Acordo de La Uribe, 25 anos
ACORDO DE LA URIBE. 25 ANOS.
Carlos Lozano Guillén
Jornalista colombiano.
Em 28 de março de 1984, há 25 anos, foi assinado entre o governo de Belisario Betancour e o Secretariado do Estado Maior das FARC-EP, O ACORDO DA URIBE, mediante o qual as duas partes pactuaram um cessar do fogo a partir do dia 28 de maio desse ano.
Além disso, o Acordo incluía outros aspectos importantes como a condena do seqüestro, a extorsão e o terrorismo por parte da guerrilha; e o governo através da Comissão de Paz, se comprometeu a promover a modernização das instituições políticas, a fortalecer a democracia, empreender o caminho das reformas políticas, sociais e econômicas, entre elas a Reforma Agrária. O Acordo, também, estabeleceu as garantias para a atividade política e social democráticas dos integrantes das FARC-EP.
Foi um primeiro ensaio de negociação política com a Insurgência, visando a solução das causas que deram origem ao conflito interno, mediante as reformas necessárias para que fosse aberto o caminho para uma paz estável e duradoura. Desta forma, Belisario reconheceu o caráter político da Guerrilha e a precariedade da democracia colombiana. No entanto, as promessas contidas no Acordo da Uribe, nunca forma aprovadas e, nem sequer, apresentadas ao Congresso da República, como foi o compromisso assinado no inciso 8 do transcendental documento.
Um ano depois, com o cessar de fogo em andamento, as FARC-EP propuseram a conformação da União Patriótica como um projeto democrático de esquerda, ao qual pudesse se incorporar a força guerrilheira, no momento em que fosse assinada a paz estável, com democracia e justiça social. Essa proposta foi a maior demonstração de vontade política de paz da Guerrilha para estabelecer um pacto entre o Estado e o principal movimento insurgente.
A experiência de La Uribe foi muito importante para o povo colombiano. Hoje, está sendo quase esquecida pela classe dominante porque, ainda, significa para ela um escárnio pela sua mesquinhez e seu inocultável recurso à violência no exercício do poder. A história real tem sido falsificada e reduzida à discussão trivial da “combinação das formas de luta” dos comunistas, convertida por ela (a classe dominante) em pretexto para o extermínio criminal.
Lembremos que antes de lançar o projeto político de esquerda no qual participaram destacamentos civis não armados como o Partido Comunista, setores sociais e também setores democráticos dos partidos tradicionais, já os militaristas e a embaixada ianque sabotaram o diálogo argumentando o pretexto da narcoguerrilha e da impossibilidade dos terroristas entrarem na política. A classe dominante deixou mais evidente do que nunca sua sempiterna decisão de pretender impor a paz através da força, negando assim, qualquer avanço democrático e social. O pior é que a história se repete uma e outra vez. Vinte e cinco anos depois o país está no mesmo.