Mais uma Carta das FARC sobre a Troca
Colombianas e Colombianos pela Paz;
Senadora PIEDAD CÓRDOBA
Bogotá.
Recebam o saúdo cordial das guerrilheiras e guerrilheiros das FARC-EP.
O diálogo epistolar sobre o problema da guerra e da paz, reúne a cada dia a mais e mais colombianos, e suscita a adesão das mais variadas organizações e personalidades do mundo, sob a certeza do caráter político que reviste a confrontação.
Estamos seguros que la recente liberação unilateral de seis prisioneiros a instâncias de sua importante gestão, estimula o esforço coletivo que busca a solução ao imenso drama que vive Colômbia. Colombianas e Colombianos pela Paz está fazendo renascer a esperança de um país que sente no profundo de seu ser nacional que nosso destino histórico não pode ser la guerra civil nem tampouco o submetimento indefinido a um regime corrupto e injusto, eminentemente militarista, guardião de interesses políticos e econômicos de uma minoria oligárquica e de uma elite privilegiada, anti-democrática, excludente socialmente, surda às angustias das maiorias nacionais e insensível ante os reclamos e necessidades da gente humilde. Nas FARC-EP estamos convencidos que outra Colômbia é possível e que se podem forjar entre todos, alternativas políticas rumo à elaboração do projeto de uma sociedade nova, mais equilibrada, includentes e justa.
Gostaríamos de reiterar-lhes que estamos prontos para a Troca de prisioneiros de guerra e em disposição de não fazer do lugar de diálogo um obstáculo insuperável, privilegiando a liberdade dos prisioneiros em poder das partes enfrentadas.
Para nossos porta-vozes Pablo Catatumbo, Carlos Antonio Lozada e Fabián Ramírez reclamamos garantias efetivas, consignadas em protocolos acordados conosco, que definam condições de modo, tempo e lugar, e publicados com suficiente antecipação. É necessário que ademais do acompanhamento do CPP, também, participe uma veeduría da Comunidade Internacional.
Estas exigências não são um capricho. Vocês e todo e país presenciaram as provocações e o risco real que rodearam e quase frustraram a liberação unilateral dos quatro uniformizados, de Alan Jara e Sigifredo López que nos dispensa de referir-lhes inúmeras situações anteriores de idêntica fatura e concepção.
Na sua missiva nos pedem regressar ao tema das retenções econômicas, sobre o qual já lhes refletimos anteriormente com toda franqueza. Sucede que o governo, em aras de sua luta contra-insurgente, impulsiona uma matriz de opinião artificial e mentirosa em procura de um efeito na população, deliberadamente sujo e manipulador.
As cifras oficiais insistem, através de uma campanha permanente, que as FARC teriam em seu poder a mais de 3.800 retidos por razões econômicas. Temos consultado todas nossas estruturas político-militares espalhadas pelo território nacional e podemos informar, que à presente data, sob a responsabilidade das FARC-EP, só existem 9 (nove) retidos por conceito da Lei 002.
O militarismo a todo transe e a desinformação que distingue esse governo tem intoxicado com sua reconhecida perfídia o assunto. Recordamos que na carta anterior enumeramos o universo dos atores que na Colômbia praticam essa modalidade.
Queremos insistir-lhes na importância de manter vigente a bandeira da liberdade para os presos políticos, a maioria deles vítimas de montagens não alheios à estratégia governamental de dissuadir a quaisquer intento de projeto de alternativa e opção política, assim como também, a não deixar apagar a luta contra esses crimes oficiais e sistemáticos apresentados como "falsos positivos", as desaparições forçadas e os deslocamentos forçados que hoje estremecem à opinião mundial.
Estamos analisando as propostas da Senadora Piedad Córdoba que visam dinamizar o caminho rumo à paz com Justiça Social, e nesse marco anunciamos o compromisso de enviar, quando tenhamos condições propicias, provas de super-vivência dos 20 militares e policiais prisioneiros, a suas famílias.
Em atenção a essa mesma solicitação, os restos mortais do major Guevara serão entregados a sua mãe em data e lugar que indicaremos mais adiante, quando a situação da ordem pública o permita, à vez que elevamos a solicitação para Colombianas e Colombianos pela Paz de que exijam do governo nacional a entrega dos cadáveres dos Comandantes Raúl Reyes e Iván Ríos a suas famílias.
De vocês, atentamente:
Secretariado do Estado Maior Central, FARC-EP
Montanhas da Colômbia, março 28 de 2009