Simon Trinidad e o Intercâmbio Humanitário
O guerrilheiro das FARC, Simon Trinidad, foi condenado ontem a 60 anos de prisão, o máximo permitido nesse país que não pode condená-lo à prisão perpétua por causa de tratados com a Colômbia.
Mas é como se fosse. Simon Trinidad tem 57 anos e a condenação é praticamente uma condenação à prisão perpétua. Ainda que a Fiscalía gringa, -em seu desejo onírico- planeje uma revisão em 1 ou 2 anos, caso as FARC liberem os três espiões militares estadunidenses em seu poder. Como se fossem as FARC tão ingênuas.
Eles, as FARC, sabem que a extradição de Simón e Sônia ordenada pelo narco-paramilitar presidente colombiano, Álvaro Uribe Vélez, foi como ‘ter lhe trancado por dentro e jogado a chave ao mar’. Mas como Deus sempre se lembra de seus pobrezinhos, e põe em seu caminho a solução, o único caminho e o verdadeiro para a liberação dos dois guerrilheiros é o Intercâmbio Humanitário ou Troca.
“Me dê meus dois guerrilheiros”. “Pegue seus três espiões”. Dê-me e tome. Ou tome e dê-me. Não há outra solução. Se os gringos pensam que assustaram as FARC, acreditamos que estão equivocados. Nunca havíamos visto guerrilheiros com tal firmeza ideológica como a mostrada por Simón e Sônia.
Os guerrilheiros farianos mostraram o que é o templo de um guerrilheiro e a fortaleza que dá a justiça de sua decisão e determinação de lutar com as armas em mãos contra um regime corrompido, narco-paramilitar, como os dos presidentes colombianos, que desde sempre assassinaram os pobres. Porque as FARC são e estão convencidas da justiça de sua luta, e ‘só há uma guerra justa. A do povo contra seus opressores’.
E ali, ontem e hoje, estava a solidariedade internacional com Simón. ‘A solidariedade é a ternura dos povos’.
Queremos que nossos leitores apreciem a opinião das outras agências e meios alternativos em torno do tema:
Caracas, 28 de janeiro de 2008 / A condenação a 60 de prisão que recebeu esta segunda nos Estados Unidos o dirigente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) Simón Trinidad foi rechaçada por manifestantes congregados fora da Corte Federal do distrito de Columbia, em Washington.
Ricardo Palmera, melhor conhecido como Simón Trinidad foi condenado como autor do seqüestro de três estadunidenses na Colômbia. A sentença, muito superior à condenação entre 63 e 78 meses que havia proposto a defesa, responde à pena solicitada pela Fiscalía. Havia sido extraditado pela Colômbia no dia 31 de dezembro de 2004.
“Estamos aqui para nos opor à condenação de Ricardo Palmera” comentou uma manifestante na frente da Corte Federal. A jovem qualificou o julgamento como ‘ofensa contra o povo colombiano, e uma bofetada em todos os colombianos que acreditam na soberania de seu país’.
Simón Trinidad havia sido extraditado da Colômbia em 2004. E no primeiro julgamento ao qual foi submetido em 2006 por esse mesmo caso, o jurado não chegou à um consenso sobre sua responsabilidade direta no seqüestro dos estadunidenses. O julgamento terminou então em um ‘não veredicto’.
Trinidad é mantido preso em uma cela de confinamento solitário em uma prisão federal nos arredores da cidade de Washington. Não está autorizado a receber visitas de seus familiares nem amigos, como tampouco repórteres de meios de comunicação.
Segundo a agência de notícias ANNCOL, as medidas são tão extremas que nem sequer seu advogado de defesa na Colômbia pôde visitá-lo.
Julgamento político:
Na audiência dessa segunda, logo após escutar a sentença, Simón Trinidad denunciou que o seu foi um julgamento de claro fim político e repudiou as condenações extra-territoriais que realiza a potência norte-americana em nome de uma suposta legalidade.
Trata-se de “uma prática neo-colonial que lesiona a soberania de nosso país”, expressou e assegurou que cumprirá sua pena em nome de seu país, ao somar-se “aos que a história já deu e dará absolvição”.
“Quando me juntei às FARC o fiz consciente de que poderia perder minha vida pela liberdade e luta pela justiça social. Hoje perdi minha liberdade física, mas meus ideais se mantém intactos”, afirmou Trinidad.
O comandante advogou por um Intercâmbio Humanitário em seu país, ao expressar seu sincero desejo de que os estadunidenses detidos voltem às suas casas, sãos e salvos, e se reúnam com suas famílias.
“É meu sincero desejo que Thomas Howes, Marc Gonsalves e Keith Stansell regressem o mais rápido possível sãos e salvos aos seus lugares, junto de seus entes queridos”, afirmou.
O guerrilheiro concluiu sua intervenção clamando: “Viva Manuel Marulanda (o chefe das FARC), vivam as FARC, exército do povo, viva Bolívar cuja espada libertadora segue percorrendo a América”.
Na audiência esteve presente a senadora colombiana Piedad Córdoba, quem junto ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, conseguiu que a guerrilha entregasse dois reféns no começo de janeiro.
Ora/VTV/TeleSUR/Efe-Afp-Anncol