"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Pedro Juan Moreno Villa pode ter sido assassinado.

de Dick Emanuelsson.

Muitos telefonemas, cartas, mensagens e informações e documentos de fontes que, as vezes, são “plantados” buscando um interesse especial ou pessoal, chegam aos jornalistas.
Por isto, o jornalista deve ser muito minucioso e crítico em suas investigações sob o intento de confirmar a veracidade dos fatos.No caso que se segue consultei e confrontei várias fontes na Colõmbia e no exteriorm chegando a conclus~]ao de que o fato tem credibilidade.

A mensagem

“Te escrevo rapidamente, pois continuo nervosa porque acho que deram-se conta do que estava ocorendo. Este senhor berna voltou a ligá da prisão.
Chama seguidamente e tem seus guardacostas junto com ele, todos vivendo lá para os lados de itagui. E, como te disse ontem, ficaram muito injuriados comigo, pois os ouví falar desse senhor Pedro Juan Moreno que te disseram ter caido do helicóptero, por que aquí se manteve o mistério e não se sabe se o presi uribe deu a ordem, mas que ele sabia e don berna também”.

“Aqui se rouba tudo, tiram as peças sobressalentes dos aviões e helicópteros e as vendem sem importar-lhes que caia com gente dentro, pois a companhia de seguros tem tudo acertado e lhes pagam.Tenho medo de contar isto aos policiais e militares, porque eles vem aquí pelas comissões que trocam pelas peças que eles roubam de seus próprios aviões e helicópteros”.

“Aqui está o pessoal da oficina de envigado [fachada da estrutura narcoparamilitar da máfia, nota do redator], que apoderou-se do eliporto herrera ou seja os capanga de dom berna. E como estão em guerra contra o tal macaco, cuidam muito quando falam na frente dos empregados. Mas, se ouvo, como vou tapar as orelhas?”.

“Há dois dias que levaram os corpos destas garotas para enterrar na fábrica, onde tem o seu próprio cemitério à parte do da catedral. Lá é como um campo de paz, as pessoas crêem que é para orações, mas não. Lá às enterram. Já estão matando até os transportadores, porque não lhes vendem seus negócios. E este governado calado, fazendo-se de louco...Isto esta horrível.”

“Não existe trabalho por lá? Eu estive perguntando em outra paragens, mas não achei nenhum. Mas qualquer coisa melhor, eu vou que me vou. Não aguento esta tensão que está me atingindo os nervos. Eu não disse nada na casa nem ninguém sabe nada.Se puder escrevo amanhã.

Até logo.Nancy”.

Foram estas as palavras, com todos os seus erros ortográficos, parecendo uma pemonição, de uma mensagem de aproximadamente 3621 letras, que escreveu Nancy Ester Zapata Orozco, uma funcionária do aeroporto Olaya Herrera de Medellín a uma fonte vinculada à organizações de direitos humanos que pediu, por razões lógicas, sigilo sobre seu nome.

Os fatos

Em 1° de novembro de 2007 noticiou-se que o cadáver de uma mulher foi encontrado no hangar do Aeroporto Olaya Herrera de Medellín Sob o corpo da vítima havia uma placa, cujo texto dizia: “Aqui não são permitidas sapas”.

Em 28 de dezembro de 2007, o jornal El Tiempo noticiou, sobre o mesmo fato: “Por sapa”. As duas palavras, pintadas em uma cartolina, caíram junto ao corpo de Nancy Esther Zapata. Seu assassinato, segundo as autoridades, é a última manifestação de uma delinquência organizada”.

Em 3 de novembro a revista Cromos publicava uma coluna de Alberto Aguirre: “Em 1º de novembro Nancy Ester Zapata Orozco foi assassinada num hangar do aeroporto Olaya Herrera”.

A Radiosucesos RCN informava: “Está havendo um ajuste de contas da máfia, comentou o comandante da Policía Metropolitana, general Marco Antonio Pedreros, quanto ao assassinato da senhora Nancy Ester Zapata Orozco, ocorrido no Aeroporto Olaya Herrera de Medellín”.

