"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 7 de abril de 2007

Saúde, pobreza e Guerra na Colômbia

A saúde e a pobreza vão de mãos dadas – desgraçadamente – com a guerra que promove a oligarquia-máfia encravada na Casa de Nariño, por ordem de seu amo imperial. Neste artigo, Allende la Paz analisa a situação de saúde e pobreza e sua relação com a guerra. Que significaria um dia sem guerra na Colômbia?


Mais milhões de dólares para assassinar colombianos.


[Por Allende La Paz, ANNCOL]

O regime narco-para-fascista oligárquico encabeçado por Álvaro Uribe Vélez tem convertido a manipulação das cifras na ferramenta fundamental para tratar de mostrar que sua administração é a melhor dos últimos tempos.

A esta manipulação se prestam prazerosamente os meios de alienação massiva, encabeçados pela casa editorial El Tiempo, que reproduzem as mentiras que os funcionários governamentais propalam aos quatro ventos para enganar ao povo colombiano, à comunidade internacional.

Quero hoje olhar um pouco o estado da saúde, da pobreza e sua relação com a guerra interna de que padece o povo colombiano por conta dos governos dos Estados Unidos e da oligarquia sipaia que aceita seus desígnios.

A Saúde
Desde o Estado se tem estrangulado a Saúde dos colombianos.

A saúde tem sido uma das mais golpeadas pelas políticas neoliberais promovidas pelas diferentes administrações oligárquicas. A saúde foi convertida em “mercadoria” com a Lei 100 de 1993 durante a administração de César Gavíria Trujillo.

As condições de saúde da população foram deteriorando-se enquanto as grandes empresas da saúde – as chamadas Empresas Prestadoras de Saúde (EPS) – se enchiam os bolsos. Em anterior artigo chamado “A Saúde: outra vítima oligárquica”, assinalávamos:

“É dito que para finais de 2003 a dívida da Nação com dezenove hospitais públicos pela atenção aos "vinculados", deslocados, subsidiados e de Fisalud era de 663.570 milhões de pesos. (El Tiempo, 22 de janeiro de 2004). Em abril, a só oito dos principais hospitais de terceiro nível, o Estado lhes devia 535 bilhões de pesos (Âmbito Saúde, jornal Legis, 28 de abril de 2004). Em fevereiro, à Rede Hospitalar do Valle deviam 74 milhões de pesos e ao Ramón González Valencia de Bucaramanga, 55 bilhões de pesos”.

O regime narco-paramilitar tem continuado a asfixia orçamentária dos hospitais. O fechamento dos grandes hospitais é o que pode mostrar como ´obra´ de governo o regime narco-paramilitar. Aí estão os casos de La Hortúa, do Materno-Infantil, do Lorencita Villegas, do González Valencia de Bucaramanga, do Hospital Universitário de Caldas, do Barreneche de Santa Marta etc.

De igual maneira, o governo de Uribe Vélez tem desconhecido a dívida que tem com o Instituto de Seguro Social (ISS), a qual é de 63 bilhões (um bilhão na Colômbia é um milhão de milhões) e, ademais, impediu que esta instituição de Saúde fizesse novas afiliações. Se a isto lhe somamos os roubos das diferentes administrações do ISS, entendemos porque utilizam a caótica situação financeira do ISS como argumento para sua privatização. Nesta sangria financeira têm contribuído os bandos narco-paramilitares, como foi denunciado no caso de Riohacha (Guajira) onde o capo narco-paramilitar “Jorge 40” – muito próximo a Jorge Noguera Cotes e Uribe Vélez – exigia às administrações regionais e locais ´contratos´ para financiar suas atividades criminais.

De outro lado, os indicadores da saúde na Colômbia seguem deteriorando-se. A desnutrição infantil vai crescendo e ultrapassa os 15%, assim o ministro de Proteção Social, Diego Palacio, diga que tem diminuído. Aumentam os casos de crianças que morrem no que maquiavelicamente chamam ´os passeios da morte´, que resume a desproteção que vivem os colombianos que vão de um hospital a outro porque carecem de algum regime de proteção a sua saúde – 7 milhões de pessoas -, e, como se fosse pouco, os custos de saúde aumentaram em 72% desde 1999. Ademais, a cada dia de 3 a 5 crianças morrem de desnutrição e 13 milhões de colombianos carecem de água potável.

A pobreza
A manipulação das cifras pelo DNP é mais que evidente.

As cifras apresentadas por entidades estatais sobre a pobreza na Colômbia sofrem de credibilidade por muitas causas, entre outras, pelas permanentes mudanças de metodologia para ´acomodar´ essas cifras aos interesses do governo narco-paramilitar de Uribe Vélez.

O Departamento Nacional de Planejamento, DNP, cada vez que apresenta um informe muda as cifras. Em janeiro de 2006 dizia que, como resenhamos no artigo ´Pobreza e deslocamento na Colômbia´, a pobreza “diminuiu de 57,0% em 2002 a 49,2% em 2005, passando por 50,7% em 2002 e 52,7% em 2004, isto é, que entre 2002 e 2005 a pobreza diminuiu 7,2 pontos”.

