O respeito e a defesa à vida
O Intercâmbio Humanitário colocou no centro da vida nacional vários temas ocultos. Temas que os governos oligárquicos, e este do narco-paramilitar presidente não é exceção, tentaram esconder da população.
Em primeiro lugar, temos o respeito e defesa da vida. A oligarquia -e nela englobamos a mafiosa- violou sistematicamente e frequentemente esse direito. A prática do Terrorismo de Estado, que se traduziu em massacres, execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados, demonstra claramente o desrespeito desse direito humano fundamental, porque sem vida é impossível desfrutar dos outros direitos humanos.
Essa violações têm produzido uma orgia de sangue que tomou o território nacional. As cifras são aterradoras pelo desprezo à vida humana por parte do Estado. Desde 1986 até 2006, de Barco até Uribe Vélez (5 mandatos presidenciais), se produziram na Colômbia 3.726 massacres, 8.003 desaparecimentos forçados e 28.245 execuções extrajudiciais (ver abaixo).
Massacres / Desaparecimentos / Execuções
- BARCO 264 / 500 / S.D
- GAVIRIA S.D / 674 / 7.865
- SAMPER 825 / 1.093 / 1.316
- PASTRANA 2.317 / 4.213 / 13.839
- URIBE 500 / 1.613 / 5.155
O desrespeito à vida produziu a degradação do conflito colombiano. Degradação que ocorreu por conta da oligarquia. As guerrilhas, especialmente as FARC, têm sido sempre defensoras do direito à vida. Precisamente elas nascem no dia 27 de maio de 1964 vítimas de um ataque militar calculado em 16.000 soldados e utilização da aviação e guerra biológica (‘peste negra’).
E em resposta à essa agressão com a pretensão do extermínio físico dos 48 camponeses marquetalianos, nascem as FARC, que colocou no centro do debate o “respeito do direito à vida”. São as FARC que planejaram desde sempre a busca de uma saída política ao conflito político, social e armado que padece a Colômbia por conta da oligarquia e o império estadunidense. São, incrivelmente, os agredidos, os guerrilheiros, que planejam o respeito do direito à vida e à Paz. Porque as FARC enfrentaram ‘fuzil contra fuzil’ por não haver permitido a oligarquia outra forma de fazer política. As FARC são a conseqüência e o Estado a causa.
Os seguintes presidentes colombianos tomam em suas mãos a guerra declarada às FARC e persistem em suas tentativas do extermínio físico desses lutadores populares. Declararam uma guerra que não terminou. Cada qual coloca seu nome pomposo. Tal como fez o atual presidente colombiano, Álvaro Uribe Vélez, que continua assassinando agora não só aos colombianos -11.282, segundo o Observatório de Direitos Humanos, em seus primeiros 4 anos-, mas que na atual conjuntura não hesita em assassinar também aos próprios funcionários e políticos detidos pelas FARC. Para isso ele leva adiante o Plano Colômbia (Plano Patriota, Plano Consolidação), e nesse ano de 2008 gastará 6.5% do PIB nisso.
Militares e narco-paramilitares, mandados por oligarcas, detentores de terras, ‘classe política’, empresários e máfia, convertem o assassinato na forma para manter-se no poder. Esse assassinato adquire conotações patológicas, doentes, como a figura do ‘assassino da moto-serra’ e os ‘arranca-cabeças’, que inclusive jogavam futebol com as cabeças dos mortos e arrancavam os órgãos genitais das crianças para que ‘morresse a semente’.
Sob uma maniqueísta obrigação constitucional, Uribhitler ordena ‘resgates à sangue e fogo’ e agora a modalidade do ‘cerco de zonas guerrilheiras onde estejam os detidos’. Tal maniqueísmo esquece, conscientemente, que não há bem maior do que a vida humana. E à ela se submetem os outros valores. Nenhum está acima desse.
Definitivamente o Intercâmbio Humanitário, e as FARC, desmascararam a essência do regime uribiano. É totalmente desumano. Está totalmente desumanizado e sua essência é que são “homo sapiens demens”. E sabemos que o ‘demens’ tem toda sua escala de valores alterada. E não haverá tratamento que faça ele voltar à “normalidade”. Quem sabe uma larga estadia em hospital psiquiátrico. Pela vida toda!
Nosso Libertador disse ao general Briceño em carta enviada no dia 1º de janeiro de 1817:
“A fortuna não deve lutar vencedora contra quem a morte não intimida; e a vida não tem preço senão o tanto que é gloriosa.”
Simon Bolívar