Novo Capitalismo?
Federico Mayor Zaragoza, Francisco Altemir, José Saramago, Roberto Savio, Mario Soares y José Vidal
Observatório Internacional da crise
A crise financeira está de novo aqui destroçando nossas economias, golpeando nossas vidas. Na última década suas sacudidas têm sido cada vez mais freqüentes e dramáticas. Ásia Oriental, Argentina, Turquia, Brasil, Rússia, a hecatombe da Nova Economia, provam que não se trata de acidentes fortuitos de conjuntura que transcorrem na superfície da vida econômica, mas que estão inscritos no próprio coração do sistema.
Essas rupturas que têm produzido uma funesta contração da vida econômica atual, com o aumento do desemprego e a generalização da desigualdade, assinalam a quebra do capitalismo financeiro e significam a definitiva paralisia da ordem econômica mundial em que vivemos. Há pois que transformá-lo radicalmente.Na entrevista com o Presidente Bush, Durao Barroso, Presidente da Comissão Européia, tem declarado que a presente crise deve conduzir a "uma nova ordem econômica mundial", o que é aceitável, se essa nova ordem se orienta pelos princípios democráticos –que nunca deveriam ter sido abandonados – da justiça, liberdade, igualdade e solidariedade.
As "leis do mercado" têm conduzido a uma situação caótica que tem requerido um "resgate" de bilhões de dólares, de tal modo que, como tem sido resumido acertadamente, "se têm privatizado os ganhos e socializado as perdas". Oferecem ajuda para os culpados pela crise e não para suas vítimas. É uma ocasião histórica única para redefinir o sistema econômico mundial em favor da Justiça Social.Não havia dinheiro para os fundos do HIV (Aids), nem da alimentação mundial… e agora resulta que em uma autêntica cachoeira financeira, sem que houvesse fundos para não acabar de se afundar aqueles que favorecendo de forma excessiva as bolhas informáticas e da construção, têm afundado a estrutura econômica mundial da "globalização".
Por isso é totalmente desacertado que o Presidente Sarkozy tenha falado de realizar todos esses esforços às custas dos contribuintes "para um novo capitalismo"!... e que o Presidente Bush, como era de se esperar dele, tenha acrescentado que se deve salvaguardar "a liberdade de mercado" (sem que desapareçam os subsídios agrícolas!)…Não. Agora nós os cidadãos que devemos ser "resgatados", favorecendo com rapidez e valentia a transição desde uma economia de guerra para outra economia de desenvolvimento global, em que essa vergonha coletiva de investimentos em armas de 3 bilhões de dólares por dia, ao mesmo tempo que morem de fome mais de 60 mil pessoas, seja superada. Uma economia de desenvolvimento que elimine a abusiva exploração dos recursos naturais que ocorre atualmente (petróleo, gás, minerais) e se apliquem normas vigiadas por umas Nações Unidas re-fundadas -que incluam o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial "para a reconstrução e o desenvolvimento" e a Organização Mundial do Comércio, que não seja um clube privado de nações, mas uma instituição da ONU- que disponham dos meios pessoais, humanos e técnicos necessários para exercer sua autoridade jurídica e ética eficazmente.
Investimentos em energias renováveis, na produção de alimentos (agricultura e aqüicultura), na obtenção e condução de água, em saúde, educação, moradia,… para que a "nova ordem econômica" seja, por fim, democrática e beneficie toda a população do planeta. O engano da globalização e da economia de mercado deve terminar! A sociedade civil já não será um espectador resignado e, se preciso, manifestará todo seu poder cidadão que hoje, com as modernas tecnologias da comunicação possui."Novo capitalismo"?. Não!
Chegou o momento da mudança a escala pública e individual. Chegou o momento da Justiça.A notícia encontra-se em Rebelión.