Agora, em seu último informe diz o DNP – segundo publicação do próprio DNP – que “no período compreendido entre 2002 e 2006 a pobreza caiu 11 pontos porcentuais, ao passar de 56% a 45%, o qual significa que o número de pobres baixou de 22,39 milhões a 18,94 milhões”.

A falta de seriedade destas informações são mais que patentes. Em 2005 fala de 57,0% de pobres em 2002 e em 2007 fala de 56% em 2002, o qual implica um rebaixamento de um ponto porcentual por obra e graça dos funcionários do DNP entre um informe e outro.

Porém, o DNP vai mais além, diz que a pobreza rural baixou de 70,1% a 62,1%. Se a população rural é de 25% (10´310.737 pessoas) o descenso da pobreza significaria que 824.859 campesinos e indígenas deixaram de ser pobres. Agora, bem, se durante os quatro anos da administração de Uribe Vélez resultaram 1´025.155 campesinos e indígenas deslocados forçados internos, os quais entram a engrossar os cinturões de miséria das grandes cidades, então não entendemos de onde sacam essa cifra.

A situação nas cidades é mais que crítica. Basta visitar qualquer cidade na Colômbia para ver como pululam a quantidade de ´vendedores´ postados em semáforos, ruas e avenidas, e nos ônibus, vendendo qualquer coisa para poder levar para casa algo de comida. Ou será que os espertos servidores vivem em ´outro´ país?

A guerra
Todos os caminhos conduzem a Uribhitler e aos que estão por trás dele.

Na base da extrema situação que vivem os colombianos está a guerra que padecemos por conta da oligarquia (oligárquico-mafiosa) e o império estadunidense. Essa guerra a promovem para continuar saqueando impunemente os recursos naturais de nossa pátria.

Por isso, vemos os diferentes governos dos Estados Unidos elaborando planos de guerra contra o povo – que eles mesmos chamam contra-insurgentes – baseados nas Doutrinas de Segurança Nacional, Conflito de Baixa Intensidade e nos chamados Documentos Santa Fé.

Estes planos tomaram diferentes nomes ao largo da história de acordo com cada governante sipaio. Plano LASO (Guillermo León Valencia), ´Estatuto de Segurança´ de Turbay Ayala, ´Guerra Integral´ de César Gaviria Trujillo, Plano Colômbia de Andrés Pastrana e Plano Colômbia – versão Patriota e agora Consolidação – de Álvaro Uribe Vélez.

Em tais planos de guerra gastam bilhões de dólares com impudica perversidade. Não importa o derramamento de sangue inocente, não importa a dor dos familiares das vítimas, não importa a orfandade de crianças, não importa nada, só importa que às arcas dos bancos gringos cheguem os milhões de dólares produzidos pelo roubo do petróleo, do ouro, do níquel, do carvão, da água e até de nossos genes.

Durante a administração do narco-paramilitar presidente colombiano, Álvaro Uribe Vélez, se gastaram 23,6 bilhões de dólares (os militares colombianos, em seus informes, os chamam de bilhões de dólares), o qual significou que em 2006 gastaram 18,9 milhões de dólares diários na guerra.

Um dia sem guerra
Que significaria um dia sem guerra na Colômbia?

Um dia sem guerra na Colômbia haveria significado que não se haveriam desaparecido 7 pessoas, que se haveria evitado o assassinato seletivo de 11 pessoas, que se haveria evitado o assassinato fora de combate de 31 pessoas, que não se haveriam deslocado forçosamente 602 pessoas em 2006, que não haveriam morrido em combate 6.981 colombianos em 2002...

Um dia sem guerra (18,9 milhões de dólares, ou seja, 41.610 milhões de pesos), haveria significado... quantas escolas construídas? Quantos postos de saúde? Quantos aquedutos rurais? Quantos esgotos? A quantas crianças se lhes haveria podido alimentar adequadamente?

Com o gasto em treze dias na guerra se haveria podido pagar a dívida de todos os hospitais públicos da Colômbia (535 bilhões de pesos).

Com o gastado em 1,77 dias na guerra se haveria podido pagar a dívida dos hospitais do Valle (74 bilhões de pesos).

Com o gasto em 1,32 dias na guerra se haveria podido pagar a dívida do hospital Ramón González Valencia de Bucaramanga (55 bilhões de pesos).

Com o gasto em 6,27 dias na guerra se haveria podido pagar a dívida do hospital San Juan de Dios e do Materno-Infantil de Bogotá (261 bilhões de pesos).

Com o gasto em 1.514 dias na guerra se haveria podido pagar a dívida do Instituto de Seguros Sociais – ISS –, a qual ascende a 63 bilhões de pesos.

Com o gasto num dia na guerra não teria morrido nenhuma das crianças vítimas dos ´passeios da morte´. Com o gasto num dia na guerra com segurança não haveriam morrido de fome as crianças do Chocó.

Uma vida em paz

Os colombianos de bem ansiamos por um país em paz, com justiça social, liberdade, independência e soberania. Por isso, estamos trabalhando na construção de um Novo Governo de Reconstrução e Reconciliação Nacional que crie uma Nova Institucionalidade, passo prévio e indispensável para essa Nova Colômbia.


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