"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 20 de abril de 2009

A condenação de Fujimori

Por Juán Diego García.


A condenação de Alberto Fujimori é destacada como um feito excepcional porque rara vez um ex-presidente é acusado por crimes cometidos em nome do Estado.

Se assume, com boa doses de cinismo, que o sistema tem “tubulações” e o terrorismo de Estado se justifica sempre em nome dos grandes interesses da coletividade ou, como mal menor ou necessário, pelos quais o governante se vê impelido, ainda que "contra sua vontade" a violar a lei. Com isso todo o edifício jurídico se vê afetado e se abre a porta da impunidade às condutas mais sinistras.

Em realidade, poucos governantes podem dizer que respeitam rigorosamente a legalidade sem incorrer em esse tipo de delitos amparados pela imunidade que concede o cargo; ademais, sempre se afirmou que tais práticas eram próprias das ditaduras tropicais, do fascismo europeu ou do sistema comunista. Porém, todas as chamadas democracias burguesas consolidadas têm incorrido ou incorrem nesse tipo de crimes ou propiciam-los, para não mencionar os horrores das guerras imperialistas e o crime atroz do colonialismo. Por muitos motivos mais governantes dos que se pensa deveriam, como Fujimori, sentar-se no banco dos acusados; nesse caso, todos aqueles que dentro e fora de Perú se beneficiaram desse "pacificador eficaz" que a sangue e fogo exterminou a guerrilha de Sendero Luminoso, o movimento Tupac Amaru e, de passo a oposição sindical e social, garantindo à burguesia crioula e às transnacionais um lugar ideal para investir e saquear. Tão condenável resulta, então, apoiar o crime como cometer-lo e sempre será mais responsável quem induze ao delito que o próprio autor material do mesmo. Esse ditador não atuou pela sua conta e risco porque participaram, não só os grupos privilegiados do Perú, mas seus amigos dos governos regionais (não muito diferentes de esse) assim como as potências capitalistas, todos eles encantados de ter um agente tão eficaz em defesa de seus interesses.

¿Por que foi a parar o ditador nas grades?. Simplesmente, errou na jogada porque pensou paralisar o país com uma enorme manifestação em seu favor e sair vitorioso dessa prova. Mas, acontece que diversas forças associaram-se para neutralizar seu intento e pedir que fosse levado ante o Supremo Tribunal e condenado. Seu apoio popular era uma fantasia bem menor que o amplo setor que sofreu em carne própria a repressão e o terror oficial. Ademais, em sua contra agiu aquele setor do poder judicial que antes foi humilhado por ele quando ditador; são esses mesmos juízes que agora o condenam, carregados de razões e provas contundentes. Foi enfraquecido, mais ainda, pela traição de seus antigos aliados da velha oligarquia de Lima, branca e rascista, a mesma que, ainda, controla o poder em todas suas instâncias. Esse poder, agora, joga o Fijimori nas trevas.. ¿Onde estarão agora todos aqueles que no Ocidente democrático apoiaram-lhe alvoroçados?. ¿Se confirma aquilo de que nesses assuntos não há amigos, mas interesses ?.

Esse fascismo crioulo corre a mesma sorte que o fascismo tradicional. Nunca se julgará os grandes empresários que estão detrás de todas estas formas patológicas do capitalismo. Tal destino está reservado para esses chefezinhos grotescos que berram nas ruas, enganam as massas e organizam as campanhas de extermínio do "inimigo interno". Assim foi Fujimori, hoje levado a menos e cujo único argumento tem sido que tão criminais como ele são Alan García e demais governantes anteriores a ele, pois também assassinaram e massacraram pessoas humildes e opositores incômodos. E tem razão, só que os crimes cometidos por outros não tiram a responsabilidade dos próprios.

A comparação com o fascismo pode ser muito discutível, mas, nem tanto a semelhança da base social que sustenta esses projetos: determinados setores da pequena burguesia que crescem em torno das forças armadas e da polícia, determinados segmentos do funcionalismo, ofícios muito típicos que favorecem o trabalho duro e pouca paga, setores populares muito afetados pela ignorância e o sectarismo, novas capas de burgueses arribistas e praticantes fervorosos do utilitarismo do “todo vale” e, naturalmente, as capas descompostas imersas na delinqüência, que de forma geral, terminam convertidaa em força de choque do projeto fascista. Basta observar as forças dinâmicas da ultra direita na Europa; são as mesmas do fascismo crioulo, as hordas de apoio dos militares argentinos, Pinochet, Somoza ou qualquer dos outros ditadores tradicionais ou modernos do continente latino-americano.

Tampouco faltam quem, com sobrados motivos, vejam Álvaro Uribe Vélez como uma espécie de caricatura do ditador peruano e auguram para o pequeno caudilho de Bogotá a mesma sorte de Fujimori. E as semelhanças não faltam: por trás do governo da “segurança democrática” estão os mesmos que apoiaram com entusiasmo o “Chino”: a velha oligarquia, as transnacionais e os “governos democráticos” que se desfazem em elogios ante os êxitos na luta contra a subversão e o comunismo (agora “terrorismo”) e esfregam-se as mãos ante tão alentadores panoramas de inversão. Amanhã, calara-se-ão discretamente e aquilo que hoje é são “êxitos” converte-se-ão, então, em “crimes atrozes que não podem ser perdoados”.
¡Quão parecidos são os paramilitares colombianos com as “rondas campesinas” que semearam o terror junto às forças armadas de Perú!. ¡Quão similares os “falsos positivos” de Uribe Vélez com os assassinatos de inocentes estudantes e professores pelos quais Fujimori acaba de ser condenado a 25 anos de prisão!.

Si tais premonições se cumprem, Uribe Vélez defender-se-á alegando que ele não fez nada diferente do atuado por governos anteriores; que não fez mais que defender os interesses da velha oligarquia, abri-lhe passo às novas camadas de burgueses “emergentes” (senhores da droga e da moto-serra), limpar o país de comunistas e até de liberais convencidos do ideário humanista (¡tão incômodos!) e sobre tudo defender os interesses do grande capital internacional. E, também não carecerá de razão. Claro que, comparado com os crimes da “segurança democrática” de Uribe, o legado de sangue que deixa Fujimori parece cosa de crianças. E 25 anos de castigo para Uribe seriam poucos.