Quem era Nancy Ester Zapata Orozco?

A revista Cromos continua: “A família afirma que Nancy Patricia 'Era uma mulher temente à Deus, que havia entregado sua vida para Cristo a 15 anos'. Era membro de uma Igreja Cristã e estava se preparando para ir, com seus filhos, aos exercícios espeirituais em La Ceja. Tinha 45 anos, quase não tinha amigos e nunca tinha sido rueira. Trabalhava fazia 20 anos numa oficina de reparos de aviões em Olaya, era cumpridora de seus deveres e se preocupava com uma dívida contraída para adquir uma casa própria para ela e sua família. Seria um disparate tratar mulher de tamanha fleuma por “garota de programa”.
Mas era mulher e foi morta: alguma culpa tinha que ter. Vejamos por outro lado, se era mulher e foi morta violentamente, não duvide: ela tinha culpa. Nela se origina a ação do assassino, não no próprio assassino”.


A “reação” das autoridades

A Radiosucesos RCN prossegue:
“O general Marco Antonio Pedreros declarou que não pode ser negado que nos aeroportos funcionam pistas clandestinas para o tráfico de drogas e fez um pedido aos administradores para que haja maior legalidade nos terminais aéreos.
A Associação Colombiana de Usuarios Aeroportuarios condenou o assassinato e exigiu da Aviação Civil, maior controle e segurança para as pessoas que trabalham no terminal aéreo.
Ainda que as autoridades judiciais e a polícia tenaham guardado silêncio sobre o crime que se registrou em 1º de novembro passado, ele alarmou os empregados e usuários do aeroporto que tem se tornado inseguro devido a numerosos assaltos e tentativas de incêndio de hangares. As diretivas do terminal aéreo exigiram uma investigação rápida e eficaz para encontrar os responsáveis pelo homicídio da funcionária Nancy Zapata”.

Por sua vez, o El Tiempo de 28 de dezembro disse:
“São ajustes de contas de movimentos mafiosos, por perda de embarques de drogas e outras circunstâncias', afirma o general Marco Antonio Pedreros, comandante da Polícia do Valle de Aburrá. Segundo o oficial, parte das 210 naves que oferecem vôos privados são dedicadas à negócios ilegais.”

Não obstante, fica claro que Zapata não fazia parte desta engrenagem criminal.'Pelo contrário: aparece como vítima', disse um jornal local.

Ela tinha 45 anos e administrava uma oficina de reparos de aviões no hangar 70, onde mataram-na em 1º de novembro. Lhe acertaram a cabeça com uma arma dotada de silenciador, afirmam os investigadores.

Embora sua família sustente que o fizeram para roubar-lhe 15 milhõs de pesos, o aviso deixado na cena do crime evidencia que a intenção era catigá-la por algo que denunciou”.

O colunista do Cromos é duríssimo com as autoridade policiais, devido a total falta de uma investigação sobre o assassinato. “ Se haviam feito sequer um princípio de investigação? Nadica de nada; nem um cisco. Para que? Não vês que a morta era uma mulher? Se é mulher e aparece morta, a culpa é sua. Dela; não do assassino. E se acomoda o narcotráfico, porque neste lugar – el Olaya – reina o narcotráfico”.

Sapo, ou sapa, é a pessoa que delata. Se foi colocada uma placa na mulher assassinada era por que havia delatado algo ou alguém e pretendia-se advertir à terceiros o que aconteceria se fizessem o mesmo.

A causa seria a mensagem que ela enviou à fonte que a mim fê-la chegar? Não é estranho que as autoridades na Colômbia, e mais ainda en Medellin, se esquivem de sua responsabilidade de investigar, quando não lhes interessa fazê-lo. “Ajuste de contas” é um termo muito apropriado para justifivar os crimes em Medellín e não investigá-los. É bastante claro que cobraram caro à Nancy Ester por ter denunciado algo.

