"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Reflexões de Pablo Catatumbo

- Dona Yidis disse nessa entrevista, não obstante ter sido tratada como um farrapo e ter sido jogada na prisão: “Uribe é um bom presidente, é honesto, mas tem maus assessores. O presidente deveria olhar melhor os que o rodeiam”. Justamente o que os alemães diziam de Hitler – anotações de Catatumbo, nas montanhas da Colômbia.

ANNCOL


Para o conhecimento dos nossos leitores, 'Reflexões de Pablo Catatumbo', membro do Estado Maior das FARC-EP.

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Estamos vivendo, ou melhor, é mais exato dizer que estamos saindo, de uma etapa certamente difícil, mas progressista e provisória, porque o fascismo nunca se eternizou em qualquer lugar (e isso já começa a tornar-se evidente). Esta é como aquela fase que se viveu depois da queda da República Espanhola, em meados da década de 30 (guardadas as devidas proporções, obviamente), quando o fascismo se mostrava altaneiro, abusivo e tão prepotente que já não só ameaçava, mas arrasava todos os cidadãos, tanto em seu próprio país como além de suas fronteiras.

Hitler, Franco e Mussolini eram os heróis da época, boa parte da opinião pública os aclamava quase que unanimemente e os considerava os escolhidos, salvadores, redentores da humanidade.

Alguns pensam que se trata de fenômenos sociológicos que se reproduzem de tempos em tempos, devidos em boa parte à manipulação da grande massa por meio da propaganda enganosa dos meios de comunicação, à desesperança a que a miséria atirou ao povo e sobretudo à necessidade, que devido à concentração do capital em poucas mãos e a própria crise em curso levam as oligarquias a impor a sua mão dura e o controle social para desenvolver os seus planos.


Digo que estamos como naquela época, uma vez que aqui também se pode presenciar um fenômeno parecido.

Boa parte da opinião pública manipulada teve Uribe como o Homem Providencial, o Eleito, aquele que vai tirar a Colômbia do atoleiro, o que se sacrifica o que mais trabalha, e, além disso, o que é de uma honradez e um patriotismo impolutos.

Por conta dessa imagem, essa mesma opinião resvalava para o terreno do achismo quase todas as acusações e provas que podiam implicá-lo pessoalmente. Pouco importaram as denúncias sobre a parapolítica, os massacres da polícia, o roubo de terras de camponeses, as centenas de escândalos que provam a corrupção do regime, os deslocamentos forçados, a entrega de nossa soberania e de nossa economia às oligarquias, às multinacionais e ao imperialismo. Tudo isso foi envolvido em um manto de cinismo, relativizado e finalmente esquecido.

Não importa que seu pai e seu irmão, Santiago, tenham sido mafiosos e paramilitares e que ele mesmo também o tenha sido, não importa que seja um ambicioso, um trapaceiro, um demagogo, um fascista; simplesmente os meios de comunicação se encarregaram de lavar a sua imagem e uma boa parte da gente ainda não acha que a podridão o envolva.

Curiosamente, nesses dias estou lendo a biografia de um homem que sempre respeitei, embora eu não possa dizer que o admiro. Eu o respeito pela sua sagacidade, sua engenhosidade e suas façanhas guerreiras, apesar dele ter servido no exército de Hitler: O general Erwin Rommel.

Lendo-lhe, encontrei uma série de coincidências entre a personalidade e o estilo de comando de Hitler, o que leva a pensar que a “originalidade” de Uribe parece ter sido copiada, ponto por ponto, do primeiro.

Assim escreveu Desmond Young, um general britânico que combateu Rommel na famosa campanha do norte da África, onde o alemão ganhou merecidamente o apelido de “Raposa do Deserto”:

“Rommel não era propriamente um fascista. Era o que se pode chamar um guerreiro nato. Seus amigos jamais conheceram as suas opiniões políticas de forma bem definida. Ele se inscreveu no partido Nazista, mas o fez mais por cumprir um requisito ou por fervente admiração pessoal a Hitler, embora o admirasse”.

