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Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Execuções extrajudiciais: outra mostra do Terrorismo de Estado de Uribhitler


O último relatório do Observatório de Direitos Humanos mostra que se mantém a habitual violação dos direitos humanos na Colômbia.

Por Allende La Paz, ANNCOL

No relatório do Observatório de Direitos Humanos 2007-2008 destaca-se que “De julho de 2002 a dezembro de 2007 pelo menos 13.634 pessoas perderam a vida por forças de combate devido ao conflito sociopolítico. Destas, 1.314 eram mulheres e 719, crianças. Outras 1.477 pessoas desapareceram. Além disso, nos casos em que se conhece o suposto agressor (8.049 casos), 75,4% são atribuídos ao Estado: 17,54% se disseram vítimas diretas de funcionários do governo (1.411 vítimas); e por tolerar ou apoiar atos de violência cometidos por paramilitares, 57,87% (4.658 vítimas).Os grupos guerrilheiros ficaram com supostos 24,59% dos casos (1.980 vítimas)”.

Isso tudo não aconteceu só no último ano. Vem ocorrendo desde 1964 e foi ampliado por séries de governos oligárquicos que usam como critério a violação de direitos mais eficaz para beneficiar o seu próprio governo. Um exemplo é o regime narcotraficante-paramilitar de Uribhitler, pois, seu continuísmo ano a ano, abrangendo todo o território nacional, mostra evidências claras de que a truculência obedece a orientações institucionais. Prova disso é que as mesmas unidades militares sempre estiveram comprometidas nessa criminosa e aberrante prática.

Outra mentira que o regime cuida de propagar é que esse governo não tem culpa porque 'o problema é antigo'. De fato é antigo, mas os casos de Ciudad Bolívar e Soacha são responsabilidade deste governo narcotraficante-paramilitar. Que não inventem agora que não sabiam nada porque essa prática foi exigida pelo inquilino da Casa de Nari aos militares e policiais.

Ao mencionar o exército nacional, o Relatório diz que "é a instituição predominantemente apontada como responsável nas denúncias sobre execuções extrajudiciais" com 93,7% dos casos, seguida pela polícia com 5,1% dos casos.

Ressalta o Relatório, ainda, que "Os atos de execução extrajudicial ocorridos em certas regiões do país refletem de forma evidente a suposta responsabilidade das Divisões Militares com presença ativa nas ditas jurisdições. Assim, a enorme dimensão das atrocidades cometidas nas regiões de Catatumbo e Arauca evidencia que mais de um quarto das execuções extrajudiciais registradas ficam na Segunda Divisão do Exército. A prática de execuções extrajudiciais em Cauca e Nariño, e, mais recentemente, as denunciadas no Eixo Cafeeiro, refletem-se na elevada porcentagem destas violações atribuídas à Terceira Divisão do Exército Nacional.
Da mesma forma, um alto número de execuções extrajudiciais em Antioquia, em que está envolvida, particularmente, a Quarta Brigada, e as ocorridas na região de Urabá, acabam atingindo a imagem da Sétima Divisão do Exercito Nacional".

Não é possível que o regime narcotraficante-paramilitar de Uribhitler diga agora que eles 'não sabiam de nada', pois as denúncias das ONGs de direitos humanos apontaram de forma clara as violações e seus responsáveis nos repetidos relatórios que a cada ano publicavam - e ainda publicam. Antes, o regime narcotraficante-paramilitar de Uribhitler respondia, por meio do vice-presidente Francisco Santos, que eram 'calúnias das ONGs'. E, como se não bastasse o mesmo Uribhitler lançou várias vezes suas bravatas contra as ONGS de defesa dos direitos humanos e as transformou em 'alvo de batalha' ao acusá-las de ser 'auxiliadoras da guerrilha'.

O Relatório do Observatório assinala isso: "Os registros sobre execuções extrajudiciais nesse período evidenciam que algumas unidades militares se mantêm ao longo do tempo como as maiores responsáveis pelas denúncias de execuções. Isso não deixa de ser preocupante, pois não só evidencia que as medidas preventivas e de controle não estão sendo tomadas ou não foram suficientemente eficazes. Nos casos registrados pelas organizações da CCEEU foi possível identificar a unidade militar implicada nas supostas execuções em 57,8% dos casos (com 309 vítimas) e não foi possível estabelecer essa conexão em 41,2% dos casos (226 casos).

Nos 18 meses compreendidos neste relatório as unidades militares com maior número de registros de execuções, nos casos em que foi possível identificar a unidade militar envolvida, foram, por ordem: a Brigada Móvel Nº 15, já amplamente denunciada por sua suposta responsabilidade nos lamentáveis incidentes nos arredores da Zona de Ocaña. Durante 2007 e 2008 esta unidade militar foi reportada como a mais envolvida nos graves atentados contra o direito à vida (com 45 vítimas, correspondente a 14,6% dos casos em nível nacional).

Seguindo essa ordem, temos a Nona Brigada (32 casos, 10,3%), a Décima Sexta (18 casos, 5,8%), a Oitava (18 casos, 5,83%), a Vigésima Nona (17 casos, 5.5%), a Quarta (16 casos, 5,2%), a Décima Quarta (14 casos, 4,53%), a Brigada Móvel Nº 5 e a Terceira (com 13 casos e 4,2% cada uma), além da Décima Oitava e da Brigada Móvel Nº 12 (com 12 casos cada uma e 3,8% dos casos em nível nacional).

Comparando a situação com 2006, 2007 e 2008, constata-se que as Brigadas Móveis Nº 15, Nona, Quarta, Décima e Sexta ocupam sempre os primeiros lugares nos maiores números de casos registrados de execuções extrajudiciais".

Não poderia ser mais claro. A responsabilidade das execuções extrajudiciais, além do massacres, desaparecimentos e desabrigamentos é dos dois comandantes supremos da Polícia: Álvaro Uribe Vélez e Juan Manuel Santos. São também responsáveis as cúpulas das forças militares e da polícia, e, logicamente, os executores dos crimes.

Esses crimes de Lesa-Humanidade não podem ficar impunes. O povo colombiano está fazendo o impossível para denunciar todos os crimes do Terrorismo de Estado e exigir justiça. Se ela não vem, deve ficar claro que vamos recorrer à justiça internacional e a quantas instâncias sejam necessárias. Os assassinos do povo colombiano não escaparão ilesos e seus crimes não ficarão impunes.

O regime narcotraficante-paramilitar está demorando a prestar um favor às cúpulas das forças militares e de polícia: apresentar a sua própria renúncia e entregar-se à justiça para enfrentar os seus muitos julgamentos.


O original (em espanhol) encontra-se em Anncol.eu