Pedro Juan Moreno Villa

Em 24 de fevereiro de 2006, a revista Semana noticiava: “Pedro Juan Moreno foi um dos homens mais controvertidos da era Uribe. Primeiro como seu mais próximo amigo e confidente e, ao final, como o mais decepcionado dos amigos. A partir da dirção de sua revista La Otra verdad, Pedro Juan Moreno, se fez famoso por suas denuncias contra personagens poderosos da vida pública nacional e que levaram à queda do general Leonardo Gallego, comandante da Polícia de Medellín. Moreno também amargou os dias, no Palacio de Nariño, de Fabio Echeverri Correa, talvés o mais poderoso dos assessores de Álvaro Uribe, e o protagonista por trás dos múltiplos conflitos e pressões que sofreu a ex-ministra de Defesa Martha Lucía Ramírez”.

E segue: “Porém, poucos conheciam a outra face de Pedro Juan Moreno. Além de engenheiro e industrial, foi um homem de negócios de sucesso e herdeiro de uma grande fortuna familiar, que foi crescendo com a aquisição de terras e com seus negócios em vários setores: têxteis, artes gráficas, confecção, construção e uma comercializadora de insumos químicos chamada GMP”.

É importante recordar os fatos: Que a DEA reteve insumos químicos à GMP e que daí surgiu a longa e viceral peleja entre o general Leonardo Gallego y Pedro Juan Moreno. (Leia os detalhes em: http://www.narconews.com/gmpdocumento1.html).

E Uribe?

Numa entrevista concedida em 10 de abril à W radio, o presidente Uribe se refere a Pedro Juan Moreno assim: “Eu o estimei, lhe tive muito carinho, ele se distanciou do Governo, foi mais duro com o Governo, mas procurei nunca lhe responder e tenho minha consciência tranquila de que, por muitos anos, a única voz que defendia a Pedro Juan Moreno quando para ele se voltavam as atenções, foi a minha. Já no dia em que Pedro Juan começou a converter-se no grande acusador do Governo Nacional, já neste dia para alguns setores dos meios de imprensa nacionais, ele deixou de ser vilão e passou a ser heroi”.

Sobre o dia do acidente, a mesma revista Semana informa: “Contudo, as 6:32 da manhâ, o helicóptero BELL 2006 B da empresa Helicargo estaria partindo do aeroporto Olaya Herrera, com destino ao município de Apartadó. As 7:14, entre Dabeiba y Mutatá, o helicóptero perdeu contato com a torre de controle. Após várias horas de sobrevôo sobre as montanhas nubladas e selvagens de Dabeiba, as autoridades da Força Aérea encontraram finalmente a aeronave e o Ministério de Defesa anunciou que nenhum dos quatro tripulantes havía sobrevivido".

Essa investigação “fede”: Felipe Zuleta

Para muitas das fontes colombianas e extrangeiras consultadas, a forma como morreu Pedro Juan Moreno Villa esteve marcada por sérias interrogações. Não só pelo que representava, para a opinião pública, seu enfrentamento com o governo, se não porque poderiam existir outros interessados em silenciá-lo. Por tudo isso, merecia uma séria e profunda investigação, a qual nunca ocorreu.

“Não creio nos resultados da investigação relacionada à morte de Pedro Juan Moreno. Na Colombia há crímes impunes há 20 anos, logo torna-se suspeita a prontidão e eficácia dos investigadores para concluir que Pedro Juan Moreno morreu num acidente. Essa investigación “fede” ao que cheira tudo o que sai do palácio: Podridão. Por mais que suba, mais estrondosa será sua queda.O mal é que, com ele, cairemos os colombianos que nada temos a ver con a máfia”, sentenciou Felipe Zuleta no seu blog na quinta-feira, 21 de diciembre de 2006.

“Aqui se rouba tudo, tiram as peças sobressalentes dos aviões e helicópteros e as vendem sem importar-lhes que caia com gente dentro, pois a companhia de seguros tem tudo acertado e lhes pagam.”, escreveu Nancy Ester em sua mensagem. E ella teria com saber já que, como noticia Cromos: “trabalhava fazia 20 anos numa oficina de reparos de aviões em Olay”.

