Popayán: 4 anos de atropelos
Durante quatro anos o Governador do Cauca Juan José Chaux Mosquera aplicou de maneira ultrajante as políticas de privatização e repressão características do Governo de Álvaro Uribe Vélez. Como prêmio para sua atuação violenta, Bogotá o nomeou embaixador na Europa.
Nos primeiros dias do mês de janeiro Juan José Chaux Mosquera, ex-governador do departamento de Cauca, tomou posse de seu cargo como Embaixador dos Países Baixos. Ele assumiu o cargo após a renúncia de Carlos Medellín, em dezembro de 2007. O motivo dessa rápida decisão não é outro senão o eterno compromisso que o ex-governador caucano demonstrou com a Política de Segurança Democrática e em geral com todas as políticas do Presidente Álvaro Uribe Vélez.
Mas, o que fez Juan José Chaux no Cauca para agradar tanto ao Presidente da República?
A primeira coisa que devemos ressaltar sobre o período de Chaux como Governador do Cauca é que a presença de grupos paramilitares, como “os rastroios” e “águias negras”, aumentaram consideravelmente, alcançando a sua consolidação em zonas onde tinham presença. E com eles incrementou o número de pessoas expulsas e deslocadas, em sua maioria estudantes, camponeses e cidadãos; além das constantes ameaças aos diversos setores da oposição.
Durante esse período foram liquidadas a Divisão Departamental de saúde, (deixando sem emprego centenas de pessoas e sem acesso à saúde milhares de habitantes do Departamento) e Centrais elétricas do Cauca (o qual se encontra em processo de venda à entidades privadas); e na lista de liquidação está a Indústria de Licores do Cauca. Como se isso fosse pouco, a Água do Maciço Colombiano foi concedida à engarrafadora de água Cristal. Por outro lado, as mobilizações e expressões de protesto próprias de nosso povo contra as políticas departamentais e nacionais foram reprimidas violentamente por Chaux Mosquera com o Esquadrão Móvel Anti-distúrbios (ESMAD) e as Forças Militares. Estas declarações apresentadas à um diário de circulação local no início de sua campanha pelo governo, já davam conta de seu pensamento guerreirista “Um estado que perde o monopólio das armas é um Estado em crise”. Assim que as recuperações de terra chamadas “Pela Liberação da Mãe Terra” levadas à cabo pelos indígenas caucanos em diferentes zonas do departamento, em outubro de 2005, abril de 2006 e novembro de 2007 foram perseguidas com as violentas ações da força pública.
Nestes acontecimentos as balas oficiais assassinaram Belisario Camayo Güetoto em outubro de 2005, um jovem indígena do Reserva de Caldono, e em Dezembro de 2007 ao jovem de 22 anos de idade Lorenzo Largo Dagua, guarda indígena da reserva de Tacuevó. Os responsáveis dessas mortes se encontram na total impunidade. Em maio de 2006 os departamentos do Cauca, Valle e Nariño se mobilizaram em diferentes zonas como Popayán, El Bordo, Rosas, Santander (Cauca), Remolinos, Tumaco (Nariño) entre outros; contra a Reeleição, o Tratado de Livre Comércio, a Política de Segurança Democrática, pelo direito à vida, à educação e à saúde.
A resposta não podia ser outra senão a brutal arremetida da Força Pública nas diferentes populações mobilizadas por quase 2 semanas. As conseqüências; mais de uma centena de feridos, 1 morto ,Pedro Maurício Poscué, cidadão indígena de Corinto, 10 desaparecidos e muitos outros ameaçados e expulsos posteriormente de seus territórios.
O setor estudantil também sofreu o brutal assalto da força pública, no dia 31 de maio de 2007, quando 16 estudantes da Universidade do Cauca que se encontravam em ocupação Pacífica no Claustro de Santo Domingo, dentro do programa da Assembléia geral permanente estudantil, foram violentamente desalojados, por ordem direta do Presidente da República, com a aprovação de Chaux Mosquera, e com o silêncio da Administração Universitária, violando todas as normas e sobretudo pisoteando a Autonomia Universitária.
A última notícia de Chaux
Como todo o país sabe, o ex-chefe paramilitar Ever Velosa, apelido H.H., confessou livremente diante da Fiscal 17 da Unidade Nacional de Justiça e Paz de Medellín, conhecer pessoalmente e haver se reunido em várias ocasiões com Juan José Chaux, o qual haveria assistido, segundo H.H. à reunião paramilitar. Velosa assegurou que homens de confiança haviam se reunido com conselheiros e aspirantes ao conselho do Município El Tambo afim de que o Grupo Calima apoiasse a candidatura de Chaux Mosquera. Ele por sua vez, admitiu haver se encontrado com os “paras” apenas por razões humanitárias ao servir de mediador para a liberação de um parente.