunciou que no marco do proposto para o ano de 2008, a quota destinada para a segurança interna vai aumentar notavelmente: de 1,9 bilhões de pesos a 5 bilhões, o que representa um crescimento de ao redor de 163 por cento. Paralelamente a que o gasto destinado a esta área se incrementa de maneira desmedida, de acordo com o esquema governamental o investimento social apenas vai crescer 14 por cento (de 9,5 a 10,9 bilhões de pesos).
A Diretora de Planejamento Nacional, Carolina Rentaría, acrescentou que a maioria dos recursos – que vão surgir produto da cobrança do imposto patrimonial – será destinada à compra de novos equipamentos que permitam intensificar a luta contra os grupos à margem da lei. Nesse marco, a funcionária reconheceu que já estão estudando a possibilidade de realizar importações militares por uma soma de ao redor de 1700 milhões de dólares.
Pra concluir, Rentería realçou que a se aprovar esta iniciativa, que vai ser incluída dentro da lei de Orçamento que deve ser apresentada no Congresso antes de 29 de julho, praticamente se estariam alcançando os índices de investimentos em segurança executados durante 2002 – quando assumiu Álvaro Uribe. “Este ano se deu um grande impulso no gasto de funcionamento de defesa, que se traduz em fortalecimento do programa de segurança democrática e crescimento da economia”, sustentou naquela oportunidade o mandatário colombiano.
Porém nem todos estão contentes com a política militarista impulsionada pelo governo da Colômbia, nestes últimos tempos importantes referências políticas dos paises vizinhos (Venezuela e Equador) em reiteradas ocasiões se queixaram devido a que, graças à desculpa da luta insurgente, o exército colombiano realiza incursões armadas em seus territórios, violando desta maneira sua soberania nacional.
Um dos que fez pública sua crítica ante esta situação foi o ex-Vice-presidente venezuelano, José Vicente Rangel. Este assegurou que de acordo com uns informantes, que não os identificou, integrantes das forças militares colombianas estariam ingressando na Venezuela para: “fazer o seguimento de supostos membros das FARC”.
Para justificar sua denúncia, Rangel referiu-se à suposta morte em seu país de dois militares colombianos em uma localidade próxima à fronteira: essa atividade pode ser muito perigosa para as relações entre os dois países, já que se realiza à margem da lei e à margem do conhecimento dos organismos competentes do Estado venezuelano”.
Há que se recordar que este ex-funcionário do governo de Chávez em maio também denunciou que o Ministro da Defesa do governo de Uribe, Juan Manuel Santos, estaria supostamente relacionado em um plano conspirativo que buscava assassinar dirigentes do oficialismo e opositores, com o fim de desatar uma crise política na Venezuela. Tanto esta denúncia como a que realizou há poucos dias foram enfaticamente negadas pela Casa de Nariño.
Outro dos pilares fundamentais da política de defesa da administração uribista é a “luta contra o narcotráfico”. Neste contexto e sob os auspícios dos estados Unidos por intermédio do Plano Colômbia, nestes últimos tempos o governo colombiano sistematicamente vem fumigando com glisofato a zona fronteiriça com o Equador. O motivo de tal medida é que ali teoricamente havia cultivos ilegais de cocaína.
Esta situação de abuso foi energicamente repudiada pelo presidente equatoriano Rafael Correa, que por diferentes meios já manifestou sua intenção de levar o caso ante a Corte Internacional de Haia para assim solucionar a discórdia entre os dois países.
“Levam sete anos fumigando e os efeitos na fronteira norte são desastrosos, há povoados destruídos, culturas arruinadas, terra estéril, enfermidades na população e tem que se responsabilizar a Colômbia por todos esses danos”, afirmou na quarta-feira da semana passada o primeiro mandatário no marco do seu giro pela Espanha.
Correa se baseou em um informe da Comissão Científica equatoriana para sustentar que ficou claramente demonstrado que “o glifosato afeta diretamente a saúde humana, porém também afeta o ecossistema, os meios de produção, com o que cria graves problemas sociais”. Além do mais, quem se somou à posição equatoriana foi o relator da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à saúde, Paul Hunt, quem também pediu a suspensão das fumigações aéreas.
Para tentar baixar os decibéis do conflito, desde Bogotá pediram paciência, sobretudo tendo em conta que a comissão binacional criada para solucionar a contenda ainda não estabeleceu uma opinião definitiva acerca do impacto real do glisofato no corpo humano.
Como se vê, o mandatário colombiano é bastante criticado por seus vizinhos devido à sua política armamentista. Ademais, sobretudo desde que veio à luz o escândalo da para-política, também começou a sofrer várias críticas de parte da comu idade internacional.
Uma das principais carências que imputam ao Primeiro Mandatário é sua incapacidade para poder alcançar um acordo humanitário com as FARC, no marco do conflito armado que há mais de quarenta anos golpeia o país.
De acordo com o prestigioso semanário estadunidense The Economist, em artigo intitulado “(Uribe) Um herói em casa, um vilão no exterior”, quando “milhares de colombianos saíram às ruas a protestar pela morte em cativeiro de 11 deputados seqüestrados e a necessidade de um intercâmbio humanitário, o presidente Uribe viu esta expressão como um gesto de apoio à sua gestão de ‘mão dura’ com as FARC”.
Somente sob este contexto se entende a operação militar de resgate realizado nesta quinta-feira no setor rural de Montebonito que terminou com a vida do empresário seqüestrado Diego Mejía Isaza. No romper do combate também morreram um soldado e cinco guerrilheiros.
Apesar de que esta ação tinha o aval da família de Isaza, com sua atitude intransigente Uribe pareceu estar esgotando a “paciência” de todos aqueles países (e das pessoas) que estão a favor de alcançar o acordo humanitário. Tal como sustenta The Economist em seu artigo, dependendo de como se maneje o processo de paz com a guerrilha: “Assim serão os resultados e a reação da comunidade internacional, sobretudo dos Estados Unidos e a aprovação do TLC, iniciativa que está em mãos dos democratas, que não são muito amigos de Uribe”.
Taxativamente, o informe mencionado anteriormente termina assinalando que estes, em muitas ocasiões, enfatizaram que “se não se vêem resultados concretos na redução da violência, não haverá um tratado sério”.
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