O silêncio da Aerocivil

Quando consultei várias fontes em Medellín, especializadas em assuntos aeroviários, me disseram que a onda de acidentes aéreos que atravessava a cidade era recorde e que o mais incrível era que todos saíam do Olaya Herrera. Mas o mais preocupante era o silêncio cúmplice da Aerocivil e das demais autoridades. “Desde que Sergio Fajardo tornou-se o governador, tudo aqui tem que ser ocultado porque afeta a imagem dele e da cidade”, afirmaram.

Outro aspecto interessante de tudo isto é que Pedro Juan Moreno tornou-se não só inimigo do governo de Uribe, como também dos militares e policiais. Os quais também tinham, segundo Nancy Ester, negocios escusos: “Tenho medo de contar isto aos policiais e militares, porque eles vem aquí pelas comissões que trocam pelas peças que eles roubam de seus próprios aviões e helicópteros”.

A reportagem da Radiosucesos é clara: “Ainda que as autoridades judiciais e a policía tenham guardado silêncio sobre o crime que se registrou em 1º de novembro passado, ele alarmou os empregados e usuários do aeroporto que tem se tornado inseguro devido a numerosos assaltos e tentativas de incêndio de hangares”.

Isto quer dizer que no Olaya Herrera vem se passando cossas há muito tempo mas as autoridades fizera vista grossa e deixaram os funcionários e usuários à mercê dos criminosos. A não ser que as mesmas autoridades de policía e militares estejam envolvidos no crime de Nancy Ester Zapata Orozco.

O que sabe Uribe?

“Não se sabe se o presi uribe deu a ordem, mas que ele sabia e don berna também”

A mulher assassinada se refería ao presidente Álvaro Uribe? No é claro ese punto. Mas o é enquanto a identificar “don Berna” e que ele, e a quem ela chama de “o presi Uribe”, sabiam sobre o helicóptero de Pedro Juan Moreno Villla e haviam mantido um segredo de como ele caíra, E outra coisa bastante grave: “Don Berna” ou “Adolfo Paz”, como é chamado o narcotraficante Diego Fernando Murillo Bejarano, segue atuando no crime a partir da prisão de Itagüí, exportando cocaína para os Estados Unidos e controlando o Aeroporto Olaya Herrera, pois como informa a revista Semana em 16 de julho de 2007:

“Através da subordinação de grupos e gangues de bairros o pagamento por serviços à delinquência organizada e a conformação de grupos contrainsurgentes, todo coordenado pela chamada “Oficina de Envigado”, codinome “don Berna” consolidou seu projeto paramilitar para lutar contra as milicias da subversão e todo aquele que “tender” para esquerda, assim como atacar toda institução, fundação ou organização que tentar opor-se a seu “projeto” militar, social e político e investigá-lo como narcotraficante, razão pela qual o governo dos Estados Unidos está solicitando sua extradição”.

O El Espectador em 4 de agosto de 2007 afirma: “Ainda que a chamada Oficina de Envigado de Diego Fernando Murillo, vulgo Don Berna, supostamente tenha sido desmontada desde o momento em que o chefe paramilitar se desmobilizou, em Medellín e sua área metropolitana é público e notório que persistem as famosas cobranças por parte desta organização, que sua estrutura permanece intacta, no que pese algunas capturas, e que o tráfico de drogas é o motor de sua atividade terrorista. Ademais, que o silêncio frente a suas atividades ilícitas é a constante se quer-se sobreviver por ali”.

Nancy Ester foi mais contundente: “Aqui está o pessoal da oficina de envigado, que apoderou-se do eliporto herrera ou seja os capanga de dom berna. E como estão em guerra contra o tal macaco, cuidam muito quando falam na frente dos empregados."