“Rommel, que instintivamente distinguia e sempre viu uma grande diferença entre Hitler, que o deslumbrava, e a camarilha que o rodeava, achou o seu melhor amigo no Coronel Schmund, às vésperas de sua adesão ao Partido Nazista, uma confirmação de seus pontos de vista. Com efeito, dizia Schmund: “Hitler era um grande homem, um grande patriota, mas lamentavelmente estava rodeado de um grupo de bandidos, a maioria deles herdeiros de um passado obscuro. Mas Hitler, por sua vez, que grande homem era! Que idealista! Que senhor tão digno para que alguém o servisse!”. A alguém que ouvir essas palavras pode parecer ter escutado José Obdulio.

Mas o autor acrescenta:

“Hitler costumava falar em tom profético”. Dizia Rommel: “Hitler quase sempre atuava seguindo seus instintos, mas ainda assim “Hitler tinha a extraordinária faculdade de religar em um só feixe os pontos essenciais de uma discussão para dar-lhe uma solução e quase sempre acertava”. Que grande homem era, tinha uma inteligência superior!”. (Observe a expressão)

“Tinha a faculdade intuitiva (Hitler) de adivinhar o pensamento dos seus interlocutores e se estava de bom-humor, de dizer o que eles mais gostariam de ouvir naquele momento. Hitler era extremamente hábil em usar, conforme lhe convinha, a lisonja com seus aduladores ou o desprezo para assegurar-se da obediência”.

Outro detalhe da personalidade do Fuhrer que impressionou a Rommel, e pelo que o admirava, foi a “sua memória, realmente extraordinária”. Dizia ele: “Hitler sabia praticamente de cor todos os livros que tinha lido. Levava fotografadas dentro de sua mente, com páginas e páginas de livros e até capítulos inteiros”.

“Tinha um gosto particular pelas estatísticas, que podia lembrar por inteiro: Era capaz de alinhar até o infinito cifras e mais cifras sobre a disponibilidade de tropas do inimigo, os tanques destruídos, as reservas de gasolina e de munição etc., com uma maestria que impressionava enormemente os cérebros do Estado-Maior, não obstante ser estes homens muito bem treinados para essa mesma ginástica mental”.

Ele gostava também de fazer seus generais caírem no ridículo para mostrar-lhes a sua superioridade como chefe.

“É conhecida uma anedota que narra uma de suas freqüentes viagens de inspeção às tropas, em que ele chamou o general encarregado e lhe perguntou: - Quantos tanques por batalhão tem a sua artilharia, em média? O General lhe deu uma cifra.

“- Não senhor, - replicou o Fuhrer -. Isso não é exato porque eu lhe enviei mais munição que isso; o senhor tem que ter mais armas e mais munições. Ligue imediatamente ao encarregado da artilharia e lhe pergunte o quanto de munição ele tem.

Pelo telefone chegou à cifra exata. De novo Hitler tinha acertado, o caudilho tinha sempre a razão, e, enquanto o general envergonhado ruborizava-se, o Führer mal deixava entrever um leve sorriso de satisfação. Seu objetivo fora alcançado. Mais uma vez demonstrara a sua superioridade ante seus homens”.

Qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência. O nosso fascista simplesmente aprendeu os truques do seu professor.

Não é preciso ler a entrevista que fez El Espectador a Yidis Medina, constatar que a utilizaram para reeleger ao Führer colombiano e que depois a traíram e abandonaram (como geralmente fazem a todo traidor) para um entender esse comportamento deplorável.

Dona Yidis disse nessa entrevista, não obstante ter sido tratada como um farrapo e ter sido jogada na prisão:

“Uribe é um bom presidente, é honesto, mas tem maus assessores. O presidente deveria olhar melhor os que o rodeiam”.

Justamente o que os alemães diziam de Hitler.

Pouco a pouco vai ficando a constatação de que a tão citada originalidade de Uribe não é mais que uma grosseira imitação dos métodos usados pelo pior dos piores espécimes que passou pela humanidade até hoje.

E olha que sequer citamos o que ele copiou de Goebbels.

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