É líquido e certo que “Don Berna” está em guerra com “Macaco” e que por isso os separaram por um tempo: um foi mandado para o cárcere de Cómbita e o outro para um barco da Marinha de guerra colombiana. Mas logo “Don Berna” foi, de forma esranha, transladado a Itagüí.

É também muito claro que os narcoparamilitares não estão num verdadeiro lugar de reclusão, pois vivem com seus guardacostas dentro da prisão e saem para a rua sem nenhum problema. Há alguns meses atrás, Ernesto Báez foi visto na rua Junín, no centro de Medellín, na oficina de Ernesto Garcés Soto - transportador e cafeicultor indicado por uma fonte como não alheio aos grupos paramilitares - quando deveria estar na prisão de La Ceja. Isso foi encoberto imediatamente por ordem do prefeito Sergio Fajardo e arrumando a desculpa de que visitava o doutor (sim, estava visitando ao doutor Garcés Soto).

Uribe está com seus dias contados?

Uma das fontes internacionais, ampliamente conhecedora do problema das drogas, afirmou:

“Enquanto George Bush for presidente dos Estados Unidos, “Don Berna” e “Macaco” ficarão na Colombia. Por razões geopolíticas, como combater às FARC, conter Chávez, impedir as mudanças no Equador, Bolivia, Argentina e bloquear o Banco del Sur, Uribe é útil no poder e não lhe incomodarão. Mas quando o governo mudar para os democratas, sua extradição será realizada em questão de horas, e neste dia o mundo saberá quem é Uribe, porque estes delinquentes cantarão como rouxinóis".

Então você crê que Uribe não os extradita por medo de que falem?, perguntei-lhe.

“É óbvio que sim. Uribe ficará no poder por mais um mandato. Zelará por sua segurança e pela de seus amigos. Mas, o governo dos Estados Unidos sabe tudo, mais do que vocês sabem, sobre o presidente Uribe; como sabía de Noriega, de Saddam Hussain e de Pinochet. Quando ele não for mais útil ao gobierno dos Estados Unidos, lhe atacarão sem compaixão. Uribe não é bem visto pelos democratas. Al Gore o demonstrou muito claramente”.

Você crê que Uribe pode estar envolvido na morte de seu amigo Pedro Juan Moreno Villa ou que sabia que ela iria ocorrer?

“Isso não cabe a mim dizer; isso cabe às autoridades colombianas investigar. Mas pelo que tenho lido e perguntado, a investigação foi insuficiente. Havia interesse em sair rápido desse assunto. Não houve nem sequer um informe da “caixa preta”. Os helicópteros, assim como os aviões, também tem “caixa preta”. Agora com o disse a jovem assassinada, tudo isto soa muito estranho. Por desencargo de consciência, seria bom que o presidente Uribe desse oportunidade a uma comissão de investigação independente”.

Mas, segundo você, se “Don Berna” for extraditado, saber-se-á?

“Isso e muito mais. Pedro Juan Moreno Villa sabia muito sobre o passado do presidente Uribe. Eram amigos. Trabalharam juntos no Governo de Antioquia. Na época em que o general Leonardo Gallego era comandante anti-narcóticos, ele confiscou uns insumos para narcóticos de Moreno Villa, que guardou essa vingança contra o general. Quando o general Gallego era Comandante da Policía Metropolitana, o presidente Uribe lhe serviu numa bandeja de prata a Moreno Villa para que se vingasse.”

E como fez isso?

“Deixou que Moreno Villa o atacasse para que lhe destituissem. Normalmente, deveriam promovê-lo ou transferí-lo. Mas não. O deixaron à mercê de Moreno Villa e este se vingou desta forma. Mais tarde, Moreno Villa se afastou do presidente Uribe e adquiriu um periódico chamado “LA OTRA VERDAD” onde contava muitas coisas que incomodavam Uribe e os narcotraficantes. Quando Pedro Juan Moreno Villa morreu no “acidente”, supostamente não encontraram o helicóptero. Quando acharam-o, disseram que não encontravam o corpo. Não deixaram ninguém investigar nem se aproximar de nada.

Se depois, foi uma investigacão arranjada, como foi o que todo o mundo pensou, era porque haviam silenciado a Pedro Juan Moreno Villa?

“Com esta carta da jovem, se confirmou. Igual ocorreu com o comandante do Bloco Metro das Autodefesas, aliás “Duplo Zero” ou “Rodrigo Franco”. Que sempre pedia ao presidente Uribe que lhe explicasse por que o perseguia e permitia o ingresso dos narcotraficantes nos grupos paramilitares. Duplo Zero estava se aproximando da DEA, por isso o mataram depois de localizarem-no triangulando um correio eletrônico e uma chamada que realizou. Tudo foi feito a partir da “Oficina de Envigado”. Uribe, Don Berna e os demais narcos tinham uma forma de legalizá-los e eles o apoiavam na campanha. Por isso se deu o pulo de “Duplo Zero” e por isso o mataram. Também, ocorreu uma matança de dois lugares tenentes dos narcos em La Ceja, porque eles estavam esperando que os extraditassem para continuarem com o negócio."

– Isto é certeza. Referia-se a “Duplo Zero”, uma reportagem publicada pelo Diario El Mundo da Espanha, 31 de março de 2003, que disse: “Para ele, os chamados paramilitares se transformaram nos lacaios dos chefes mafiosos e a guerra que travam já não é para acabar com a guerrilha, mas sim para acumular dinheiro protegendo as plantações e os laboratórios de coca de seus novos amos”.

Ex-agente de segurança do Estado

Sobre a tecnologia da Oficina de Envigado e a vendetta, disse o El Espectador em 4 de agosto de 2007:

“O testemunho contou para este semanário que Rogelio (ex-agente dos organismos de segurança do Estado, agora chefe do narco-paramilitarismo em Medellín) tem se infiltrado tanto nos organismos de segurança, que até tem “uma oficina técnica parecida com as do DAS para triangular chamadas”. Assim localizou Daniel, então seu sócio, em Copacabana (Antioquia) e o conduziu para um fazenda de propriedade da Oficina, situada no caminho da antiga cadeia de La Catedral (célebre por ser o centro de reclusão que lapidou Pablo Escobar), onde acabou com a sua vida”.

“Como em seus inicios, nos anos 80, quando funcionou sub a égide assassina de Pablo Escobar, esta organização mantém seu modus operandi e inspira o mesmo temor de antigamente, com uma exceção: seus principais líderes se renovaram após os assassinatos de seus antecesores, como costuma ocorrer no mundo da máfia. (...) Murillo Bejarano continuava manejando os fios dessa tenebrosa estrutura paramilitar. Esta denuncia está sendo investigada minuciosamente pela promotoria e pela Polícia. Quando comprovar-se sua participacão na morte de Danielito e em quase duas dezenas de assassinatos ocorridos en Medellín e sua área metropolitana no decorrer deste ano, Don Berna poderia perder os beneficios da Lei de Justiça e Paz", afirma o El Espectador de 4 de agosto.

Mas, segundo você, se extraditan “Don Berna” y “Macaco”, saber-se-á de tudo isto?

“Isso e muito mais. “Don Berna”, como as coisas estão lá na Colombia e em Medellín, é mais poderoso que Pablo Escobar. “Macaco” vem a seguir, nas outras regiões. Não há guerrilha em Medellín e não podem jogar-lhe a água suja nela. Por isso se inventou a estória das “quadrilhas emergentes” que são os próprios paramilitares.

Mulheres assassinadas e enterradas na "La Catedral", antiga cadeia de luxo do Chefe do Cartel de Medellín, Pablo Escobar.

Sob a fachada de um centro de oração funciona o mais tenebroso cemitério clandestino de todo o mundo: “La Catedral”. Num sitio da AFP em 25 julho de 2007 se lê:

“BOGOTÁ (AFP) - A antiga penitenciária de Envigado, de onde fugiu em 1992 o chefão colombiano Pablo Escobar, foi entregue em regime de comodato à comunidade dos monges beneditinos que se propõem a utilizá-la como mosteiro e centro de peregrinação, informaram nesta sexta-feira autoridades locais. O sacerdote beneditino Gabriel de Jesús Jaramillo, solicitou a concessão dos terrenos da cadeia que foi abandonada, a qual, nos tempos de Escobar, foi batizada irónicamente como 'La Catedral'.

Jaramillo disse que seu propósito é "mudar o estigma que tem Envigado como um centro do narcotráfico e da violencia, transformando-a em centro de peregrinação e oração".

Funcionarios do municipio de Envigado disseram que a penitenciária será entregue à comunidade de monges, depois do fracasso de vários projetos para convertê-la em centro turístico e um parque natural.

O sacerdote Jaramillo assinalou que erguerá no lugar uma capela em honra da Virgen dos Aflítos, uma invocação de María que surgiu na Alemanha e que é muito popular noutros países de América Latina, particularmente no Brasil”.

Outro Sitio da ACI diz:

“BOGOTÁ, 16 Jul. 07 / 04:23 am (ACI).- A antiga penitenciária do municipio de Envigado, vizinha da cidade colombiana de Medellín, de onde o narcotraficante colombiano Pablo Escobar fugiu em 1992, brevemente se transformará num mosteiro e centro de peregrinação benedictinos, informaram as autoridades locais”.

Disse a mensagem de Nancy Ester:

“A dois dias que levaram os corpos destas garotas para enterrar na fábrica, onde tem o seu próprio cemitério à parte do da catedral. Lá é como um campo de paz, as pessoas crêem que é para orações, mas não. Lá às enterram. Já estão matando até os transportadores, porque não lhes vendem seus negócios. E este governado calado, fazendo-se de louco...Isto esta horrível.”

Várias informações sobre Medellín indicam que a situação está pior do que grave. Os assaltos de rua, os assassinatos de cidadãos indefesos, estupros, tiroteios, etc., são parte do dia à dia dos cidadãos. Já na promotoria se propõe às pessoas que não denunciem porque nada se pode fazer. Mas tudo cai sob um manto de silêncio por ordem do prefeito Sergio Fajardo. Parece que o prefeito de plantão não olha sua cidade por estar se olhando ao espelho e tem deixado seu povo a mercê de “La Oficina” de “Don Berna”.

Segundo as fontes consultadas, no centro atacadista de Itagüí-Medellín, existe um homem a quem apelidara “O Rei da Cebolinha”. Este homem manda assassinar os camponeses que não vendem para ele e vão a vender nos armazéns Exito. Os incêndios nos bares destes armazens, estão ligados a este homem como elo de “La Oficina”. O dos transportadores também foi confirmado. Inclusive, eles pedem que o governo central envie um grupo de investigadores independentes do prefeito Fajardo.

Os crimes cometidos pelos narco-paramilitares são crimes de lesa-humanidade que não tem perdão nem esquecimento. Os relatos macabros são muios. Como esse de que queimam suas vítimas em olarias de Altavista y Guayabal en Medellín, de esquartejamentos e enterros na “La Catedral”.

A seguir o informe de El Espectador de 4 agosto:

“Assim localizou Daniel, então seu sócio, em Copacabana (Antioquia) e o conduziu para um fazenda de propriedade da Oficina, situada no caminho da antiga cadeia de La Catedral (célebre por ser o centro de reclusão que lapidou Pablo Escobar), onde acabou com a sua vida”. Este lugar, já identificado pelas autoridades, é o centro de torturas da organização. 'Lá existe um forno enfeitiçado. Então, logo que a pessoa é esquarejada, a enfiam numas caixas de 50 galões onde caben duas pessoas, mas antes fazem um colchão com pedaços de mantas. Em cima vão os corpos picados junto com uma camada de cola de sapateiro. Tocam fogo em tudo isso e fica ardendo por dois días sem que sobre nada. Logo tiram as cinzas e as jogam estrada a fora', narrou com extrema frieza a testemunha. 'Assim mataram Danielito'.”

Pelos fatos e datas e pela mensagem de Nancy Ester, o comodato é a fachada para ocultar os corpos enterrados das centenas de vítimas que podem estar ali.

Por isso, a situação pessoal em que se encontrava Nancy Ester lhe parecía insuportável:

“Não existe trabalho por lá? Eu estive perguntando em outra paragens, mas não achei nenhum. Mas qualquer coisa melhor, eu vou que me vou. Não aguento esta tensão que está me atingindo os nervos. Eu não disse nada na casa nem ninguém sabe nada.
Se puder escrevo amanã.
Até logoNancy".

Por que não pediu a ajuda da Polícia?

“Uma pergunta que me foi feita a este respeito: E se a mulher tivesse pedido ajuda à polícia e tivesse sido a mesma polícia que à denunciou para “La Oficina”?

Foi por esta sua última mensagem que a mataram? Porque ela disse que policiais e militares iam ali para “cobrar comissão” por “peças”. Com a tecnología que manejam decifraram sua mensagem?

Não seria esse o motivo para que ninguém investigasse a fundo seu assassinato e as mesmas autoridades teriam utilizado seu conhecido “ajuste de contas”?

Segundo a página Judicial do El Espectador, este segundo chefe da Oficina de Envigado “mantém as autoridades em alerta pelo alcance de seus tentáculos sobre membros da Polícia e da promotoria”.

Além de que Rogelio é um homem que conhece o mundo policial, em Medellín florecem os rumores de que Rogelio tem sob suas ordens certa quantidade de policiais. Conta o ex-membro da Oficina de Envigado:

“Cada patrulheiro ganha $2 milhões por mês, o qual passam fazendo requizições em cada esquina, mas não para proteger às pessoas, senão aos ‘paras’”, lembrando tambén que a misma promotoria está infiltrada pela organização mafiosa. Com razão, Nancy Zapata não se atrevía a entrar em contato com autoridades de nenhum tipo para denunciar a corrupção, os roubos e os assassinatos.

Onde Uribe era prefeito

Medellín é a cidade onde Álvaro Uribe Vélez iniciou , na qualidade de prefeito e posteriormente de governador, sua política da “Segurança Democrática”. O que existe hoje, dezembro de 2007, é uma cidade onde reina o terror e o temor em consequencia de que aqui se construiu uma estrutura de Estado mafiosa.

Soa também como ironia da vida, que dentro da mesma mafia se assassinam e se chantajeiam com o passado como arma. Por estes dias revelou-se novamente que o helicóptero do pai de Álvaro Uribe, que foi confiscado no gigantesco complexo cocalero chamado Tranquilandia, comandado por um dos chefes do Cartel de Medellín, Rodríguez Gacha, aliás ‘El Mejicano’, não tinha os papeis de multa do dono, como o atual presidente da República tem sustentado. Agora a “mudança de dono” se reduziu a um simples aviso pago na revista Cromos de 1984.

O então ministro da Justiça, Rodrigo Lara, expressou-se com preocupação pelo confisco deste famoso helicóptero, com as palavras de que esse helicóptero seria sua morte, a qual se confirmou pouco tempo depois quando o ministro foi metralhado com seus três guarda-costas.

Do aeroporto Olaya Herrera também partiu num helicóptero o ex-amigo de Álvaro Uribe, Pedro Juan Moreno Villa, que depois se acidentou. As investigações deste acidente tão pouco foram feitas em profundidade.

Nancy Zapata, uma crente e humilde mulher foi assassinada e parece que sabia que a morte estava próxima. Quiçá, após uma exaustiva investigação sobre sua morte, se poderia encontrar as respostas de muitos outros casos não esclarecidos em torno de Álvaro Uribe.

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*Jornalista Sueco correspondente para a America Latina.

Texto original: http://www.anncol.nu/index.php?option=com_content&task=view&id=129&Itemid=2